Algarve - a falta de liderança

A FALTA DE LIDERANÇA AO JANTAR

A única ponta dos segredos bem guardados e tratados no jantar no Governo Civil é uma frase atribuída ao deputado “algarvio”, João Soares, que terá afirmado que o problema do Algarve é: “falta de liderança”.

Quem lançou a público a frase, acrescentou a perplexidade dos convivas pela sua saída antes do fim do repasto, deixando no ar se as razões se prendem com o menu alimentar ou com o político.

Tratando-se de uma afirmação forte, proferida como convidado e tendo como anfitriã a representante do Governo na região, arrasadora da substância política dos comensais, todos gente que se tem em boa conta, seriam naturais às más disposições ou até indigestões.

O primeiro aspecto analítico a deter na putativa contundência, é a de que, analisado de fora, revela atenção de leitura da situação do Algarve e acertou em cheio, para desconforto das sumidades.

O contrário de não haver liderança é cada um puxar para seu lado, o que, desmontado no seu significado, representa que o Algarve foi gerido, sob todos os aspectos, por capelinhas partidárias e interesses diversos e dispersos, que desaguaram na imagem cansada que este apresenta nos mercados turísticos, como não concertou estratégias de diversificação da economia.

Os responsáveis por esta situação, logicamente, não gostaram que lhes apontassem o dedo mas, a realidade está aí, nua e cruel, para lhes avivar os neurónios.

Soares, num assomo de lógica, quis dizer que se ele foi número um pela região, a culpa é dos dirigentes regionais, o mesmo valendo para os outros partidos, cujas direcções nacionais querem corpos compactos, evitar as dissonâncias, como se o todo não fosse composta das partes.

O objectivo final desta estratégia é matar as vontades regionais e alguns dos nossos dirigentes até vêm aqui um refúgio para a sua incompetência.

Enquanto os ventos corriam de feição e as receitas turísticas não acusavam os efeitos da degradação estrutural, PIN e outras, os pastores nunca foram postos em causa pelo rebanho, nem o que lhes era vendido como desenvolvimento.

As receitas locais, o emprego e os proveitos dos jogos de poder, conviveram bem com o espezinhamento centralista que levava a parte de leão, devolvendo as migalhas do PIDDAC a troco de alguns lugares cimeiros e mordomias em instituições regionais.

Com a casa em mau estado num país delapidado, o Algarve não tem condições por si próprio de sair do encalhe e mais 2 ou 3 anos sem investimento público, fazem-nos perder ainda mais competitividade.

Os dirigentes regionais, acreditando que somos todos parolos e porque nunca lhes deram os cargos que julgavam merecer, mudam de tónica e refugiam-se na regionalização, como tábua de salvação… para eles. Não admira que muitos cidadãos do Algarve alimentem desconfianças, não na necessidade do processo, mas nas moscas.

Não sabemos se a verdade estragou de todo o jantar no Governo Civil mas, os algarvios sabem que falta comida nas mesas de quase 40.000 desempregados e famílias e que o futuro reserva-nos muitas preocupações, que estes líderes não têm capacidade de resolver.

|Luis Alexandre|
A defesa de Faro
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Comentários

Pedro Matos disse…
Caro Luís Alexandre,


Gostei!...:)

Tenho a dizer-lhe que temos uma solução para esse problema:

É "mudar as moscas.."...;)


É preciso Regionzalizar mas com gente de fora dos tradicinoais partidos e politiquices.
templario disse…
Parabéns, Caro António Felizes,

Bons artigos.

O anterior Post e este revelam que algo não vai bem na "Caverna" dos regionalistas.

D. João de Castro, o autor dos "Roteiros" (também vice-rei da Índia), que muito admiro, escreveu no "Roteiro Lisboa a Goa":

"A causa de tamanho erro vem dos pilotos e homens do mar crerem que tomam o sol na maior altura quando os seus relógios lhe falem meio-dia (...) não considerando como os relógios por onde se regem são feitos em diferentes regiões, e cada um serve à levação do Polo do lugar donde é feito, o que hoje muito conhecidamente se mostrou ao meio-dia"


"Sabido e visto", para fazer e lucrar, era o objetivo da Sabedoria do Mar na altura. E quem lucrava eram os Grandes e os donos do "Estado".

Pedro Nunes, na mesma época, no seu "Tratado da Esfera" tem este diálogo:

DISCÍPULO -
Satisfazem-me estas experiências.
MESTRE -
Pois muito mais acaba de satisfazer a razão...
DISCÍPULO -
Pois qual é a razão que convence o entendimento?
MESTRE -
É a que se forma da experiência dos instrumentos matemáticos.

Isto a propósito de os regionalistas terem um saber sobre a regionalização, visto em outros países euripeus, e não em Portugal, pelo que lhes falta a razão, a ciência, a justificação, a fundamentação, a verdade objetiva, só possível por racionalismo crítico. Mas quê... a regionalização é um negócio para alguns lucrarem...

Navegar à vista era o que faziam alguns pilotos na altura, não estudavam as artes de navegar, baseavam-se apenas no empirismo sensorial e diziam mal dos cientistas, que não sabiam o que era uma proa...; e como muitas vezes perdiam embarcações causando centenas de mortes, diziam que os ventos tinham nordesteado, etc., e ao mesmo tempo gabavam-se de terem sido eles que inventaram o astrolábio e outros instrumentos de marear... - escrevia também João de Castro.

Não sei se percebe onde quero chegar com esta pobre abordagem filosófica... sobre a regionalização e os regionalistas.

É que ela não tem pés nem cabeça para ser aplicada em Portugal, e tanto assim é, que a "ciência" dos regionalistas nem sequer se fundamenta no "sabido e visto" por cá, mas noutros territórios.

É por isso que o senhor faz muito bem em divulgar artigos como este e o penúltimo.

Cumprimentos

(O nosso Benfica finalmente foi Campeão. Ninguém vai parar o Benfica)
Anónimo disse…
Sabem quem e' este sr LA?.... Sigam-no no blog ADF evao ficar ficar surpresos!