O Algarve, até pelas características da sua economia, não pode ter a ilusão de que está à margem de tudo e «fora do mundo». Um mundo, aliás, que não permite mais ilusões nem se compadece com atitudes displicentes.
Vivemos uma fase de transformações nunca visto e de consequências imprevisíveis. Ninguém tenha dúvidas: ou ganhamos consciência dos obstáculos e nos dispomos a enfrentar o «novo» com determinação, ou iremos ao encontro de duras surpresas.
Isto vale para os países, as regiões, as empresas, os jovens, as famílias e para os cidadãos em geral. Vale ainda mais para os mais pequenos, os menos desenvolvidos e os mais fracos. Vale sobretudo para Portugal e para o Algarve.
O primeiro dado a ter em conta é a economia mundial: ninguém se afoita a fazer previsões, nem para um mês!
Estamos todos já a pagar na Europa as consequências da crise financeira nos EUA e ninguém, hoje, põe de parte a hipótese de uma recessão da economia americana. Acrescente-se o preço imparável do petróleo e as hesitações do BCE.
É assim de esperar uma desaceleração do crescimento da economia europeia (pior em Espanha) e portanto também da portuguesa, que poderá exportar menos.
Já para Portugal, em 2008, vai ser mais difícil diminuir o défice, combater o desemprego, estimular o investimento e crescer.
É este o quadro, e o Algarve, queira ou não, faz parte dele.
O Algarve tem algumas cartas, que lhe podem permitir resistir melhor, mas seria um erro pensar que está imune a dificuldades.
O Algarve, graças à «economia do turismo», está melhor que Portugal. Está acima da média nacional no rendimento per capita, o turismo em 2007 cresceu (graças às low cost) depois de vários anos negativos, há notícias de investimentos.
Por outro lado, uma quebra de consumo na Europa (nosso principal cliente) poderá não ter um efeito imediato tão grave como noutros sectores das nossas exportações. Mas, a manter-se, terá.
Mas o Algarve, que vale muito para a economia do país, pouco conta politicamente. Nada de importante é decidido na região. E os algarvios têm muita responsabilidade nisso.
É por isso que não existe uma «visão» integrada do desenvolvimento turístico sustentável da Região.
O que existe é uma soma de «coisas», sobretudo anúncios de investimentos e eventos. É pouco para ser estratégia.
A «economia do turismo» é bem mais complexa do que parece e do que alguns «acham» que é bom para o Algarve.
Destas considerações, necessariamente incompletas, os algarvios devem tirar estímulos e força para a acção. Para ser actores e não meros espectadores.
Nesta conjuntura, avanço como objectivos para 2008, os seguintes:
1. O Algarve precisa de pensar e agir como Região.
É urgente ultrapassar a visão pequenina, pobre, oportunista, umbiguista, que emana de muitas das intervenções públicas. Empresários, jovens, associações, políticos, cidadãos em geral, devem assumir as suas responsabilidades. Precisam de actuar, com dignidade e qualidade, imbuídos de uma visão regional aberta, inteligente.
2. O Algarve deve assumir a luta pela instituição da Região Administrativa, com ou sem referendo, com todo o país ou como região piloto. Sem discriminações nem oportunismos políticos.
3. Os empresários do Algarve e as suas associações representativas, têm o dever de unir vontades e estabelecer uma plataforma de acção em torno da defesa dos diferentes sectores de actividade e das empresas, em defesa do desenvolvimento económico sustentável da Região, capaz de gerar riqueza e criar emprego, e bem estar para todos os cidadãos.
4. O Algarve tem de ser uma Região de futuro para as novas gerações.Os algarvios têm um dever perante as novas gerações, afinal os seus filhos, e que são diferentes de nós. Em primeiro lugar têm que acreditar neles, têm que prepará-los, têm que criar condições para que eles possam construir o seu próprio futuro.
Comentários
Data: 12 de Janeiro de 2008
Hora: 15 horas
Local: Salão Nobre da Junta de Freguesia de Vila das Aves
Participantes:
- Eurico de Melo: ex-governante e fundador do PPD/PSD
- Pedro Rodrigues: Presidente da CPN da JSD
- Carlos Pacheco: Presidente da CPS da JSD de Santo Tirso
- João Abreu (moderador): Vereador do PSD na Assembleia Municipal de Santo Tirso
- Pedro Pinto (orador): Presidente da Câmara Municipal de Paços Ferreira
- Rui Sousa (orador): Presidente da Junta de Freguesia de Bagunte - Vila do Conde
PARTICIPEM!
Mais informações em: http://sociologavense.blogspot.com e http://www.jsdsantotirso.blogspot.com/
Outras vezes, dá-se preferência excessiva à participação de militantes partidários ou de simpatizantes certos, quando tais iniciativas partem dos partidos políticos.
Todas as iniciativas deste tipo são importantes, mas deveria alargar-se-lhes o espectro de participação, atendendo à grande importância dos temas associados à regionalização e ao poder local.
Anónimo pró-7RA
Não? Ah, pois... este projecto tem a marca de Durão Barroso, Miguel Relvas e Macário Correia. É de direita, não queremos...
Temos que esperar pelo projecto do Eng.º Sócrates, talvez 2010, quem sabe, 2014... temos muito tempo.
O Algarve sabe esperar...
O nosso projecto de Região será de esquerda, republicano, laico, socialista e, de preferência, para fumadores, só para irritar o Macário.