Regionalistas

Luis Braga da Cruz
- Responsável nacional pelo mercado ibérico da energia, Professor catedrático, e antigo Ministro da Economia

"Defendo claramente um modelo de divisão regional sustentado nas cinco regiões-plano: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve. Pugno para que a reforma da administração pública em curso proporcione desde já um alinhamento dos serviços desconcentrados face a esta divisão regional, mas sinto algum "desconforto" por algumas derivas que, neste ou naquele ministério, se fazem sentir no que toca á aplicação deste critério."

"Está demonstrado à sociedade o insucesso a que nos conduziu o modelo centralista em Portugal. É necessário um pacto de regime entre as principais forças do arco governamental, designadamente entre o PS e o PSD, em matéria de Regionalização, condição essencial para o sucesso de um futuro referendo nacional, que a Constituição exige vinculativo."

"Muita pedagogia, significa muito trabalho preparatório, e aqui os Movimentos Cívicos tem um importante papel a desempenhar. Há que trabalhar as competências, avaliar os envelopes financeiros, definir o calendário das transferências de recursos e de implementação, que, na sua opinião, deve ser gradual, faseada, como o foi a regionalização administrativa em França, com o sucesso que se conhece.”

Carvalho Guerra
- Presidente do Conselho da Fileira Florestal de Portugal, professor catedrático e antigo reitor da Universidade Católica do Porto


“Lisboa, e a sua população, são as primeiras vítimas de uma mega concentração urbana, que se torna disfuncional, e desequilibra o país"

"Como exemplo do centralismo asfixiante em que Portugal continua mergulhado (com alguma ironia), os 19 principais laboratórios estão concentrados em Lisboa. Oxalá que nunca se repita o terramoto, senão, entre muitos outros danos, lá ficamos sem laboratórios!..."

"Temos que colocar um acento tónico no chamado princípio da subsidiariedade, tendo como exemplo as autarquias locais, mas entre estas e o poder central, existe um vazio em Portugal para a gestão de projectos e sectores de natureza claramente supra-municipal que só as Regiões poderão suprir com eficácia. Pode-se governar de longe, mas não se administra bem, senão de perto! A Regionalização permite fazer mais obras, com menos dinheiro. Foi e é assim, em quase toda a Europa”.

"Existem pessoas, sobretudo ligadas a grandes grupos empresariais que, não se cansando de referir e querer adaptar as chamadas “boas práticas do que se faz lá fora”, em matéria de Regionalização persistam em ignorar aquilo que tem sido um dos motores e principais estímulos da competitividade dos países mais desenvolvidos do mundo, que é precisamente a existência de estruturas descentralizadas de administração".

Comentários

templario disse…
Merecem-me muito respeito as opi-
niões de professores catedráticos,
embora esse estatuto não me coíba
de as analisar à luz do meu pró-
prio juízo das coisas e da própria
história de Portugal, da sua espe-
cificidade, talvez mesmo da sua
singularidade no quadro dos esta-
dos-nações europeias.

Lamento, por isso, que as suas opiniões divulgadas neste Blog,
militante profissional pela causa
da regionalização do país, esconda as incidências históricas de tal
reorganização administrativa do n/
território.

Sou contra a regionalização por-
que representaria a médio e longo
prazo uma ameaça à independência
nacional com consequente absorção
pela potência vizinha.

A nossa história recente (últimos
200 anos) mostra-nos exemplos de
como a "inteligência" nacional em
períodos de crise económica ou
mais radical disputa ideológica
levantou o iberismo como saída salvadora para o país, ainda que
sem qualquer confirmação históri-
ca e apoio popular.

Antero do Quental chegou a desaba-
far em 1868, "...o único acto possível e lógico de verdadeiro
patriotismo consiste em renegar a
nacionalidade", desabafo provoca-
do pela luta ideológica (e de
classes) que então se travava na
soc. portuguesa em busca de desí-
gnios(cuja base sólida de procura
só se veio a criar em 25 Abril 74),
e de que o povo estava arredado.

A luta de interesses que se trava nos nossos dias na soc. portuguesa
(mais materiais que ideológicos),
empurram alguns estratos para a de-
fesa da regionalização como expe-
diente para exacerbar uma mais in-
ventada que real "decadência" da
Pátria, criando com isso as condi-
ções provocatoriamente preconiza-
das por José Saramago acerca do
iberismo.

Este debate está mal centrado no
que diz respeito aos portugueses
em geral, trata-se de combate en-
tre a classe política e certos po-
deres económicos que arrastam, co-
mo sempre, atrás de si eminências
pensantes.

Nestas duas últimas intervenções,
dar a França como exemplo, é no
mínimo, patético.
(FERNANDO MARQUES - SINTRA)
Caro F. Marques,

conhece bem o caso francês?

Se sim, não vejo de onde possa extraír a conclusão disparatada e injustificável que apresenta no último parágrafo do seu comentário.


Para quem não conheça o modelo francês, aplicado a um País etnicamente homogéneo e a um Estado historicamente consolidado, saiba que é dos processos que melhor exemplificam como a Regionalização pode ser um grande sucesso por si mesma, pelas suas virtudes intrínsicas, e não apenas ou sobretudo como disfarce de heterogeneidades históricas, ou outras motivações mais profundas e alheias, bem patentes nos casos alemão e espanhol, por exemplo.


Agora "patético", meu caro, é que o modelo francês não é nada. Tomara Portugal ter algo de semelhante daqui por uns vinte anos!...
Al Cardoso disse…
Nao creio que pela razao de haver regioes administrativas as pessoas deixem de ser tao portuguesas como o sao agora (os que sao!).

Discordo do amigo Templario.
Caro Fernando Marques,

O que é certo é que este país, está transformado numa estreita facha de território com forte inclinação para a capital. Se a isto somarmos o facto de sermos um país cada vez mais centralizado política e administrativamente e por via disto com um sistema de desenvolvimento monocêntrico completamente incapaz de puxar sózinho pelo resto do país. E se também acrescentarmos o facto de, pela via fiscal, este país já ter encurtado em mais de 50 Km da sua linha de fronteira com Espanha.

Isto sim, amigo Marques, isto é que está a minar a coesão e a unidade nacional e a empurrar-nos para o famigerado iberismo.

Cumprimentos,
templario disse…
Caro Sr. Castanho,
Aceito que exagerei com o
"patético".
cumpts-f. marques