Centralismo versus Crise






Será que o atraso que o País vem demonstrando e a incapacidade de sair do buraco onde caiu, não estará fortemente relacionado com o Centralismo exagerado da Administração?



"As políticas sectoriais definidas pela Administração Central procuram, por imperativos de razão prática, responder a problemas-tipo ou situações médias. Uma das características da repartição espacial da população, das actividades económicas e dos fenómenos socioculturais em geral é a existência de desigualdades de um lugar a outro. Em certas Regiões haverá uma população mais idosa que noutras; as actividades de tipo turístico concentram-se em determinadas Regiões, enquanto que outras baseiam a sua prosperidade nas indústrias transformadoras. A existência de Regiões Administrativas permite adequar as características dos serviços públicos às especificidades das comunidades locais" - Mario Rui Martins

Ora o Estado para suprir a lacuna evidente que constitui a não existência de autarquias locais de 2º nível (Regiões Administrativas), tem recorrido a processos de desconcentração (Comissões de Coordenação, Direcções Regionais, etc) e ao reforço sistemático e abusivo da criação de Institutos Públicos (Administração Indirecta do Estado), que em muito tem feito subir a despesa pública corrente e consequentemente agravado o famigerado "déficit". Quer num caso quer noutro, estamos perante políticas altamente centralistas, claramente castradoras das massas críticas regionais e com sinais claros de falta de democraticidade.

Por este caminho vai ser tudo engolido pela força centrifuga exercida por Lisboa, com claro prejuízo para o desenvolvimento do País e mesmo para a qualidade de vida da Capital. Até mesmo Regiões mais ou menos pujantes social, cultural e economicamente (Porto) podem não escapar a esta fatalidade.

Comentários

Anónimo disse…
Primeiro que tudo, Lisboa é a capital do pais, quer queiram quer não.
Segundo, a regionalização foi chumbada em referendo.
Terceiro, se o pais se afunda cada vez mais é devido a obras megalómanas com o tgv e não devido ao peso da função pública no estado, a Finlandia e a Dinamarca tem administrações publicas em proporção maiores que a portuguesa, e são paises extremamente avançados.

P.S. Se a função publica está maior desde 86 é devido a muitos boys do ps e psd.

Já agora referendo á ota e ao tgv já!
Anónimo disse…
Apesar de discordar em absoluto das suas opiniões, quero agradecer-lhe o seu contributo e volte sempre.

Cumprimentos,

Antonio Felizes
Anónimo disse…
Julgo que a unica diferença de capacidades entre os finlandeses e os portugueses é o facto de sermos governados por mediocres, e os nossos empresários serem do nivel dos empresarios italianos (os da Camorra)
Se estamos como estamos pode dar-se ao facto de estarmos a ser geridos por organizações secretas como a maçonaria e a opus dei.
Caro Anónimo,

Partilho o sentido da sua opinião, ou seja quer a nossa classe política quer mesmo muito empresarios não têm tido um comportamento exemplar.

Os partidos políticos têm manifestamente um modo de operar muito centralizado e fundamentalmente muito clientelar. Este é um fenómeno que tem contribuido e muito para a situação que vivemos actualmente.

Quanto aos empresarios, estes não devem ser metidos todos no mesmo saco. Há realmente muitos que apenas procuram os lucros imediatos, sem sustentabilidade e passando por cima de todas as suas obrigações.

Cumprimentos,
Caro Arnaldo,

Se não se importa, vou um bocadinho mais longe. Assim temos:

As semelhanças:

I - A Finlãndia juntamente com o Luxemburgo são os únicos paises na Europa com uma estrutura de funcionamento da Administração parecido com o de Portugal (não têm niveis intermédios de administração).
II - O peso do sector publico na Economia na Finlãndia é semelhante ao Português.

As diferenças:

I - No Orçamento de Estado Português o peso da componente Despesas de Capital (Investimento Público - reprodutivo) são uns modestíssimos 8,5%, na Finlândia este valor é quase o triplo.

II - A componente despesas com pessoal no OE são uns insuportáveis 15% do PIB acima quase 4 pontos do valor verificado na Finlândia. - Este factor faz com que, mesmo ao nivel da despesa corrente do Estado, não existam as verbas necessárias para a prossecução das políticas sociais necessarias. É por isso, que mesmo a Despesa Corrente do Estado sendo enorme, Portugal tem na sua população, segundo os padrões europeus, mais de 23% de pobres.

Cumprimentos,
Caro Arnaldo,

Inteiramente de acordo - "toda a descentralização é boa"

Cumprimentos,
Ao primeiro comentador: o facto de Lisboa ser a Capital do País não é minimamente beliscado pela Regionalização! Vejam-se por favor os exemplos europeus. Isso é uma ideia pré-concebida e infelizmente muito difundida mas, felizmente, falsa.

Ao contrário, estou convencido de que toda animosidade (também ela pateta) contra Lisboa por parte, sobretudo, do Porto se desvaneceria com a implementação de uma saudável descentralização administrativa!

Se me permitem a simplificação: um corpo não ganha nada em ter uma grande cabeça se isso for conseguida à custa do atrofio do tronco ou dos membros, e a nossa realidade administrativa actual é, queiramos ou não, uma cabeça hipertrofiada (Estado) num corpo com membros a mais (Autarquias) mas... sem tronco!

Se me permitem a comparação
O último parágrafo é para ignorar..

E já agora, não vos choca que na Europa, tirando o caso muito particular da Finlândia, apenas o nosso Portugal e um País como o Luxemburgo (que praticamente é uma Cidade-Estado!) não possua uma administração pública a três níveis??
Anónimo disse…
Lisboa tem de se sentir lesada por prejudicar o resto do país. É tempo de agir... Eu, por exemplo, recuso-me a ir apanhar um voo a Lisboa. Vou mesmo a Vigo... este tipo de coisas é que deviamos fazer.... Boicote