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Na ausência de clivagens culturais propícias a movimentos regionais independentistas. o que mina mais a unidade e a coesão nacional é o agravamento nas disparidades entre os vários grupos sociais e entre as várias regiões. Ora a criação das autarquias regionais se não vai acabar com essas disparidades vai certamente contribuir para as atenuar.
Pode contra-argumentar-se dizendo que com regiões o que vai haver não é mais solidariedade inter-regional, mas sim mais concorrência entre as regiões. É certo que com responsáveis regionais fundados na legitimidade do sufrágio universal haverá maior protagonismo político a nível regional que se alimentará, em parte do confronto, com o "inimigo exterior" seja ele o poder central ou outras regiões. Com a regionalização essa concorrência inter-regional passará a desenrolar-se num quadro mais democrático e mais transparente do que actualmente onde, sob a capa de processos burocráticos da Administração Central e sem regras claras, certas regiões com mais facilidades de acesso ao poder acabam por ser beneficiadas em detrimento de outras.
Actualmente o pais já está dividido administrativamente em freguesias, concelhos e distritos e isso não tem posto em causa a unidade e a coesão nacional. Pode argumentar-se que este tipo de divisão administrativa é de uma escala geograficamente mais reduzida do que a das regiões o que é suficiente para eliminar o risco de desagregação nacional. É verdade, mas então considere-se o caso das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. A sua autonomia não pôs em causa a unidade e a coesão nacional. Pode até dizer-se que se não tivesse havido autonomia para os Açores e a Madeira a unidade e a coesão nacional poderiam estar hoje em perigo nessas regiões.
Américo Carvalho Mendes
- Docente Universitário
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- Docente Universitário
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Comentários
Parabéns, professor Américo Mendes.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
PS - "Requiem" para as Regiões Administrativas e para os arautos da desgraça, os confrariais.
A implementação é indissociável da prossecução de grandes desígnios ou objectivos nacionais. Estes desígnios são de natureza permanente ou estrutural, presente em qualquer época para garantir a melhoria das condições de vida de forma estabilizada e pacífica:
1) Soberania Nacional
2) Desenvolvimento Económico e Social
3) Conhecimento (cultura) e tecnologia
4) Equilíbrio Social
Com a regionalização na versão das 7 Regiões Autónomas, é possível conseguir (não é o mesmo que arranjar) e atingir consistentemente estes objectivos, sem ser preciso imprimir muita pressa por decreto, com a adesão e mobilização das populações em sintonia com dirigentes nacionais, regionais e locais totalmente sintonizados.
O resto, lamento muito afirmá-lo e apesar de os meus opositores neste "blog" estarem a abandoná-lo, sem dar "troco" útil e objectivo que se veja, é pura conversa da treta, comentários de bancada ou argumentos de tasca, nada mais.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
QUE CARNEIRADA
Este modelo só vai criar conflitos entre populações rivais.
Dou eemplo do Alto-Tâmega e Barroso que existe já ao dia de hoje uma organização ferrea entre as suas comunidades e costumes sociais em que nada se parecem com o do resto e transmontanos (lembrando também do couto Misto), e da região de Miranda que inclusivé tem idioma próprio.
Acho que a organização territorial das regiões tem de ser sériamente repensada.