Apesar de mais conhecido, o
moliceiro não tem o exclusivo da ria de Aveiro, porque o mercantel também lhe
faz frente - antigamente no transporte de carga (sal e areia) e de passageiros,
agora nos passeios turísticos que a Eco Ria organiza desde 1993 pelos canais da
cidade. Para seguir viagem, quer num, quer noutro, gasta 5 euros (mais 1 euro
de taxa turística) e 45 minutos de um tempo que seguramente dará por bem
empregue.
Chegam a ser uma dezena, as
embarcações ancoradas no Canal Central da ria de Aveiro. São moliceiros,
mercantéis, e também por lá se vê uma lancha com a qual a Eco Ria faz passeios
para grupos com almoço a bordo.
Com os seus painéis coloridos e
brejeiros à proa e à ré, ao moliceiro - o barco destinado à apanha do sargaço
(moliço) -, chamam-lhe o ex-líbris da ria. Foi, no entanto, num mercantel novo
mas adaptado às novas funções turísticas (construído em fibra de vidro e com as
cadeiras viradas em posição frontal) que seguimos passeio. Antigamente, o
mercantel, ou saleiro, era movido à vela, à vara e a remos, agora são só para
turista ver, e segue a motor.
A tripulação é composta por dois
marinheiros e, sempre que possível, por Catarina Diogo, que faz as honras da
casa e guia os passeios em português, espanhol, inglês e francês por quatro
canais da ria.
Já navega o mercantel. Junto ao
Rossio da cidade - noutros tempos uma marinha de sal - apreciamos as fachadas
Arte Nova. Um desses edifícios foi escolhido, precisamente, para albergar o
museu dedicado a este estilo artístico decorativo.
O Canal Central desemboca no das
Pirâmides, assinalado por duas estátuas de betão com o formato deste sólido
geométrico, e que representam uma atividade que durante séculos foi próspera em
Aveiro: a produção de sal.
A funcionarem de março a outubro,
as salinas e toda a zona mais "natural" da ria ficam do lado de lá da
eclusa que controla a subida e descida das águas da ria. Sendo esta um braço de
mar que irrompe terra adentro, também está sujeita às marés. Depois de passada
a eclusa (este passeio fica-se apenas pelos canais da cidade), estão 47
quilómetros de ria que vai de Ovar a Mira, já no distrito de Coimbra. A ligação
artificial com o mar (aberta em 1808) dá-se na Barra, a oito quilómetros.
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