
“O Algarve precisa de um Alberto João Jardim”, disse Fausto Nascimento, arquitecto paisagista da Universidade do Algarve (UALG), no decorrer de um debate sobre Regionalização, no passado dia 2 de Junho em Quarteira.
Tratou-se de uma metáfora para dizer que falta liderança política à região algarvia. Na óptica do arquitecto, Alberto João Jardim tem muitos defeitos, mas defende como ninguém o que é melhor para a sua terra.
Para o responsável a Região Administrativa do Algarve faz todo o sentido, não concebendo que o poder central mande e desmande numa região sem estar presente, sendo que não nota verdadeira vontade política algarvia sobre o assunto.
“Não é um Governo centralista que nos vai impedir de ser região. Mas faz falta um Alberto João Jardim ao Algarve, com poder de reivindicação”, considerou o arquitecto, responsável pelo projecto Quinta da Umbria em Querença.
Fausto Nascimento disse mesmo que estava “horrorizado” com o que ouvira dos restantes oradores na sessão, uma vez que, ou duvidavam que a Regionalização fosse adiante nos próximos anos, ou referiam-se a ela com “sim” muito ambíguo.
O debate, organizado pelo Grupo de Intervenção Cultural de Quarteira, teve lugar no Hotel Dom José, e contou também com o presidente da AMAL, Macário Correia; o ex reitor da UALG, Adriano Pimpão; e o deputado PS, Hugo Nunes.
A organização colocou três perguntas. “Regionalização: O quê? Quando? Para quê?”. A unanimidade verificou-se em dois pontos: a Regionalização é importante do ponto vista “económico e de políticas de proximidade”.
Mas se Macário Correia lembrou que o assunto está em cima da mesa desde 1979, pelo que não acredita na efectivação nem tão cedo, Hugo Nunes ziguezagueou pelo tema, acabando com um acanhado “sim”, que é preciso.
Adriano Pimpão deteve a intervenção noutro tipo de “sim”, recordando palavras recentes de Freitas do Amaral, que salientou que a Regionalização está prevista na Constituição e que tem de ser cumprida.
Mais que uma discussão sobre vantagens ou desvantagens da Regionalização, e como lá chegar, o debate consistiu em críticas políticas e a um unânime e conveniente “sim”, mas tão descrente à direita como tímido à esquerda.
De resto, refira-se que o mais mediático defensor da Regionalização, o presidente do PSD Algarve, Mendes Bota, foi convidado mas não pôde comparecer por razões profissionais. […]
João Vargues, in “Região Sul”
5/Junho/2007
Comentários