E outro Sol no novo Horizonte!

(...)
Aprendemos que, há 800 anos atrás, numa terrinha da Península, nasceu um pequeno condado que, liderado por um líder carismático, se proclamou reino.
Eu não dou a Afonso Henriques o louro da criação da nacionalidade.
Portugal criou-se a si próprio, da forma que quis, que pôde, que escolheu. Para o bem e para o mal.

Nasceu de uma singularidade cultural demarcada do cenário ibérico: tradição sueva/lusitana/galaica, rivalidade com a tradição visigótico/romana de Leão e Castela, um forte desejo de autonomia embutido pela experiência do municipalismo muçulmano. E demarcada do cenário europeu: pouco feudalismo, tolerância religiosa muito elevada para a época, sentido de legitimidade soberana como transmissível do povo para o Rei.

As lendárias cortes de Lamego, que não se realizaram lá em Lamego, expressam o desejo de uma pátria nova, expresso por palavras ditas pelos representantes das classes altas e do Povo: Nós somos Livres, o nosso rei é livre, nossas mãos nos libertaram. Foram os portugueses que se deram a legitimidade da independência. Anos mais tarde, usaram este argumento da inerência da legitimidade contra Castela, contra Napoleão Bonaparte, contra o Estado Novo.

O Rei de Portugal sempre reinou apoiado pelo Povo. Podemos ver isto ao longo da história, desde 1383/85 a 1640. Na verdade, os concelhos portugueses sempre desempenharam um papel fundamental na nossa política. O exército nacional desde muito cedo existiu, e era formado por forças populares e não senhoriais, que serviam o Rei para proveito do país, convenhamos, nem sempre muito honrosos. No reinado de D.Afonso IV, um conselheiro disse-lhe que, caso este não começasse a tomar mais cuidado com a res publica, a "coisa pública", o governar dos Homens, os Povos tomariam a decisão de procurar um novo Rei.

Assim, a Idade Média no nosso país não é demarcada por um sistema feudal, mas por uma república de concelhos unidas por um rei, quase sempre em regime de aliança contra as classes privilegiadas. O poder centralizador da realeza, no entanto, vai dissolver no futuro essa realidade, principalmente a partir de 1700, século do absolutismo, e do marquês de Pombal.

A expectativa contínua que temos do PR vem desses tempos. A figura paternal que outorgamos no Presidente da República, que sempre outorgamos nos nosso líderes, aquele amor quase incondicional dos povos ibéricos pelos governantes, tenham sido eles ditadores proclamados (ex.Salazar e Sidónio Paiz) ou até mesmo aspirantes a tal (ex.Vasco Gonçalves), bem como a líderes partidários (ex.Francisco de Sá Carneiro e Mário Soares, Afonso Costa) vem desse tempo. É algo que, enquanto comunidade, herdamos todos e passamos geneticamente aos povos africanos e sul-americanos.

A vontade de fazermos valer os nossos direitos, por vezes adormecida, mas sempre explosiva e enérgica na hora de o fazermos (basta lembrar o apoio popular nos anos da crise de 1384 e 1640, mais uma vez, a revolução liberal de 1820 e a revolução de 74) também, vem desses tempos! Está constituída em nós, no nosso folclore, na nossa tradição, na nossa forma de ser.

Actualmente, vivemos num regime que não se adapta à nossa personalidade. O excessivo centralismo de Lisboa tornou o país abandonado e entregue ao saque da iniciativa privada. Só as cidades mais ricas, como Porto, Braga ou Coimbra, mantêm um relativo crescimento económico. Inundado de burocracia e despesa, os povos não têm a quem recorrer. Não persiste no país uma única instituição histórica que o povo reconheça. A corrupção da máquina administrativa, a Segurança Social em estado obsoleto, a falta de informação e até desconfiança, fazem com que os portugueses tenham poucos meios de queixa directa, a quem possam recorrer directamente. A Casa Presidencial, que tem esse dever, não merece dos portugueses confiança.

A regionalização trará uma maior eficácia da burocracia. Tornará mais fácil limar as arestas da despesa e confrontar diferentes crescimentos económicos. Tornará mais pragmático a fundação de empresas, e ao mesmo tempo a criação de postos de trabalho.
Democraticamente, protegerá melhor os interesses de cada um de nós.
(...)

No "Há Discussão"
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Comentários

Anónimo disse…
E o mais importante, terá de contribuir para mobilizar conscientemente as populações de cada Região para dois objectivos fundamentais (nunca é demais insistir):
1) Erradicar as ideias relacionadas com políticas centralizadas e centralizadoras.
2) Esclarecer as populações que a única forma de assumir condições futuras de desenvolvimento é envolverem-se nos objectivos políticos específicos da Região Autónoma de onde são naturais.
3) Incrementar o relacionamento com as restantes Regiões Autónomas a implementar.

Por isso: 7 Regiões Autónomas.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Este piano é dos que toca por memória...
Anónimo disse…
Ainda bem. Nação sem memória é Nação sem futuro.
O vosso "piano" está todo encarquilhado, nem de improviso toca quanto mais de memória. Calro que é evidente, também não sabem tocar.
Desistam, partam para outra e não enveredem por esta caminho.

"Nunca mais se safam"; já foram! E há que tempos, sem teimosamente cumprirem o horário.

Não há seniores, nessa equipa?

Valha-nos Deus e as almas santas (sem querer invocar o Nome Divino em vão)!

A confraria contraregionalista só merece os meus respeitosos e condescendentes cumprimentos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
está animado com o Jardim...
que fala em regionalização, mas não regiões autónomas...
pois é...
agradeço ao admnistrador deste blog o cuidado que teve ao avisar-nos da sua citação do nosso artigo do há dscussão, espero que ele possa vir mais vezes visitar o nosso blogue de estudantes do primeiro ano da FDUP.

cumprimentos
Anónimo disse…
e eu também vou.
parece que vai ter mais uns quantos...
Anónimo disse…
Não me entusiasmo com facilidade. A realidade é de tal forma complexa que não são individualidades que me fazem deslocar a atenção dos factores principais.
Meu caro anónimo, já fui "individualidade" durante bastantes anos e, nisto de mundanidades, perfilho a opinião do escritor António Lobo Antunes: "Sucesso?. Para quê o sucesso? Só interessa a glória, a única razão para falarem de nós daqui a 500 anos". Que o seja por boas e nunca por más razões.
Há muita gente apostada em que se fale dela daqui por 5 séculos, mas pelas piores razões.
Por isso individualidades são isso e nada mais; o que apenas importa é o seu comportamento pessoal e profissional que deverá ser exemplar. Dito isto, ainda bem que o PdRAM fala de regionalização e, na perspectiva dele, só poderá significar Regiões Autónomas, nada mais tem qualquer significado real.

É, não é; pois é. Mas não esmoreçam, continuem a defender os vossos pontos de vista favoráveis à regionalização administrativa que estão a andar lindamente.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Não me entusiasmo com facilidade. A realidade é de tal forma complexa que não são individualidades que me fazem deslocar a atenção dos factores principais.
Meu caro anónimo, já fui "individualidade" durante bastantes anos e, nisto de mundanidades, perfilho a opinião do escritor António Lobo Antunes: "Sucesso?. Para quê o sucesso? Só interessa a glória, a única razão para falarem de nós daqui a 500 anos". Que o seja por boas e nunca por más razões.
Há muita gente apostada em que se fale dela daqui por 5 séculos, mas pelas piores razões.
Por isso individualidades são isso e nada mais; o que apenas importa é o seu comportamento pessoal e profissional que deverá ser exemplar. Dito isto, ainda bem que o PdRAM fala de regionalização e, na perspectiva dele, só poderá significar Regiões Autónomas, nada mais tem qualquer significado real.

É, não é; pois é. Mas não esmoreçam, continuem a defender os vossos pontos de vista favoráveis à regionalização administrativa que estão a andar lindamente.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Ninguém pia