Centralismo

Confesso que não sou separatista e que olho para Portugal como um todo. Confesso que defendo a regionalização, pois penso que só assim o país consegue ganhar massa critica, criar projectos concertados, originar melhor opinião e participação pública.

Confesso que gosto de todas as terras deste país por onde passei, desde o Minho ao Algarve. Todavia, há uma coisa que me revolta e que se dá pelo nome monstruoso de centralismo. Esta madrugada, os 27 Estados Membros chegaram a acordo quanto ao Tratado Reformador da União Europeia, que substitui a falhada Constituição Europeia. A presidência lusa conseguiu convencer a Polónia e a Itália e o Tratado de Lisboa vai ser assinado a 13 de Dezembro.

Sem querer entrar na crítica à generalidade ou à especialidade do manifesto, quero aqui deixar o meu repúdio por mais uma vez não se ter aproveitado a situação para, em termos de marketing, se ter promovido outra região do país. Mais uma vez, Lisboa andará na boca do Mundo. Penso que a capital, da qual gosto muito, está promovida no estrangeiro por natureza. Então, por que não realizar esta Cimeira noutro ponto do país? Braga, Setúbal, Leiria, Coimbra, Viana do Castelo, Porto, Guimarães, Gaia, Aveiro, Castelo Branco, Viseu, Bragança, Évora, Guarda, Beja, etc., não tinham condições para albergar tal iniciativa? Não seria bom colocar no mapa europeu outra cidade nacional que não, novamente, Lisboa? Eu por cá penso que sim. Nova pergunta: alguém conhecia Maastricht ou Nice, se a Holanda e a França não as tivessem divulgado por via de tratado no Velho Continente?

Enfim. Mais uma oportunidade de marketing perdida. Mais uma atitude centralista deste Estado sempre voltado para o mesmo umbigo. Mais um regozijo regional…

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PS: e porque não trago este tema à ribalta por acaso, aqui ficam mais exemplos:

Tratado de Lisboa 1668 - assinado entre o príncipe D. Pedro e Mariana de Áustria, que pôs termo à guerra da Restauração (1640-1668);

Tratado de Lisboa 1864 - 29 de Setembro de 1864 –responsável por delimitar as fronteiras entre Portugal e Espanha.

Publicada por PJS em "Alto Bola"

Comentários

Obrigado por considerar pertinente o meu comentário. Quando algo vai mal neste país, nunca seremos demais a dizer basta de hipocrisia, basta de cortar as pernas, basta de dizer não, basta de vivermos na passividade vigente.

Um bem-haja,

altobola.blogspot.com
Anónimo disse…
Sem ironias, como deve calcular, estamos em desacordo, não no que toca ao centralismo. Quanto a isso, estamos de acordo, até porque eu vivo no interior perdido e esquecido de Portugal, no distrito da Guarda, junto à fronteira espanhola. A divergência reside no facto de eu pensar que a regionalização não vai resolver o problema, desde logo porque ainda não percebi (problema meu, eu sei...) como o fosso entre as regiões mais pobres e as mais desenvolvidas iria diminuir.
Caro Sisifo,

O modelo de Regionalização que vai ser proposto aos cidadãos portugueses, assenta em dois pilares fundamentais.

1 - Solidariedade inter-regional.
2 - Desconcentração e deslocalização orgânica e institucional.

Isto significa que por exemplo ao nível da região centro, não vamos trocar o centralismo de Lisboa pelo neo-centralismo de Coimbra. A administração periférica do Estado (direções gerais e outras) ficarão sedeadas em diferentes cidades da da região. Também os orgãos políticos, as agências e outras instituições regionais, serão distribuidas pelas diferentes cidades regionais.

A cidade da Guarda está já nesta rota, indo receber duas grandes direções regionais.

Cumprimentos,
Al Cardoso disse…
A ser como o senhor Felizes diz ate concordo, mas eu iria ainda mais longe nao colocaria os servicos nas cidades (grandes) das regioes, mas sim em cidades e vilas de media dimensao, isso iria esbater ainda mais as rivalidades e promoveria o desenvolvimento!

Um abraco beirao.
Anónimo disse…
O que se está vendendo sobre a regionalizaçâo do Pais é uma falácia.
Portugal já é um Paiz com Provincias, isto é, dividido em regiôes. Ora, descentralizar o poder, abrir dependencias governamentais, etc... se o pode fazer sem necessidade de dividir Portugal em dois, tres ou quatro regiôes. Basta com ter polos de desenvolvimento descentralizados nas diversas Provincias existentes.
A regionalizaçâo, como se a quer fazer, só vai despilfarrar mais dinheiro do Estado, pois vai multiplicar por tres, quatro ou cinco, segundo o nº de regiôes que se proponham. Aumentará o nºde Politicos a viver á custa do erario, haverá mais tachos de conselheiros, haverá mais emprego para os amigos, mas nâo vai alterar em nada a vida do resto de milhôes de portugueses, pelo contrario, haverá mais desigualdade social. Além disto, as empresas nâo se regionalizam, nem vâo a parar as zonas mais deprimidas de Portugal, nem se vai deslocalizar empresas, pois o Estado nào tem a potestade para o fazer. Vai portanto é aumentar o tacho e o clientelismo politico...
Braga, vai ter mais emprego pelo regionalismo? Como? que estes politiqueiros me indiquem como vai aumentar a oferta de trabalho em Braga... ou onde seja.-
Alguns escritos indicam que as for
ças vivas do Pais vâo ser mais dinamicas... Como? que se pode fazer para que um povo seja mais dinamico, que a cllasse empresarial deixe de ter uma visâo mesquinha sobre a economia; como fazer que os empresários em vez de gastarem as suas energias a inventarem como fugir do fisco, o dediquem a aumentar a sua empresa?
Como aumentar o tecido empresarial português? com o regionalismo?? é que vai haver mais dinheiro com um Portugal regional, que o que há agora? e onde vâo a buscar esse dinheiro? á Europa? e os dinheiros que receberam até agora? serviram para aumentar o tecido empresarial de Portugal? serviu para modernizar e voltar para o mundo as empresas portuguesas? porque creêm que os espanhois tem mais de 30 mil empresas em Portugal e que apenas haja uma meia duzia de empresas portuguesas em Espanha??
Isto vai mudar com a regionalizaçâo?, está claro que nâo. O que falta é uma vontade politica para mudar as mentalidades, poder politico para empreender grandes reformas que ajudem ao empresario português a crescer e haver consciencia de competividade internacional.-

Fertelde