O especialista em comboios Manuel Tão considera que o Governo não tem qualquer estratégia em termos de transporte ferroviário e colocou Portugal ao mesmo nível do que o país tinha em 1970 e lado a lado com a Serra Leoa.
“A
evolução dos caminhos-de-ferro portugueses nos últimos 25 anos é a da perda de
passageiros. Somos o único país da Europa que acusa perda consecutiva de
passageiros: 44%. Estamos ao mesmo nível de tráfego de 1970”, diz este
professor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, num balanço do
Plano Estratégico dos Transportes (PET), anunciado há um ano.
Logo
no início do ano, a 1 de Janeiro, o Governo encerrou cerca de metade desses 622
quilómetros. Foi desactivada a linha do Corgo, a do Tâmega e a do Ramal da
Figueira da Foz (que já estavam sem funcionar e à espera de obras). A isto
somou-se o fim do serviço de passageiros na linha do Leste e na ligação
Beja-Funcheira, num total de 301,6 km.
Em
Agosto foi encerrado o Ramal de Cáceres, passando o Lusitânia Expresso – o
único comboio de passageiros que usava aquela linha – a circular pela linha da
Beira Alta.
Por
encerrar estão as linhas do Vouga (95,8 km), do Oeste entre as Caldas da Rainha
e a Figueira da Foz (55,7 km) e do Tua (54,1 km).
Manuel
Tão refere que a ligação Beja- Funcheira era “parte importante da Linha do
Alentejo” e uma ligação importante ao Porto de Sines.
“O
Governo não tem qualquer estratégia concreta para os portos. O Porto de Sines é
de uma acessibilidade global e depende de uma só linha, basta uma avaria para
que o porto deixe de ter acessibilidade ferroviária. Beja é o elo fundamental
para que haja uma segunda alternativa. Não podemos ter o Porto de Sines
dependente de apenas uma linha ferroviária”, argumenta.
Para
este especialista, “insistir em fechar linhas é deixar de ter um sistema em
rede e passar a ter esquema esquelético”, pelo que não se pode “pensar no
comboio como alternativa, quer para passageiros, quer para mercadorias”.
Manuel
Tão considera que Portugal caminha para ter apenas “restos de caminho-de-ferro
à volta das grandes cidades: Lisboa-Porto, Lisboa-Algarve, Porto-Minho e
Porto-Espanha”.
“Quando
o sistema em rede começa a definhar, a questão não é fechar a linha A ou B, mas
fechar o todo. Isso só aconteceu na América Latina e na África Subsariana, na
Europa nunca”, destaca, explicando que em qualquer outro país europeu esta
situação não existe: “Este cenário só aconteceu no Equador, na Colômbia e na
Serra Leoa. Hoje têm toda uma logística de mercadorias entregue à estrada”.
Por
isso, “perante políticas destas, Portugal afunda-se ainda mais na dependência
do petróleo”.
Para
Manuel Tão é “quase um milagre como ainda existem” caminhos-de-ferro em
Portugal: “Não temos um plano estratégico de transportes, porque não há
estratégia. Temos é um plano de extinção de transportes”.
Também
Nuno Oliveira, da Comissão Directiva da Associação de Utentes dos Comboios de
Portugal critica as medidas tomadas pelo Governo em matéria de ferrovia,
afirmando que a aposta dos sucessivos governos deveria ter sido na
modernização.
“A
ferrovia, como está, não serve as pessoas, o material é muito antigo. Os
governos deviam ter apostado na modernização. Assim vamos contra a tendência do
resto da Europa, onde o comboio é o transporte do futuro”, diz.
“Com
a subida dos preços dos combustíveis e com a subida dos preços para as
famílias, é incompreensível esta estratégia de encerrar linhas e promover o
carro”, acrescentou.
Comentários
e ao preco k esta a gasolina, a ver como as pessoas nao iam para os comboios......... mas esta CP meu deus...................... o estado n ker saber! linhas modernas, com novo tracado, novas carruagens, boas frequencias a ver como as pessoas n usavam....
Ou seja, mais centralismo a caminho. E ainda há os metros.