RETRATO TERRITORIAL DE PORTUGAL: INTERIOR DIZIMADO

Lisboa e Porto estão a perder população

Três quintos da população portuguesa residia, em 2011, em lugares urbanos com mais de dois mil habitantes, revela o Retrato Territorial de Portugal hoje divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Mas principais cidades estão a perder população.

De acordo com o documento, a concentração de população em lugares urbanos registou um aumento de seis por cento face a 2001, com reforço populacional no litoral continental, em especial nas áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e Porto (AMP) e Algarve. Em 2011, passou a ser de 61%.

O aumento verificado segue uma tendência dos últimos 30 anos, com cinco a sete por cento de crescimento por década: em 1981, a concentração populacional em lugares urbanos era de 43 por cento, 48 por cento em 1991 e 55 por cento em 2001.

No entanto, segundo o INE, tem-se assistido a perdas populacionais nos centros urbanos de Lisboa (-2,9 por cento) e Porto (-9,7 por cento), em detrimento dos municípios circundantes que integram aquelas áreas metropolitanas e outros para além dos limites administrativos das mesmas.

No caso dos municípios contíguos à Área Metropolitana de Lisboa, registou-se, entre 2001 e 2011, um "expressivo crescimento populacional" em Arruda dos Vinhos (mais 29,4%), Benavente (24,8%) e Sobral do Monte Agraço (13,8%), enquanto quatro dos 18 municípios da AML - Lisboa, Moita (-2,1%), Amadora (-0,4%) e Barreiro (-0,3%) perderam população.

Estas perdas, alega o INE, "foram compensadas" por acréscimos verificados nos restantes municípios metropolitanos, com destaque para Mafra (mais 41,1%), Alcochete (35%), Sesimbra (31,8%), Montijo (30,8%) e Cascais (20,9%).

No mesmo período (2001 a 2011), sete dos 16 municípios da Área Metropolitana do Porto perderam população. Além do Porto (-9,7%) destacam-se com perdas populacionais "mais significativas" os concelhos de Vale de Cambra (-7,8%), Arouca (-7,7%) e Espinho (-5,7%).

Na AMP, os municípios que registaram mais acréscimos populacionais foram a Maia (12,7 %), Valongo (9,1%), Vila do Conde (6,9%) e Matosinhos (5,1%).

No Algarve, o INE destaca ainda o elevado crescimento populacional, superior a 20%, registado em igual período, nos municípios de Albufeira (29,4%), Portimão (24,1%) e Lagos (22,3%).

Já o concelho de Santa Cruz, na Madeira, registou o maior crescimento relativo do território português (44,7%), enquanto Porto Santo cresceu 22,6%.

O Instituto Nacional de Estatística adianta ainda que "continuou a verificar-se perda de população nos municípios do Interior do país", frisando que o número de concelhos que perdeu população aumentou dos 173 (entre 1991 e 2001) para os 198 -- 64% do total nacional - entre 2001 e 2011.


Segundo o INE, também aumentou o número de municípios com "decréscimos populacionais superiores a 10 por cento", localizados "maioritariamente" no interior do país.

@ Lusa

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