Pêra–Rocha, um Contributo para o Desenvolvimento Regional

É de uma forma inquestionável que a Pêra–Rocha do Oeste seja um produto que coloca a região Oeste no mapa das regiões de Portugal que mais tem desenvolvido no mercado externo, que tem tido nos últimos anos o reconhecimento Comunitário, como um produto tradicional, de qualidade e que faz parte integrante do Património Cultural Português.

A Pêra–Rocha do Oeste DOP (Denominação de Origem Protegida) é uma variedade exclusivamente portuguesa, produzida na sua maioria na área Oeste de Portugal, em cerca de 10 000 hectares de produção. Para isso contribui os factores edafo-climáticos desta região, em que não obstante das inúmeras tentativas de experiência sobretudo no Brasil e Espanha, para aí produzir este especifico produto, o que foi conseguido mas com as características bem distintas, o que faz com que a Pêra-Rocha do Oeste seja única deste território.

Em média na última década, o mercado nacional consumiu cerca de 70% da produção, o restante 30% é destinado ao mercado internacional (ANP). Destes 70% as médias e grandes superfícies asseguram cerca de 65% do escoamento e a actividade industrial, sobretudo as marcas de sumos, asseguram cerca de 20% da produção.

No mercado internacional, temos o mercado Comunitário (com os países da U.E) e o mercado com terceiros (fora da U.E), em que o Reino Unido e o Brasil têm sido os principais mercados de destino, quer sobretudo pela sua regularidade e pelas quantidades de consumo. Contudo a Irlanda e o Canadá, em quantidades inferiores, são mercados que se mantêm regulares, à semelhança do que está a acontecer com a França.

Com os restantes países Comunitários, verifica-se uma relação de oportunidades, ou seja, podem constituir potencial interesse aquando das produções desses países são significativamente afectados, como é exemplo a Itália e Espanha. Nos países de Leste, sendo estes mercados objecto de cerca de 15% do produto exportado. A Rússia é um destino crescente da Pêra–Rocha (ANP).

Esta oportunidade de exportação para o mercado externo, teve início na década de 90 do século anterior, aproveitando a quebra da produção europeia em cerca de 30%. Para esta expansão consolidada tanto no mercado nacional como no internacional, contribui a fusão de empresas agrícolas para ganharem maior massa crítica e obterem economias de escala, na associação de pequenos produtores em cooperativas ou em sociedades por cotas para assim ganharem dimensão e poderem-se projectar no mercado.

Esta projecção é também criada, pela geração de valor, pelo domínio dos circuitos de mercado, pelo incentivo na publicidade e marketing, como é exemplo da promoção do inicio da década de 90 com o apreço inglês por um fruto resistente e prático que cabe numa lancheira ou no bolso de um estudante ou na bolsa de uma empregada de escritório.

Mas sobretudo pela inovação tecnológica, da constituição de câmaras de atmosfera controlada, que substituem as de frio, onde o produto é mantida sem oxigénio, podendo conservar-se durante muitos meses com as mesmas características de quando acaba de ser colhida.

Dados relativos ao último ano (2010) pela ANP (Associação Nacional de produtores da Pêra–Rocha), Portugal produziram 171 mil toneladas de Pêra–Rocha, em que 80 mil toneladas foram para o mercado internacional, em especial para o Reino Unido (27%), França (25%), Brasil (24%) e a Rússia com 5,4%.

É desta forma que este produto deve ser um exemplo a seguir por outras regiões de Portugal, para que possam reinventar os produtos tradicionais, para que estes possam expandir no mercado nacional, mas sobretudo no mercado internacional, devido e aproveitando a necessidade do país aumentar a capacidade de exportação e assim diminuir o défice da balança comercial.

Miguel Moura no Planeamento Territorial
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Comentários

Rui Farinas disse…
Se me disserem que a pera-parda é uma pera de qualidade excepçional, que infelizmente parece ter uma área de produção muito pequena, estou de acordo.Se me disserem que a pera D. Joaquina era nos tempos da minha juventude um fruto de qualidade superior, que actualmente praticamente desapareceu (e a que vai raramente aparecendo,tem um aspecto lamentável)também estou de acordo.A pera-rocha, aquela coisa dura e sem sabor que que encontra nos super mercados e que, fazendo jus ao seu nome, é intragável e que há muito desisti de comprar? Por favor...
Caro Rui Farinas,

Pessoalmente também não sou um grande apreciador da pêra-rocha, mas os n.ºs associados à sua produção e exportação mostram-nos que os sabores são, mesmo, subjectivos. Portanto, o que aqui importa relevar é o seu elevado potencial económico

Cumprimentos,
Rui Farinas disse…
Caro Almeida Felizes, reconheço que os produtores dessa pera merecem felicitações pelo seu sucesso comercial, embora continue sem entender como é possivel gostar-se de tal coisa. Na realidade o meu comentário era um queixume encriptado. Doi-me que tantas frutas deliciosas que temos aqui no Norte sejam desconhecidas fora do seu âmbito local, perdendo-se assim uma oportunidade de criar mais actividade lucrativa para os agricultores nortenhos. Honra aos agricultores de Resende, que conseguiram em poucos anos impor a sua cereja, e que olhando aos preços a que estão a ser vendidas, deve ser rentável. Oxalá este exemplo possa servir de estímulo a outros potenciais casos de sucesso. Cumprimentos.
Anónimo disse…
O que importa aqui também é a afirmação regional do Oeste através da Pera-Rocha, da Maça de Alcobaça e da produção hortícola. É também uma alavanca para o desenvolvimento e exportação agrícola para países como por exemplo o Brasil.