O Metro do Porto - dois pesos e duas medidas.



Sabemos que apesar do Metro de Lisboa ter começado a ser construído em 1959, conta hoje com apenas quatro linhas e 44 estações num total de 36,5 quilómetros. Estes valores representam cerca de metade da actual rede do Porto feita em apenas seis anos.

Sabemos também, que de acordo com os estudos divulgados e outras notícias que vêm sendo veiculadas pela comunicação social, são enormes os prejuízos e derrapagens constantes no Metro de Lisboa.

Por tudo isto a Junta Metropolitana do Porto, enquanto accionista maioritário da empresa Metro do Porto e membro do seu Conselho de Administração, tem questionado o Governo sobre os seguintes factos concretos:

- Os investimentos efectuados e os critérios de expansão no metropolitano de Lisboa, e o sucessivo adiar da construção da 2.ª fase do Metro do Porto.

- O custo do quilómetro em Lisboa e no Porto. A título de exemplo, pode dizer-se que o custo de uma estação em Lisboa corresponde a cinco no Porto.

- O Metro da capital ter bilhetes mais baratos

- O Metro de Lisboa ter vindo, sem grande polémica, a ser pago pelos sucessivos governos, enquanto o Metro do Porto se vê confrontado com repetidas ameaças da tutela e com relatórios de certas entidades (tribunal de contas) no mínimo, muito pouco éticos, deturpando números e omitindo factos relevantes - (ler aqui).

Comentários

Anónimo disse…
... pelos vistos o pessoal já se está defecando para tudo o que o rodeia, daí esta falta de reacção a tanta injustiça para com o resto de Portugal. Estamos num país pequenino, mesquinho e virtual, aonde nada é sério ou a sério.
Temos aquilo que merecemos. Afinal, já há muito que vivemos em democracia e... nada, apesar dos paupérrimos resultados, o Benfica continua sendo o clube de eleição dos media... espelha bem o país que somos.
Estou de acordo, esta também é uma questão cultural. Os portugueses são genericamente um pouco mesquinhos e invejosos e estes defeitos têm favorecido o centralismo e consequentemente a macrocefalia da AM Lisboa. Cumpre-nos a nós, os regionalistas convictos, tentar demonstrar que este não tem sido o caminho correcto para o desejável desenvolvimento harmonioso do país.
Anónimo disse…
Felizmente ainda temos alguns portugueses em quem podemos confiar. Para criar emprego - o Carvalho da Silva da CGTP. Para garantir o futuro das crianças abandonadas, os gays e lésbicas, desocupados. Para destruir as escolas, mandadas construir pelo "Botas", temos muita gente. O futuro está garantido...
Há aqui várias questões misturadas e algum excesso de demagogia também.


Os transportes do Porto e de Lisboa, pela sua importância estratégica para o desenvolvimento do País (sim, o que seria do resto do País sem o que se produz nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto?), têm sido INTEGRALMENTE suportados pelo Estado, ao contrário do que (injustamente, note-se) acontece noutras Cidades portuguesas.


Eu também não estou de acordo com esta situação: sem prejuízo de alguma comparticipação por parte do Estado no financiamento destes sistemas, pela razão apontada, o que me parece justo é serem os poderes locais e REGIONAIS (quando os houver...) os maiores financiadores e GESTORES das infra-estruturas e sistemas de transportes colectivos metropolitanos. É assim na generalidade dos nossos parceiros europeus, onde a Regionalização se encontra consolidada (vidé Artigo anterior sobre a Região de Paris).


Já quanto à má gestão e eventuais outras práticas ainda mais condenáveis, parece-me que aí nem Lisboa nem o Porto se podem rir uma da outra... Antes estou convencido de que, a par de algumas coisas louváveis, tem havido muitos abusos em ambas as empresas públicas. Sendo eu de Lisboa, nem por isso me choca menos o dinheirão que foi enterrado (literalmente!) nas luxuosas estações do Metro da Capital. Quando tanto falta ao nível de transportes nesta área metropolitana...


Outra coisa é o habitual "choradinho" do Porto (à laia de "Calimero"), contra uma suposta predilecção do poder central por Lisboa: caros "invictos", se usarem mais o intelecto e menos a emoção, chegarão à conclusão que, se há nesta matéria privilégio, só pode mesmo ser para o Porto, cujo Metro tem já maior extensão do que o de Lisboa, apesar de a proporção de passageiros tranportados nos dois sistemas ser de seis para mais de cem!


Se atentássemos apenas nos números frios da procura de passageiros e nas efectivas condições de transporte, mais depressa se teriam construído o Metro do Sul do Tejo (Corroios-Almada), ou o sistema Algés-Odivelas-Loures, por exemplo, do que o metro do Porto.


Mas nada de confusões: que esta discussão sirva apenas para nos pôr a reflectir em conjunto e não para alimentar "guerras" e bairrismos que em nada nos beneficiam...
Anónimo disse…
Se não viessem as pessoas do Porto e arredores com a habitual inveja a Lisboa é que seria de admirar... O facto de se apostar mais no metro de Lisboa do que no do Porto (se é que se pode chamar àquilo um metro...) talvez seja por Lisboa ser duas vezes maior que o Porto, o número potencial de utilizadores ser mais de 5 vezes superior e os problemas de mobilidade em Lisboa serem mais graves que os do Porto, que já dispõe de um razoável sistema de transportes públicos.

Nomeadamente, a extensão do metro ao aeroporto de Lisboa é uma obra urgente e prioritária. Já estando a 1ª fase do metro do Porto concluída, bem pode o Porto esperar que as grandes obras que serão feitas nos próximos anos fiquem feitas.
Caro Anónimo,

Apenas uma observação:

O que é muito mais grave é o facto do Metro de Lisboa apresentar em 2006 um prejuízo operacional, repito OPERACIONAL, de mais de 160 milhões de euros que os Portuguses de todo o país, mais tarde ou mais cedo, vão ter que pagar.

Cumprimentos e volte sempre.