Publicado: 28.03.2008
Elisa Ferreira: "A regionalização não é solução, é instrumento"
Elisa Ferreira defende que o Norte tem papel importante na recuperação económica do país. A regionalização é apontada como forma ideal para gerir o interesse público.
No último comício nacional do PS falou sobre o Norte do país. Quais os principais problemas que o atingem?
O Norte está empobrecido e fragilizado. Enquanto o Norte não relançar a sua dinâmica de crescimento e de competitividade, o país dificilmente consegue arrancar. O Norte é muito pesado em termos demográficos e em termos de contributo para o valor acrescentado nacional.
O que levou à fragilização do Norte?
O Norte tem uma composição produtiva muito sujeita à concorrência internacional. Portugal está a passar um momento complicado e não existe uma afirmação da competitividade europeia. Estamos a concorrer com países que não cumprem as nossas normais ambientais nem sociais, como é o caso da China, da Índia e de muitos outros novos países produtores.
Mas existem outros factores…
Com o alargamento da União Europeia, em 2004, entraram novos países que conseguem as taxas de crescimento muito elevadas. Em termos de investimento estrangeiro e nacional são, transitoriamente, fortíssimos concorrentes. A moeda europeia está extraordinariamente sobreavaliada. Quer vendamos para mercado europeu, quer para mercados internacionais, os concorrentes que trabalham em outras moedas têm vantagem competitiva elevada.
A regionalização poderia ajudar a inverter a situação do Norte?
A regionalização não é solução, é instrumento. Algumas políticas seriam melhor ajustadas à realidade do Norte, que precisa, por exemplo, de maior esforço em termos de formação profissional e referência especial para atrair investimento estrangeiro. O apoio ao surgimento de pequenas e médias empresas tem de ser forte no Norte.
Era necessário um porta-voz credível e politicamente responsável que argumentasse a nível nacional, e que executasse, a um nível intermédio, políticas de compensação das políticas nacionais. Alguns níveis poderiam ficar nas mãos desse estrato regional e a resposta seria mais rápida. A regionalização é um acto de boa gestão. É assim que tem sido vista por todos países europeus onde é modo normal de gerir o interesse público.
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Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Na verdade, conforme tenho defendido neste blogue, ao longo dos últimos 4 meses, a regionalização não um fim em si, mas um importante instrumento.
Alguns poderão considerá-lo um importante instrumento administrativo ao serviço do que designam por regionalização, acabando por se sentirem muito satisfeitos até à implementação
definitiva da regionalização administrativa.
Porém, para mim, a regionalização, conforme não me canso de escrever e de proclamar sempre que me dão oportunidade para isso, trata-se do MAIS IMPORTANTE INSTRUMENTO DE POLÍTICA AO DISPOR DAS POPULAÇÕES DAS DIFERENTES REGIÕES, NÃO QUAISQUER REGIÕES, MAS SOMENTE REGIÕES AUTÓNOMAS.
Por esta razão, se for bem implementada, a regionalização pode incorporar, em si, a SOLUÇÂO PARA O DESENVOLVIMENTO AUTOSUSTENTADO E EQUILIBRADO DE TODAS AS REGIÕES, NO QUADRO DE UMA POLÍTICA DE SUBSIDIARIEDADE NECESSÁRIA, a qual é incompatível com tipologias incompletas, desajustadas e desactualizadas como a regionalização administrativa.
Assim seja, amen.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Diria que são "palavras sábias" como tem sido habitual, no quadro de uma regionalização administraiva e nunca no de uma REGIONALIZAÇÃO POLÍTICA.
A primeira perfeitamente dispensável e inócua para as exigências actuais de desenvolvimento, com manutenção do "status quo" político e outro actuais, um ´método administrativo de "mudar" alguma coisa para ficar tudo na mesma.
A segunda, exactamente o contrário, padrão autêntico de autonomia política e verdadeiro intrumento político de desenvolvimento, com a mobilização e reconhecimento das respectivas populações.
Actualmente quem se desmultiplica em afirmações e divagações sobre a regionalização, enquanto governante não realizou absolutamente nada, mesmo na versão administrativa, apesar de estar consignado na Constituição da República HÁ 32 ANOS. É OBRA NÃO FAZER NADA, NEM SEQUER INFLUENCIAR PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA REGIONALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DURANTE 32 ANOS É SIGNIFICATIVO DE UM LAXISMO EXEMPLAR.
Assim não tivesse sido, mas foi.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
DS