Mais um retrato do Norte


01 Março 2008


José Silva Peneda - Eurodeputado

O autismo do Poder face ao Norte

O Norte de Portugal passou, em poucos anos, de uma das regiões mais industrializadas da Europa para uma das mais pobres, atrás da Galiza e até mesmo da mais pobre das regiões espanholas, a Estremadura.

Hoje o Norte só é comparável com as regiões que pertencem aos países recém-entrados na União Europeia, mas com uma diferença. Enquanto o Norte nos últimos anos não tem sido capaz de crescer nem de criar empregos, essas outras regiões estão a crescer a um grande ritmo, o que significa que, a manter-se esta tendência e com o andar dos anos, acabarão por ultrapassar-nos.

A globalização tem sido muito madrasta para este Norte. O número de empresas que têm encerrado e os números de desempregados aí estão, com toda a crueldade, a mostrar essa evidência. Isto acontece porque o Norte não vive em mercado protegido, ao contrário de Lisboa, onde estão concentrados todos os serviços públicos, financeiros, seguros, tudo actividades que nada sofreram com o fenómeno da globalização, pois os clientes estão lá e não param de crescer. No Norte, onde o mercado não é protegido, há que seduzir e conquistar clientes, não basta estar à espera de que eles surjam. Este é o real significado da globalização que tornou para o Norte as coisas mais difíceis.

Perante este quadro, não se entende a passividade do Poder para com uma região que sofre de uma situação de tal modo grave que justifica a adopção de medidas excepcionais, através de um grande e ambicioso programa de emergência, que já deveria estar em marcha.

Uma correcta estratégia de crescimento para o Norte, onde vive um terço dos residentes em Portugal, é essencial para que o país possa apresentar melhores indicadores em termos económicos e sociais. O problema do Norte, pelas suas natureza e dimensão, não pode ser visto como uma questão regional. O problema do Norte é verdadeiramente uma questão nacional, porque se o Norte recuperar será o país, como um todo, que estará melhor.

Mas os factos mostram que há uma enorme insensibilidade política e social por parte do poder político face ao Norte e aos nortenhos.

Por exemplo, é chocante verificar que, dos grandes investimentos públicos a submeter a Bruxelas até 2013, listados na página 102 do Programa Operacional Temático Valorização do Território do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) e que totalizam um investimento de mais de 13 mil milhões de euros, ao Norte caberá apenas 4,6% desse montante, cerca de 600 milhões de euros, que serão distribuídos por três projectos, IP4 Vila Real/Quintanilha, plataforma logística de Leixões e IC 35 - Penafiel/Entre-os-Rios! São estes e só estes os três grandes projectos públicos que vão realizar-se no Norte nos próximos sete anos!

(...)

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Imaginem que, no período histórico de 1383-1385, o Santo Condestável do nosso exército desfalcado em número, face ao refugado exército castelhano, resolvia não comparecer no campo de Aljubarrota.
O resultado seria uma derrota por falta de comparência, a seguir primorosamente representado por um quadro a óleo, de grandes dimensões, numa das paredes de um dos muitos palácios reais castelhanos, para comemoração e recordatória futura.
À semelhança do que acontece com uma das galerias do Palácio de Versalhes, em França, onde as obras de arte relacionadas com os "feitos heróicos" franceses só representam as vitórias. Nunca vi nenhum quadro a relatar a "banhada" que levaram no nosso País e noutros, felizmente, tudo no cumprimento da OBJCTIVIDADE HISTÓRICA.
O mesmo aconteceu com os defensores das 5 Regiões Administrarivas. Para além de terem sucumbido ao 1º. assalto, do 1º. round, por KO, os 5 assaltos seguintes foram derrotas para eles por FALTA DE COMPARÊNCIA (imaginem o FCP a perder por falta de comparência, uma VERGONHA) antes anunciada, é certo, mas derrota, derrota clara.
Portanto, em resumo:
1º. ROUND:
- Pró-7RA: 6
- Pró-5RA: 0
com o desenvolvimento seguinte:
* 1º. assalto (por KO):
- Pró-7RA: 1
- Pró-5RA: 0
* 2º. ao 6º. assalto: (falta de comparência):
- Pró-7RA: 5
- Pró-5RA: 0
Lá para o fim do ano, iniciar-se-à o 2º. round, razão pela qual falta ainda muito tempo e esgrimir-se-ão muitos argumentos (deste lado) e insultos, por alguns (desse lado).

Vamos agora ao que interessa (que é o mesmo: não interessa). O que está disponível neste texto, são discursos e sábias palavras que não conduziram nem nunca conduzirão a nada, infelizmente. Recordo a sua experiência como político/governante e nada vislumbro que tenha sido referenciado como favorecedor da REGIONALIZAÇÃO, apesar de ser um HOMEM DO NORTE (o grupo da sueca, como foi classificado; nunca o designaram por grupo da regionalização).
Portanto, nada mais a dizer, infelizmente, porque não há mesmo nada a dizer.

Assim não tivesse sido (mas só para o texto do ex-governante), quanto aos round's, assim foi, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - A vossa falta de comparência tem uma ENORME VANTAGEM: NÃO PERCO, NEM PERDEREI TEMPO A RESPONDER. "É GASTAR CERA COM FRACO DEFUNTO".