Portugal e Espanha


«Nasci a poucos quilómetros da fronteira espanhola. Na infância, olhava o mapa e inquietava-me aquele inseguro centímetro que determinara não só a minha língua mas toda a minha existência (não sabia ainda que é aí que fundamentalmente existimos, na língua, que é com ela que pensamos e amamos e nela que sabemos o pouco que nos é dado saber de nós próprios e da existência). Sem perceber porquê sentia um absurdo alívio por ter nascido do lado de cá do centímetro. Mas "ubi bene, ibi patria", que é como quem diz "não onde nasces, mas onde pasces", isto é, a nossa pátria é onde nos sentimos bem, e os portugueses têm hoje fortes motivos para não se sentirem bem em Portugal.

Os últimos dados sobre a existência quotidiana no Norte de Portugal e na Galiza são perturbadores. Com metade do salário médio dos galegos (que são os "pobres" de Espanha) pagamos o dobro do que eles pagam por coisas tão díspares como a gasolina ou a saúde, a educação ou o pão nosso de cada dia. Que fizemos nós para isso, a não ser andarmos há anos a votar persistentemente nas pessoas erradas? É certo que nem só de pão vive o homem, mas, que diabo!, viver é preciso. Haverá decerto 1001 razões para gostarmos de ser portugueses, mas hoje há 1002 para muitos de nós quererem ser espanhóis.»

Manuel António Pina
in Jornal de Notícias, de 8 de Junho de 2007

Comentários

Anónimo disse…
O verdadeiro Portugal é so até ao Mondego. Para baixo é mourada.

O nosso povo deve ter direito à sua propria nação e a governar-se por ele proprio e nao continuar a ser uma colonia dos mouros Lusitanos, que roubam o nosso dinheiro e fazem o que querem com ele.

"Haverá decerto 1001 razões para gostarmos de ser portugueses, mas hoje há 1002 para muitos de nós quererem ser"

Diria antes, havera 0 razões para gostarmos da unidade Galego-Lusitana do Minho ao Al-Gharb, mas 1000000 para nós queremos a nossa propria nação Galaica e reunificar a nossa verdadeira nação com a nossa outra metade, a Galiza acima do Minho.

Se o verdadeiro Portugal acima do Mondego fosse independente, seriamos muito mais ricos economicamente.
Pensem só nas grandes empresas nortenhas que se manteriam e não iriam ser deslocalizadas para Lisboa..