Regiões, Educação e Desenvolvimento

Magalhães Pinto no "POLISCÓPIO"

CRÓNICA DA SEMANA (II)

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Não obstante esta situação da população activa, a produtividade das gentes de Lisboa era, em 2003, muitíssimo maior. Lisboa contribuía para o PIB com 38% do total nacional, enquanto o Norte só contribuía com 28%. O PIB per capita era então, no Norte, de 9.900 euros, enquanto em Lisboa atingia o valor de 18.200 euros. Quase o dobro.

Encontra-se, nas estatísticas em análise, boas razões para esta maior produtividade. Desde logo, o maior nível de emprego em Lisboa do que no Norte. Mas também a formação bruta de capital fixo – investimento – ao longo dos anos privilegiando a capital.

Mas uma outra razão detém porventura a maior quota de explicação para as diferenças de produtividade. Em 2005, em Lisboa, quase 22% dos trabalhadores tinham formação escolar superior, enquanto, no Norte, essa percentagem era de apenas 10,4%. E baixando a análise ao nível de trabalhadores com o terceiro ciclo, no Norte apenas 15% tinham tal formação, enquanto em Lisboa a percentagem subia para 21%. Isto é, e resumindo, em 2005, quase metade da população trabalhadora de Lisboa tinha por habilitações o 3º. Ciclo ou o ensino superior; enquanto no Norte, apenas um quarto dos trabalhadores tinham tal formação.

Isto é um grito contra o abandono a que sucessivos governos foram deixando o resto do país, no plano da educação. Eça fez carreira, já que o país foi reduzido à paisagem dos burros de carga que carregam Lisboa. Salazar está vingado. Atrás dele veio quem dele bom fez. É que o fenómeno da indisponibilidade de cursos há anos atrás, de escolas condizentes com a ocupação demográfica do território, impediu a formação de técnicos; a inexistência de técnicos era (é) impedimento à instalação mais avultada de investimentos mais reprodutivos. Num ciclo infernal que não se vê como interromper, especialmente quando se anda a discutir a avaliação dos professores em lugar destes temas de verdadeiro interesse para o futuro.

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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas
Caros Municipalistas,

Os problemas actuais relacionados com a educação têm origem em dezenas de anos de destruição de um sistema de ensino baseado numa determinada preparação específica para os alunos que quisessem enveredar por uma profissão à saída do secundário e numa preparação mais "propedêutica" para acesso ao ensino superior, ambas moderadas por uma direcção escolar personalizada e disciplinadora, sem querer entrar nos habituais "clichés" político partidários.
A via profissionalizante que eu próprio frequentei com gosto e utilidade, só muito recentemente, depois de Abril de 1974, é que foi retomada, mas sem o grau de exigência escolar verificado antes. O resultado tem sido uma degradação contínua dos resultados facultados pelo ensino primário e secundário, com origem partilhada pelos pais, pelas escolas e pelos professores (a propósito, independentemente das razões que assistiram à manifestação dos professores, no último fim-de-semana, a intervenção de alguns dos manifestantes não pode augurar nada de bom para a qualidade do sistema de ensino baseado no primário e secundário). Isto significa que as facilidades não são do interesse de nenhuma das partes envolvidas, acabando os alunos por serem os mais prejudicados na aquisição de conhecimentos tecnológicos associados à preparação da sua futura profissão ou de conhecimentos de base cultural para o aprofundamento de matérias essenciais à frequência e conclusão de cursos superiores.
As diferenças de "desenvolvimento" apontadas pelo Doutor Magalhães Pinto, entre Lisboa e o Norte, são bastante acentuadas, mas é desnecessário continuar a apontar a "culpa" ao centralismo dos de Lisboa porque no Norte existe ainda alguma "insensibilidade" (atendendo especialmente ao comprtamento das PME's e ao nosso habitual critério "capelista" de escolha - muitas vezes, escolhe-se "à imagem e semelhança) para a necessidade de se dotar de quadros superiores de qualidade, competência e exigência, tendo alguns conterrâneos, com elevado grau de escolaridade, sido obrigados a "fixar-se" em Lisboa porque não conseguiram um emprego compatível com a sua preparação e conhecimento escolares e/ou experiência profissional, na chamada zona Norte.
Tudo o resto é o que conhecemos com as tristes e habituais lamúrias, sem haver sequer uma iniciativa que trave defintivamente este "estado de coisas", através de uma verdadeira política regional autonómica e subsidiária intra e interegional.
As 7 Regiões Autónomas poderão dar um excelente e exigente contributo, nada mais.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
porra este gajo das 7ra esta em todas. Ele comenta tudo, ele tem sempre algo para comentar em cada mensagem.
Impressionante!
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Em contrapartida, esse(s) "gajo"(s) daí não comenta(m) nada.
Bem avisei que quando viesse para um determinado "sítio", tipo regionalização ou qualquer outro, era para apresentar propostas de solução e discutí-las com quem a isso se dispusesse, depois de me ter preparado tematica e convenientemente.
Ainda não perceberam que a problemática da regionalização é TRANSVERSAL a toda a sociedade portuguesa, não sendo NUNCA um problema desta (norte) ou daquela (centro ou sul) região, mas de todo o País; daí a necessidade de abrangência de análise e de conhecimentos, para se ser OBJECTIVO (isto é, NÃO SER CAPELISTA ou FREGUÊS PARTIDÁRIO).
Entretanto, alguns resolveram "desertar" por não suportarem a argumentação; pior para eles, para mim e, sobretudo, para a regionalização.
Isto afinal é como nas empresas: temos que trabalhar com o que temos, mas sempre com preocupações de formação em desenvolvimento.
Para alterar o rumo das "coisas" só existe uma solução e já a conhecem tão bem como eu: criação e implantação de 7 Regiões Autónomas.
Finalmente, se nos meus comentários vislumbrarem alguns desajustamentos, contradições e demais incongruências, agradeço que me informem para tudo corrigir e, por favor, comentem-nos; depois deste "empenhamento regionalista", acreditem que ainda tenho tempo para (exactamente por esta ordem):
1) Literatura
2) Doutoramento
3) Trabalho na especialidade
4) Passear a pé
5) Passear de bicicleta
6) Conviver com amigos de infância, não de "transumância"
7) Almoços com ex-colegas de trabalho
8) Aquilo que já estão a "magicar"
9) Etc., etc., ... etc.

Assim continue a ser, amen.

Com mais do que menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)