"Ou o Porto olha para a Região Norte ou continua a
definhar". João Serra, presidente da Fundação Cidade de Guimarães, não
está sozinho, quando fala nas consequências do fechamento da Área Metropolitana
do Porto, em geral, e da Cidade Invicta, em particular.
Mesquita Machado, presidente da Câmara de Braga, António Magalhães, presidente da Câmara de Guimarães, António Cunha, reitor da Universidade do Minho, e outras personalidades de relevo do espetro político, social e cultural da Região Norte pensam o mesmo. É um alerta que convém levar a sério.
Mesquita Machado, presidente da Câmara de Braga, António Magalhães, presidente da Câmara de Guimarães, António Cunha, reitor da Universidade do Minho, e outras personalidades de relevo do espetro político, social e cultural da Região Norte pensam o mesmo. É um alerta que convém levar a sério.
A questão pode colocar-se nos seguintes termos: a região cresce e desenvolve-se mais segura e rapidamente sustentada numa espécie de portocentrismo ou, ao invés, apostando no policentrismo, isto é, no aproveitamento feito em rede daquilo que de melhor cada uma das cidades tem para oferecer?
A resposta parece óbvia: o
policentrismo é mais adequado. Sucede que há um entrave de cariz eminentemente
político que emperra esta evidência. Falta alguém que seja capaz de enquadrar o
problema, de juntar vontades e capacidades, de, enfim, assumir uma estratégia
desenhada e concertada entre todas as partes.
Sim, a questão resolver-se-ia
mais facilmente com a regionalização, mas a falta dela não deve justificar a
ausência por muito mais tempo de um planeamento estratégico que beneficie as
partes. As comunidades intermunicipais e as associações de municípios podem ser
instrumentos úteis, mas falta-lhes, lá está, o essencial: poder político, voz
forte e capacidade para se fazerem ouvir no Terreiro do Paço.
Tomemos o exemplo das cidades
de Braga e Guimarães. O défice infraestrutural que as afetava há 20 ou 30 anos
está colmatado. A monoespecialização em áreas como o têxtil ou o calçado já
provou à saciedade as suas insuficiências. Hoje, Braga e Guimarães, sendo
espaços identitários muito fortes ("cidades autênticas", como lhes
chama apropriadamente José Mendes, vice-reitor da Universidade do Minho), são
também espaços que se posicionam para competir com o Mundo.
A pujança que a
Capital da Cultura trouxe a Guimarães permite-lhe lutar por esse objetivo. A
pujança ligada à inovação e ao empreendedorismo conquistada por Braga, de que
são exemplos máximos o Instituto Ibérico de Nanotecnologia ou o trabalho feito
pelo grupo 3B'S na área dos biomateriais, permite-lhe perseguir esse objetivo.
Não é cedo para dar um
impulso sério e determinado neste movimento congregador. É, aliás, o tempo
certo para o fazer. A estratégia de desenvolvimento regional desenhada pela
Comissão Europeia para o período 2014-2020 reclama um olhar atento para os territórios.
É uma oportunidade quiçá decisiva para a Região Norte. E ninguém fará o
trabalho por nós que aqui vivemos. Disso podemos estar certos.
@JN
Comentários
Nem sequer linha de comboio a unir as duas cidades existe. É preciso apanhar dois comboios para fazer a viagem.
Enquanto isso, no Porto, continuam a fazer prolongamentos do metro que só dá prejuizo.
O Portocentrismo existirá sempre. Está na cabeça das pessoas do Porto que o Porto é a cidade mais bonita do mundo e que tudo o que está à volta é paisagem.
Se Guimarães e Braga querem ser fortes, têm que se unir, juntamente com outras cidades do Minho para poder existir uma região Minho forte e Independente do Porto.
o porto é um centro! é a 2 maior cidade do pais! é a que tem uma AM associada com infraestruturas associadas: portos e aeroportos!
o porto vai ser sempre maior em termos de tamanho como é lisboa madrid ou sevilha em relacao a area onde estao inseridos!
querem fazer do norte uma galiza com pontevedra como capital e vigo nao é nada! façam! quero la saber que o porto n seja capital do norte! ate acho bem que seja vila real por exemplo. mas isso nao impede, tal como nao impediu na galiza, de o porto (vigo) se tornar a maior cidade do norte (galiza) com respectiva area metropolina!
ponto final!
A zona Norte precisa sem dúvida de investimento, mas é natural que o Porto, onde existe a maior percentagem de população, receba a maior parte do bolo. O importante é articular o Porto com o resto do Norte, para que a cidade não se transforme numa "Lisboa do Norte" e deixe o resto da região a chuchar no dedo.
E o Minho não está tão mal quanto isso, em Trás-os-Montes (para não falar na Beira Interior) as coisas são muito piores. Bragança quase que beneficiava mais em fazer parte de Espanha..
Ninguem quer fazer do norte a Galiza porque simplesmente o norte não tem a identidade cultural da Galiza. O norte não é região nenhuma, tão simples quanto isso. Já agora, a capital da Galiza é Santiago, Pontevedra é capital da região que tem o mesmo nome (Pontevedra).
Quanto aos seus comentários sobre Vigo, fique a saber que Vigo não centraliza em si a maioria da população da Galiza. A Galiza é equilibrada, tendo duas cidades da mesma dimensão (Vigo e Corunha) e depois outras mais pequenas.
Você considera a criação de uma região Minho (região com 1 milhão de habitantes, indentidade cultural propria manifestada nas suas festas populares, musica popular, gastronomia propria inserida claro na portuguesa, identificação das pessoas com a região) é minhocentrismo?????
Peço imensa desculpa por não considerar que o ponto cardeal Norte (40% da população do país)uma região viavel. Posso lhe dar 100 motivos para tal, mas o da identificação das pessoas com a região é suficiente.