Municípios, Juntas de Freguesia e outros feudos

Acumular cargos é regra nas câmaras


Há várias formas de tornar Portugal ingovernável. O método mais eficiente e dispendioso é delegar poderes nas autarquias.

Enquanto o Governo é diariamente escrutinado pela opinião pública e submetido à alternância, os municípios perpetuam os edis a ponto de tornar imprescindível uma lei de limitação de mandatos de que ficaram isentos, por causa da Madeira, os presidentes das Regiões Autónomas.

A eleição de autarcas jovens, após o 25 de Abril, foi a prova de confiança na juventude. Com o tempo, perpetuaram-se, envelheceram e criaram vícios. Há uma gangrena, que corrói o tecido municipal, que se multiplica em rotundas e empregos que asseguram a fidelidade pessoal e os interesses partidários.

É a lógica de um país com séculos de poder autoritário, a criação de caciques que surge por geração espontânea, adubada pelos interesses dos planos directores e as sinecuras das empresas públicas municipais.

Nos municípios de grande dimensão há massa crítica, independência e liberdade de expressão, capazes de remover os tumores que enquistam na gestão autárquica. Nos pequenos eterniza-se a subserviência, persistem os receios de sempre e temem-se as retaliações.

O país não pode singrar sem que a Regionalização avance e as regiões se empenhem na requalificação urbana e na produção de planos de desenvolvimento integrado que superem os estreitos limites paroquiais.

Portugal, retalhado em 308 municípios e mais de quatro mil freguesias, sem regiões para mediar os interesses locais e fazer a ponte com o poder central, é um país condenado a feudos que se perpetuam sob a influência de caciques locais.

A actual divisão administrativa e os poderes crescentes de autarquias insignificantes são prejudiciais à administração do País e, a prazo, a garantia da sua ingovernabilidade.

Carlos Esperança no Ponte Europa
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

À medida que se avança neste blogue com a inserção de textos sobre toda a problemática da regionalização, a dimensão administrativas nunca é abordada de forma positiva, seja qualquer for o respectivo ângulo de análise.
Desta vez, estamos perante o exercício de cargos municipais, a delegação de competências e, até, o número de mandatos.
Por isso, se se encarar estas questões do ponto de vista "administrativo", no contexto da regionalização, continuaremos a assistir à repetição das mesmas candadituras e à eleição de autarcas que muitas populações desejariam ver pelas costas há já muito tempo. A vinculação e a lógica partidárias, associadas à FALTA DE CORAGEM POLÍTICA para aplicar a limitação do número de mandatos a toda a espécie de cargos políticos, (legislativos, executivos e outros) e para reduzir mordomias ao estritamento necessário a um eficaz funcionamento dos órgãos políticos (centrais, regionais e municipais) tem conduzido a um exercício de funções nesses órgãos quase "perpétuo".
Tudo isto impede uma renovação dos quadros e dirigentes políticos e facilita a prevalência de critérios de escolha de nomeados para comissões de serviço e outros tipos de funções baseados no princípio do "escolhido à imagem e semelhança - os chamados EIS). Não se pense contudo que este princípio é aplicado apenas nos organismos directamente dependentes do Estado, estendendo-se naturalmente a outros tipos de organizações privadas e mistas. Este é mais um factor que potencia a inelasticidade da nomeação de pessoas para o exercíco de cargos dirigentes com vista ao perpetuamento das mesmas pessoas nas mesmas funções e impedindo a renovação necessária e cíclica dos quadros dirigentes e outros. Muito embora a formação contribua directamente para o aparecimento de "novas oportunidades", estas só se tornaram efectivas se for possível garantir a renovação do quadro de recursos humanos e dos cargos dirigentes, em todos os tipos de organizações de acordo com regras objectivas de exigência e qualificação técnica, humana e pessoal e não por razões ou critérios de: filiação partidária, crença religiosa, pertença ao mesmo clube (desportivo, de lazer, de comes-e-bebes, etc.), nome de família, por ter casado com ..., amizade transumante, etc, etc.
A aplicação do administrativismo à política de regionalização só irá AGRAVAR os desequilíbrios e as anormalidades permanentemente referidas nas publicações editadas neste blogue, de que a da autoria de Carlos Esperança é apenas um exemplo.
Tudo visto, a implantação da regionalização poderá ser o instrumento adequado para resolver os principais problemas relacionados com disfunções políticas, aproveitamento inadequado de cargos públicos, perpetuidade de exercício desses cargos e outros problemas adjacentes.
Para tal, basta que seja aplicado o critério da AUTONOMIA DAS REGIÕES, essencial para garantir a mobilização das respectivas populações na denúncia daqueles problemas administrativo-políticos e de outros, mas, SOBRETUDO, para favorecer a apresentação de soluções para a sua resolução definitiva, acompanhada de "novos ares" a proporcionar por uma renovação e dinâmica políticas permanentes.
Já sabem que a única resposta apta a satisfazer todas as exigências formuladas compatíveis com a resolução dos problemas apresentados reside na implantação das 7 REGIÕES AUTÓNOMAS, no território continental do nosso País e na melhoria dos procedimentos plíticos e funcionais das Regiões Autónomas Insulares.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)


PS - Ainda a propósito da renovação dos quadros, certo tipo de actuações revela uma hipocrisia detestável. Imaginem que tenho 60 anos e uma cerreira de gestor exemplar e independente. Em certo momento, por uma razão qualquer, ofereço as minhas capacidades de gestão a uma empresa, onde o seu pricipal dirigente, também principal accionista, na idade dos 65 anos, me atalha logo a oferta de trabalho com uma recusa por "ter excesso de idade e ser política da empresa admitir somente quadros novos, até aos 35 anos de idade".
Em resumo: eu já estou fora de prazo, com menos 5 anos; o accionista-gestor, por ser accionista, está ainda em "boa forma física e mental" para exercer as funções a que se atribui por não ter preparado a tempo a sua sucessão (dentro da família, é claro, porque fora é muito raro).
Pensem nisto e nas suas equivalentes na política e alinhem as vossas conclusões. É engraçado, não é?
Anónimo disse…
Shiu!!!!... não façam barulho, podem acordar o senhor pró-7RA.
Anónimo disse…
Muito obrigado.
Pessoas respeitadoras.
Assim é que é.
Se fossem todas as pessoas assim ...!

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
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templario disse…
Devagar, devagarinho, os defensores da regionalização vão clarificando a sua filosofia e sociologia políticas.

Neste Post desfere-se com toda a frontalidade um ataque cerrado ao Poder Local, ao Municipalismo, onde ainda assim se manifestam résteas de alguma "democracia directa".

A mensagem do Post quer dizer mais ou menos isto: as classes sociais em si e as massas populares em geral não têm capacidade para se organizar e quaisquer formas de organização sobre as quais tenham algum controlo directo devem ser irradicadas (na rigorosa linha da ideologia política e económica liberal), ou seja, é necessário que o Estado assegure a protecção de uns poucos,concebe-se assim a democracia como regime de protecção de poucos, que até podem ser muitos, mas marginalizam os restantes.

Algumas camadas sociais, estabelecidas ou em ascenção, desejam defender as suas vantagens, necessitando, para isso, de um Estado restricto mas forte. Em Portugal, onde os partidos organizam e consciencializam as várias fracções de classe alimentadas pelo OGE (são hoje a sua base de apoio político e económico) impõe-se o enfraquecimento das autarquias locais, para estabelecer um novo poder regional e reforçar a tal "Nomenklatura" que oprime e explora as populações.

"NO MOMENTO EM QUE UM POVO DELEGA EM REPRESENTANTES, NÃO É MAIS LIVRE" - j. Rousseau. Não estando 100% de acordo com este pensamento, defendo, no entanto, que o Municipalismo português, que foi indubitavelmente o grande garante da implementação e consolidação da democracia contém em si relações com as comunidades que amenizam as formas de democracia representativa, como a nossa.

Logo, criar governos regionais em Portugal a-regional, seria liquidar dramaticamente uma singular idiossincrasia do poder local em Portugal em benefício de agrupamentos e grupos de "status" que se mancomunaram nas últimas décadas na máquina estatal.

Basta olhar nestes precisos dias a índole política dos campeões da regionalização em Portugal: PCP e PSD de LFMenezes, Ribau Esteves e Mendes Bota.

Que destino mais desgraçado querem alguns para a nossa Grande Pátria!
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
(e, em especial)
Caro Templário,

O texto que acabou de expÕr corresponde exactamente ao que tem acontecido e irá acontecer até a regionalização baseada nas 7 Regiões Autónomas estar concluida, o que levará seguramente alguns bons anos.
O que tem caracterizado a política portuguesa tem sido, sem dúvida, uma marginalização de extractos crescentes da população na linha da execução de políticas neoliberais acéfalas e pós-modernas. E não será, com a regionalização, que se acentuará essa marginalização de extractos da população nem se porá em causa o que chama de "democracia directa", se a solução assentar nas 7 Regiões Autónomas.
Com efeito, para além da participação nos actos eleitorais regionais e nacionais, os eleitores terão de participar nos actos eleitorais reservados aos municípios e às freguesias de cada Região Autónoma, nas mesmas condições verificadas até hoje, embora futuramente com um enquadramento político diferente, MAS SEMPRE POLITICAMENTE PARTICIPATIVO, AO CONTRÁRIO DO QUE ESCREVE.
Por outro lado, os agrupamentos a que se refere já hoje existem a qualquer nível e, com a escolha de novos protagonistas políticos, o que se pretende é criar exactamente uma situação política e sociológica de natureza contrária.
Finalmente, os protagonistas actuais (independentemente dos partidos a que pertençam) poderão não ser os mais indicados e/ou os melhor preparados para o exercício de funções políticas, mas para isso teremos as eleições para os confirmar ou infirmar como eleitos para o exercício daquelas funções a nível nacional, regional ou local (municípios e freguesias).
Pelo exposto, será imperioso concluir que a continuidade das actuais políticas centralizadas e centralizadoras, através da regionalização administrativa (5 Regiões Administrativas = mais do mesmo), só irá ACENTUAR as desigualdades a que se referiu no seu post e a alimentar as suas "fracções de classe pelo OGE".
Para além disso, tais desigualdades serão ainda potenciadas se as populações das Regiões Autónomas, nas eleições nacionais, não tiverem o discernimento mental ou forem mal influenciadas pelo "marketing politico", optarem por eleger políticos considerados impreparados para as funções a que se candidatam.
Finalmente, estas consequências nafastas, ao contrário do que afirma, nunca poderão ser atribuidas propriamente à regionalização política autonómica, mas à regionalização administrativa e/ou à "impreparação" (falta de informação) de eleitos e eleitores, participantes e candidatos, nos diferentes actos eleitorais (nacionais, locais, europeus e, futuramente, regionais).
Por fim, se as escolhas eleitorais forem erradas, continuará o histórico destino desgraçado do nosso País e nunca a REGIONALIZAÇÃO POLÍTICA verá a luz do dia nem permitirá qualquer luz de esperança às populações das 7 Regiões Autónomas, a criar a partir das 11 Regiões Naturais, Históricas ou Províncias.
A regionalização política, como não me canso de afirmar é muitissimo mais que uma descentralização de serviços ou de organismos rumo à autonomia regional, é A AUTÊNTICA REFORMA:
(1) Da administração pública. e
(2) Da própria mentalidade dos protagonistas políticos:
(a) Ao nível da concepção política.
(b) Ao nível da execução política.
(c) Ao nível da organização política
(d) Ao nível da organização partidária.
Tudo o resto é secundário ou corresponde a leituras subjectivas dos fenómenos políticos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Templário:

Respeito as opiniões alheias e, até, as interpretações alheias ao meu pensamento.

Só deixo uma pergunta:

- Municípios com 3 ou 4 mil habitantes são para extinguir ou para manter?
Anónimo disse…
Se extinguíssemos os municípios com 3 ou 4 mil habitantes, ficaríamos com zonas do país (no Interior), com concelhos do tamanho de distrito. Os concelhos são divisões bem feitas: com a regionalização, as suas competências seriam um pouco reduzidas, tais como as do estado central, mas a sua importância continuaria a ser enorme, devido à sua capacidade (pela proximidade) de resolver as situações com conhecimento de causa.

Afonso Miguel, Beira Interior.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Traçar a regionalização a régua e esquadro do número de habitantes por concelho é criar fricções e incompatibilidades que são o principal passo para inviabilizar qualquer esforço político de regionalização. Mais importante que isso é compreender que a regionalização só poderá ser compreendida integralmente se corresponder a um PROJECTO POLÍTICO QUE QUALQUER PARTIDO RESPONSÁVEL TERÁ DE ASSUMIR E IMPLEMENTAR, POR SER TRANSVERSAL A TODA A SOCIEDADE PORTUGUESA.
Trata-se de um autêntico PROGRAMA ELEITORAL PARTIDÁRIO A SUBMETER À LEGITIMIDADE POLÍTICA DO VOTO, COM CARÁCTER INOVADOR E NÃO A HABITUAL CÓPIA DE PROGRAMAS POLÍTICOS DE ELEIÇÕES ANTERIORES, CUJA PRINCIPAL CARACTERÍSTICA É O CASUÍSMO (como tem acontecido, ao longo das últimas décadas, sem existir um projecto político integrado e desenvolvimentista).
Somente a regionalização com base nas 7 Regiões Autónomas, a partir das 11 Regiões Históricas, Naturais ou Províncias preenche todos os atributos associados ao projecto político integrado e desenvolvimentista de cada Região Autónoma e de todo o País. Todas as outras soluções de regionalização são desecentralizações administrativas que aproveitam o que há de menos desejável para um projecto político de desenvolvimento.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Peço desculpa aos senhores Carlos Esperança e Templário, por me ter metido no "meio da conversa".
templario disse…
Sr. Carlos Esperança,

Vou responder à sua pergunta: "Municípios com 3 ou 4 mil habitantes são para extinguir ou para manter"?

Como quer que responda à sua pergunta, esquecendo a História da Fundação e Reconquista de Portugal? Se eu me incluisse entre os defensores da regionalização, estou certo que responderia que concelhos com 3 e 4 mil habitantes seriam para extinguir; da mesma maneira, se eu fosse Pinto da Costa, Fernando Gomes, Pinto de Sousa, Pôncio Monteiro e quejandos, ou fazendo parte do seu grupo de interesses, também apoiaria Elisa Ferreira para a Câmara do Porto, pois então! Tão pouco importava que alguns estejam acusados no "apito dourado", pois, independentemente das decisões judiciais, ficou bem patente à opinião pública através das escutas divulgadas na imprensa que foram feitas coisas porcalhonas, cujos autores não deviam merecer crédito para qualquer função pública, oficial ou privada.

Igualmente deixava de ter importância que o presente campeão da regionalização, LFMenezes, esteja a revelar-se um político perigosíssimo para Portugal, e seja mesmo o paradigma da catástrofe que seria Portugal retalhado em não sei quantas fatias. Claro que nada disto importa, e não tome isto como separação mental de preferências partidárias, que nesta questão, a da regionalização, me assumo como cidadão português inexoravelmente independente, sem submissão mental a nenhum deles que não seja o meu compromisso individual, de respeito e amor pela nossa Pátria. Por fim deixaria de ter importância para mim o facto de o PCP, defensor desde sempre da regionalização, logo desde o tempo em que instigou o cerco da Assembleia Constituinte e o golpe reaccionário de 25 de Novembro de 1975, a par de uma entrevista que Àlvaro Cunhal deu na altura a um jornal italiano, afirmando que "em Portugal nunca haveria Parlamento", e tudo fez para isso Este mesmo partido que na altura chamava fascista a Mário Soares e a milhares de democratas e patriotas portugueses e que hoje, encavalitando-se na luta dos professores para proteger a sua base social neste sector, instiga mini-manifestações a chamar de fascista a um Ministro de um governo eleito democraticamente. Quantas coisas mais poderiam ser acrescentadas para recusar destes e doutros partidos a proposta da regionalização em Portugal.

Bastar-me-ia centrar a minha atenção nos grupos de pressão e sua natureza política dos que têm estado e estão na primeira linha a favor da regionalização para, pelo menos, franzir o nariz a essa alteração da dimensão do poder em Portugal.

Todavia, vou fazer um esforço para lhe responder, mais como apelo à reflexão, com os seguintes exemplos:

1 - Sou natural de Tomar, cujo Concelho tem 350 Km2, 45.ooo habitantes, 16 freguesias, fundada em 1162 .
(há muitos anos, era eu adolescente, a Igreja pretendeu desviar parte do caudal do Rio Nabão para Fátima, provocando um levantamento da população do Concelho de Tomar na primeira grande manifestação de rua em que participei)

2 - Vivo no Concelho de Sintra, com 316 Km2, 415.000 habitantes, 20 freguesias, recebeu foral em 1154.
(metade do concelho é claramente área urbana, onde se ergueu cimento armado da forma mais desordenada possível, a outra parte é rural. Há anos houve quem pretendesse dividi-lo em dois, depois quem lutasse para que Cacém e Queluz fossem concelhos e também Mem Martins. Entretanto, só a Amadora se separou, tornando-se concelho).

Onde quero chegar?
Isto passou-se a partir da década de 70 do século passado. Os partidos políticos na altura estavam curiosamente muito concentrados nas autarquias locais, em aumentar o seu número, consoante os seus interesses partidários, criaram-se muitas novas freguesias, enfim, era a redistribuição de poderes que os motivava. No Concelho de Sintra criaram-se mais sete freguesias e 1 concelho (Amadora). Quantas foram acrescentadas em todo o país? Quantos movimentos para novos concelhos com os partidos a incentivarem, os mesmos e muitos dos mesmos dirigentes que hoje querem a regionalização, quantos crimes cometaram no ordenamento urbanístio, etc.

Vejamos agora outros exemplos:

3-Alijó /Distrito de Vila Real), com 300 Km2, 14.000 habitantes, 19 freguesias, fundada em 1226

4-Barrancos (B. Alentejo), Concelho com 168 Km2, 2.000 habitantes, 1 só freguesia, fundada em 1295.

Com que argumentos vai o Sr. Carlos Esperança suprimir ou associar num só estes municípios? Até pode escolher outros mais conforme o seu ponto de vista.

Mas não será certo que estamos ainda no domínio do tecnicismo burocrático administrativo? É ou não é verdade que se a regionalização fosse implementada iria retirar poderes aos municípios e, simultaneamente ao governo central? Resultaria ou não que as juntas regionais iam dispor de uma dinâmica de poder, imparável, impulsionadas por elites locais económicas e políticas e caciquistas que tornariam Portugal ingovernável? Não temos já exemplos ilucidativos ao nivel de câmaras e esses grupos de interesses responsáveis pelo crime cometido com os campos de futebol no Euro 2004?

Alonguei-me sem método e plano nesta resposta, ao correr da "pena", levantando questões para reflexão, espontaneamente.

É ou não verdade que a Espanha não é nada regionalizada? É ou não é verdade que a Espanha está dividida, não em regiões, mas em nações? Honestamente, em respeito da singularidade do nosso país, é legítimo tomarmos como argumento para a regionalização em Portugal, os exemplos Reino Unido, Áustria, Bélgica, França, Itália, Suiça? Só porque são mais desenvolvidos que nós?

Sabe que uma das razões porque alguns países da Europa se tornaram mais desenvolvidos que Portugal (antes da revolução industrial) se encontra na maior e mais garantida produção, ao tempo, de "adubos" para o enriquecimento das terras? Esses "adubos" eram a bosta produzida pela pecuária em melhores e maiores terras para o efeito e que nós não tínhamos maneira de os acompanhar porque as nossas terras boas eram menores e, mesmo assim, de menor qualidade. É um grande historiador português moderno que o afirma e não o cito porque tenho de momento dúvidas qual.

(peço-lhe desculpa pelo "lençol", bem como ao Sr. António Felizes)
templario disse…
CORRECÇÃO AO MEU ÚLTIMO COMENTÁRIO:
Amadora não tem nada a ver com Sintra. Pertencia ao Concelho de Oeiras. Falhou-me a memória.

Peço desculpa-
Anónimo disse…
Caro Carlos Esperança,

Continuando os municípios a "estar" como estão actualmente, verão que a regionalização, na versão das 7 Regiões Autónomas, fará as correcções "automáticas" tendentes a um equilíbrio demográfico, económico, social e de outras naturezas. Só é necessário decidi-la e aguardar pelo decurso do tempo, depois de tomadas as decisões políticas correctas.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Aos comentadores que me referiram:

Agradeço os contributos e peço-lhes que me desculpem por não fazer o contraditório.

Não quero que as razões contra, de uns, passem a ser razões para os adversários da regionalização.

Só me permito uma pequena observação: a realidade geo-socio-economico-populacional tornou, no meu ponto de vista, obsoletas as referências históricas. Há antigas sedes de concelho (e de comarca) que têm hoje menos de uma centena de habitantes.
Anónimo disse…
Caro carlos Esperança,

Obrigado pela sua intervenção.
Na verdade existem, mas nas minhas referências históricas não pretendia ir tão longe, por já não serem concelhos nem se justifica a retoma concelhia. No entanto, tais referências, mantêem inalteradas prtáticas culturais, históricas e tradicionais, independentemente das mutações nas sedes de concelho que existirão sempre, devido aos ciclos de desenvolvimento.
Por exemplo, na Região de Trás-os-Montes, já há muito tempo que Favaios (antigo concelho) "perdeu" em favor de Alijó e, no Vale do Douro, há inúmeros exemplos desses, sem que as tradições e a cultura local sofram mutações de envergadura.
De forma alguma, também, pretendo que as nossas opiniões sejam razões justificativas de intervenção dos adversários da regionalização.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final.
Anónimo disse…
Mas por que carga de água é que a Regionalização preconizaria a extinção de municípios? Vou só dar um exemplo: resido no concelho de Almeida, com cerca de 7000 habitantes. Este concelho é-o desde 1296, mas a sua forma actual surge em 1834, com a extinção dos concelhos de Castelo Mendo e Castelo Bom, incorporados no de Almeida. É lógico que Castelo Bom, actualmente com 180 habitantes, e Castelo Mendo, com 130, não poderiam hoje continuar a ser concelho. Mas fará sentido extinguir concelhos olhando apenas ao número de habitantes? Por exemplo: Almeida já é um concelho bastante grande, se o juntássemos a Pinhel, por exemplo, ficaria um lactifúndio enorme, completamente descaracterizado. Não é isso que pretendemos com a Regionalização.

Nota: Espanha, que deveríamos tomar como exemplo a nível da Regionalização, tem quase 8000 concelhos. O segredo: os concelhos têm menos poder do que em Portugal.

Anónimo (Beira Interior), pelas 7 Regiões
Não conheço nenhuma reforma administrativa em Portugal (projectos dos diferentes partidos políticos) que preconize a extinção ou fusão de municípios. Não podemos perder de vista o facto de haver muitos municípios que são mesmo anteriores à própria nacionalidade.

Em termos administrativos, o grande problema em Portugal prende-se, sobretudo, com o excessivo centralismo da Administração que não facilita uma correcta e adequada prestação de serviços públicos. Há também um enorme vazio administrativo à escala infra-estado central e supra-municipal. Ou seja temos um Estado Central e depois uma enorme pulverização municipal (308). Falta claramente uma estrutura intermédia democrática que dê coerência e coordenação a todo este modelo.
Anónimo disse…
Caro Almeida Felizes,

Como já deve ter percebido, a defesa da regionalização não se baseia num problema de natureza administrativa, mas algo muito mais profundo e relacionado com as actuais dinâmicas política, económica e social, potenciadas pela crescente mobilidade das populações e dos recursos.
Esta complexidade e dinâmicas só são compatíveis com a resolução dos correspondentes problemas mais com natureza POLÍTICA que administrativa.
Por tudo é que sejustifica a regionalização autonómica, em prejuízo da descentralização admistrativa, sem seque haver necessidade de alterar a actual estrutura e dimensão do nosso municipalismo, perfeitamente preparado para se integrar e potenciar a necessária política de regionalização.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)