Regionalização - O sentido e o gosto de Pertença

Virgilio Ardérius

Certamente uma região não pode ser apenas zona ou unidade administrativa, com determinados contornos geográficos ou mesmo económicos.

Uma região para existir de facto, tem de entrar na percepção dos que nela habitam. Pressupoe a convicção de um espaço comum partilhado, ideia vivida e protagonizada pelos que se identificam com ela e lhe conferem a razão e sentido de ser.

Exige, certamente, a existência de um campo cultural já alicerçado numa certa identidade comum ou então de um projecto de futuro suficientemente mobilizador e com garantias mínimas de sucesso. É preciso despertar nas pessoas o sentido e gosto de pertença, gerador de uma certa identidade.

São necessários agentes portadores desse ideal de regionalidade capazes de transmitir a mensagem dos valores positivos, que esta iniciativa pode trazer para o bem estar e desenvolvimento das pessoas, designadamente do interior do País. Se a regionalização não passar pelas pessoas, de forma livre e convicta, não sairá das folhas do Diário da República e das burocracias oficiais, tantas vezes asfixiantes da iniciativa privada.

É no domínio da criação de um campo cultural regional, que os meios de comunicação social, têm um papel importante a desempenhar.

A formação da identidade dos homens em relação aos seus grupos de pertença e às regiões onde vivem, é um trabalho moroso e não pode fazer-se por decreto.

Comentários

Anónimo disse…
Caro A. A. Felizes

Aprecio o espírito didáctico com que vai fazendo este blog.

Não é difícil encontrar aspirações e ideais comuns aos meus.

A regionalização (5 regiões) é uma necessidade comprometida pela falta de sentido Estado e de honestidade cívica (revelados no caso da Regionalização) de Marcelo Rebelo de Sousa.

Não se podem fazer guerrilhas partidárias à custa do reordenamento do território.
Parabéns pelo artigo. Não podia estar mais de acordo!

É preciso não confundir orgulho regionalista com bairrismo cego. E tal como nós próprios temos várias facetas na nossa personalidade, acho que também o País ganhará - no seu todo uno, mas diversificado - com o realçar dos contornos das suas várias identidades regionais...