Anda por aí um animado debate sobre a crise do Norte e do Porto, como se a coisa fosse recente, tendo mesmo chegado a realizar-se, há uns dias, um alargado debate sobre as suas causas e origens.Certamente que não será possível encontrar uma explicação única para um problema tão complexo, sendo que a falta de poder de decisão local - que uma verdadeira regionalização política teria permitido -, impediu que se fixassem e gerissem localmente recursos, em vez de os deslocalizar para o Estado central, como sucede.
A centralização é, porém, a matriz fundacional da nossa contemporaneidade política, pelo que não é de estranhar que ela se tenha acentuado numa república instituída por uma Constituição socialista.
Mas há, todavia, um facto importante que, nos últimos anos, tem agravado a situação: a ausência quase total de protagonismo político do Presidente da Câmara Municipal do Porto, o Dr. Rui Rio, uma absoluta vacuidade política.
Efectivamente, num país centralizado e sem instituições políticas locais, a única instituição com poder no Porto é a Câmara Municipal, em particular, a sua Presidência. Ela era, desde o 25 de Abril, o centro de afirmação do poder do Norte e de demarcação política perante Lisboa, o mesmo é dizer, o Estado central. O Dr. Rui Rio, convencido que essa tensão era sinónimo de provincianismo e de bairrismo serôdio, resolveu acabar com ela. Disse-o, aliás, publicamente, assim chegou ao poder.
Se hoje o Porto e o Norte não têm qualquer protagonismo político no país e, em razão disso, vêem cada vez mais recursos a serem-lhe sugados pelo centralismo, em boa medida isso lhe é devido.
Rui A - "Portugal Contemporâneo"
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Comentários
Os trinta anos de "provincianismo" da Câmara do Porto não lograram fazer avançar a Regionalização um milímetro que fosse! Parece-me bem que, pelo contrário, contribuiram apenas para acentuar bairrismos estéreis, cuja maior consequência prática, afinal, foi o aumento generalizado da desconfiança popular sobre a Regionalização!
Em minha opinião, se há alguém que tem contribuído muito positivamente para o avanço da Regionalização é, precisamente, o Presidente Rui Rio (de quem, aliás, sou crítico noutros aspectos), quer pela sua ACÇÃO, demonstrando que sabe muito bem distinguir entre o seu actual papel no Concelho do Porto e o papel de um verdadeiro líder da Região Norte (porque são, efectivamente, tarefas muito distintas), quer por OMISSÃO, abstendo-se de aumentar ainda mais a confusão reinante pondo-se em ridículos bicos de pés como os seus antecessores (com os resultados práticos conhecidos), quer ainda por OPINIÃO CONVICTA, de alguém que, humilde e muito honestamente, já admitiu que mudou de opinião sobre a Regionalização, que agora reconhece ser uma reforma inevitável, urgante e positiva para o Norte e para o País, no seu todo.
A isto chama-se exercício PEDAGÓGICO da política. Que pode ter menos "show-off" no imediato, mas tem muito maiores efeitos a prazo.
É por isso que, ao contrário de outros líderes, muito deslumbrados com o momento presente, Rui Rio me parece ser o único dirigente do P. S.D. com verdadeiro Futuro: como líder político duma Região Metropolitana do Porto, à frente da prevista Região Norte, ou como chefe... do Governo.
E uma boa semana para todos...