Qual a melhor escala de decisão?

Mesmo a maioria das pessoas que são contrárias à Regionalização são favoráveis à descentralização e a uma maior eficácia na Administração Pública, porque compreendem que há decisões públicas que é melhor serem tomadas ao nível da freguesia do que nível do município ou pelo Governo Central e que há outras decisões para as quais a escala mais apropriada é o concelho e não a freguesia ou o nível nacional. Por isso, a esmagadora maioria da população acha vantajosa a existência de Juntas e Assembleias de Freguesia, bem como de Câmaras e Assembleias Municipais.

Ora da mesma forma que existem decisões públicas para as quais a freguesia é uma escala de decisão demasiado pequena porque interessam à população de todo um concelho, também há outras que não interessam apenas a um determinado concelho, mas sim ao conjunto de uma região. Assim sendo, tais decisões públicas deveriam ser tomadas por autarcas democraticamente eleitos pelas populações dessas regiões em vez de se manter a situação actual em que tais decisões são tomadas pela Administração Central.

Comentários

Al Cardoso disse…
A descentralizacao deve ser isso mesmo, delegar responsabilidades, que deveram sempre vir acompanhadas de meios.

Corre-se tambem algum risco de criar ditadorezinhos locais, mas em democracia so estao no poder 4 anos, caso os eleitores nao concordarem com eles!

Um abraco d'Algodres.
Anónimo disse…
Pois... Pois... 4 anos.
Fliscorno disse…
Para que serve uma junta de freguesia ou uma assembleia de freguesia?! Não vale dar respostas politicamente correctas.
Caro Raposa Velha,

As Freguesias são, pela proximidade que tem com as populações, as instituições mais genuinamente democráticas do nosso sistema político/administrativo.

Em muitos locais, são também a única face visível da Administração Pública.

Se abordarmos a questão na esfera das competências, aqui não há dúvidas, que os sucessivos legisladores, não souberam tirar partido (em benefício das populações) das potencialidades que estas instituições encerram, reservando-lhes, administrativamente, um papel quase residual.

Cumprimentos,
Anónimo disse…
Eu fui eleito em 1976/9 para uma Assembleia de Freguesia. Fui vereador na Câmara em 1992/3. Sou defensor do papel das Juntas de Freguesia. Quem sabe se em vez de 4.200, talvez pudessemos ter umas 2.500/3.000. A estrutura autárquica constitucional está bem definida. Está é mal implementada...
Caro Anónimo,

Nesta e noutras matérias é usual verem-se pessoas a opinar com um total desconhecimento dos assuntos em causa. Assim, nada melhor que a experiência para se poder ter uma visão mais clara e abrangente desta problemática.

Cumprimentos
Car@ "Raposa Velha",


venho responder à sua questão porque de facto a considero muito pertinente e, mais do que isso, injustamente esquecida por quase todos (mas descanse, que não vou dar-lhe uma resposta "politicamente correcta"):

As Juntas e Assembleias de Freguesia servem apenas como símbolos de identidade local e também, vagamente, como prestadoras de alguns serviços à comunidade (de valia muito desigual consoante os casos), mas não são verdadeiramente ÓRGÃOS DE PODER AUTÁRQUICOS!

Essa ideia pia é mais um dos enormes enganos em que a nossa Sociedade vive embalada e a realidade desmente todos os mitos criados ao longo destes trinta anos de "Poder Local".


É que, ao contrário das relações entre Autarquias e Governo (e, espero eu, também entre Autarquias e as futuras Regiões e entre as Regiões e o Governo), as Freguesias são TOTALMENTE DEPENDENTES das respectivas Câmaras, pois NÃO TÊM AUTONOMIA FINANCEIRA NEM POLÍTICA!


Isto é, a começar pelas próprias eleições, que são conjuntas, a vida das Freguesias gravita em exclusico ao redor das opções camarárias e O SEU EFECTIVO PODER NÃO SE EXERCE PELOS ÓRGÃOS PRÓPRIOS, democraticamente representativos, mas sim muito mais através da representação do seu Presidente NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL, onde é deputado por inerência!

Ou seja, NÃO EXISTE PODER NAS FREGUESIAS e estas apenas cumprem as orientações das respectivas Câmaras, como se fossem seus meros órgãos de poder desconcentrado!

Por isso também é que não existem ASSOCIAÇÕES DE FREGUESIAS, nomeadamente vizinhas, pois a sua perspectiva raramente ultrapassa os horizontes do seu Concelho!

Por isso é que eu defendo a EXTINÇÃO DA MAIOR PARTE DAS FREGUESIAS, sobretudo as urbanas (e muito em especial as das Áreas Metropolitanas) e uma reorganização dos Municípios, no âmbito da Regionalização.

As Fregeuesias até podem continuar a existir simbolicamente, com os seus símbolos heráldicos e outros elementos identificativos (isto tem particular relevância, como se sabe, no mundo rural, onde aliás muitas das actuais Freguesias já foram Municípios), mas sem necessariamente poderes efectivos de representação e decisão, ou seja, sem DETENTORES DE CARGOS, devendo TODAS AS SUAS ACTUAIS FUNÇÕES PASSAREM PARA OS MUNICÍPIOS (sem prejuízo de estes poderem ter uma maior descentralização territorial dos seus órgãos).

Parece-me que muito se ganharia em eficiência, justiça e transparência nesta questão...
Peço desculpa pelos erros, mas são as pressas...