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Adriano Pimpão
Professor Catedrático e Reitor da Universidade do Algarve
Portugal e o seu desenvolvimento são fruto de uma permanente contradição entre a conservadora perspectiva de investir mais onde há mais eleitores e o discurso de boa consciência cristã de promover igualdade de oportunidades em todas as parcelas do território nacional.
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E é neste último aspecto que eu centraria a importância do desenvolvimento local. De facto, a realidade do nosso País teve nos últimos anos uma transformação muito grande originada pelo desenvolvimento dos transportes, pela abolição de fronteiras e pelo surgimento de novos produtos regionais.
As distâncias passaram a ser medidas em horas e não em quilómetros, o interior do País ficou mais perto dos mercados europeus e as regiões começaram a descobrir novos produtos que respondem a novas preferências dos consumidores.
O desenvolvimento local deixou de ser a via para remendar situações de carência ou para viabilizar coutadas de caça ou preservar museus vivos.
Os mercados locais são novas oportunidades baseadas na paisagem, no artesanato, na gastronomia e nos seus produtos agrícolas com certificação de origem.
Trata-se de novos negócios com mercados sustentados e a partir dos quais se perspectivam crescimentos credíveis do rendimento das populações.
Esta situação permite ainda admitir que se pode estar em vias de viabilizar medidas de politica que reequilibrem o povoamento do País.
O desenvolvimento não se faz sem pessoas, mas as pessoas só ficam ou só são atraidas quando existem condições para o investimento, criação de riqueza e oportunidades de emprego.
Por isso o desenvolvimento local, o trabalho de promoção das iniciativas locais e o planeamento ao nível mais fino são formas inovadoras de transformar vastas zonas do País em novas formas de progresso económico e social.
Comentários
Há um "pensar regional" indissociável da concretização local das políticas nacionais...