METRO DO PORTO ABRE NOVA FRENTE DE CRISPAÇÃO ENTRE AUTARCAS E O GOVERNO


Municípios do Grande Porto criticam dualidade de critérios no financiamento de obras em Lisboa e no Norte. 

Os municípios da Área Metropolitana do Porto querem reunir-se, o mais rapidamente possível, com o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro.

Este escreveu esta semana ao conselho metropolitano, admitindo não haver fundos comunitários para a expansão do metro do Porto, o que leva os autarcas, independentes, do PS, ou do PSD, a acusá-lo de tratar de forma discriminatória o Norte, quando se prevêem verbas europeias para investimentos no Metro de Lisboa.

(...) Desejosos de verem ser retomado um projecto que revolucionou a mobilidade na região, os presidentes de câmara ficaram desencantados com a resposta de Sérgio Monteiro.

Coube a um autarca do PSD, a descrição mais contundente. A resposta do governante aos anseios dos autarcas foi “maliciosa”, avisou o presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes. 

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Estilos à parte, parece firme a posição da AMP contra a indisponibilidade de fundos europeus para a expansão do metro. A melhoria da mobilidade, a redução do CO2 e a consequente melhoria das metas ambientais exigiriam que fossem canalizados fundos da área do ambiente para este empreendimento, assinalou Guilherme Pinto, secundado, neste argumento pelos autarcas de Gaia e de Gondomar (Marco Martins).

O presidente do conselho metropolitano, Hermínio Loureiro, do PSD, tomou boa nota e sintetizou o clima vigente como de “insatisfação”. Expressão algo branda quando se percebe que, uma das maiores fontes de irritação é a inclusão de investimentos no Metro de Lisboa nos planos para o sector.

Instados a recorrer a externalidades (taxas com operações urbanísticas em redor das linhas, por exemplo), para financiar o metro, os presidentes de câmara questionam por que têm de ser as autarquias a pagar este investimento, no Norte, quando em Lisboa as verbas saem do erário público

“Os argumentos de racionalidade económica não se podem aplicar só a esta região”, frisou Eduardo Vítor Rodrigues. Gaia espera há muito por uma segunda linha do metro, tida como das que poderia ter maior procura. E, argumentou Hermínio Loureiro, os bons resultados obtidos na exploração da rede actual podiam ser potenciados com alguns investimentos em áreas de forte procura.


"Nós não queremos um país a duas velocidades. Nem queremos que haja uma estratégia para o sistema de transportes em Lisboa e outra para o Porto. Defendemos um espírito de equidade, de igualdade de tratamento", alertou Hermínio Loureiro. 

O presidente do conselho metropolitano não quer romper o diálogo com a tutela do sector, mas pretende convencer o Governo a mudar de posição, de modo a que o próximo concessionário da Metro do Porto, que terá de começar a ser escolhido, por concurso, até ao final do ano, saiba com o que contar em termos de possível expansão da rede.

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