Dois pesos e duas medidas

Porto/Vigo em causa

Os prazos definidos para a construção da linha de alta velocidade entre o Porto e Vigo poderão estar comprometidos. Esta ligação tem avançado a um ritmo que, diz o presidente do Eixo Atlântico, põe em causa a sua conclusão para 2013.

O presidente da associação transfronteiriça do Eixo Atlântico, Luís Filipe Menezes, manifestou preocupação pelos atrasos no processo da linha ferroviária de alta velocidade Porto/Vigo, admitindo que pode estar comprometido o objectivo de ter a ligação pronta em 2013.

Ainda há condições para cumprir o objectivo, se andarmos depressa, mas, se o ritmo for o que tem sido até agora, não me parece que seja possível”, afirmou Menezes, na conferência de imprensa que encerrou a reunião da Comissão Executiva do Eixo Atlântico, associação que engloba 34 municípios do Norte de Portugal e da Galiza.

“Vamos escrever ao governo português, manifestando a nossa preocupação”, acrescentou, salientando que a carta, que será dirigida ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e à secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, surge numa altura em que está “muito acelerado” o processo da linha de alta velocidade Lisboa/Madrid, cujo primeiro troço foi ontem adjudicado.

Tudo indica que os prazos vão ser cumpridos na linha Lisboa/Madrid, pelo que seria extremamente penoso se isso não acontecesse também na linha Porto/Vigo”, frisou. A preocupação do Eixo Atlântico acentua-se depois do presidente do município de Vigo, Abel Alvarez, ter informado os seus parceiros na associação de que as autoridades espanholas estão dispostas a cumprir o prazo definido na ligação Porto/Vigo.

“Não será por falta de vontade política do lado espanhol que não se cumprirão os prazos”, afirmou.

O presidente do Eixo Atlântico e da Câmara de Gaia recordou que “os agentes políticos (da região norte de Portugal) têm manifestado sinais de preocupação quanto à distribuição dos fundos públicos entre as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto”, admitindo que uma rápida decisão que “faça avançar” a ligação Porto/Vigo pode reduzir o descontentamento.

Uma rápida decisão que viabilize o avanço do projecto pode atenuar o sentimento de que o Porto e o Norte estão, mais uma vez, a ficar para trás na distribuição dos recursos públicos”, salientou Menezes.

No encontro com os jornalistas, o autarca de Vigo, Abel Alvarez, revelou que está definido que o comboio de alta velocidade vai atravessar a cidade num túnel com oito quilómetros de comprimento. “A tuneladora começa a trabalhar a 1 de Janeiro e avançará 500 metros por mês”, frisou, demonstrando a vontade espanhola de cumprir os prazos definidos para a ligação Porto/Vigo.

"Primeiro Janeiro"
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalsitas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Este macro-investimento assemelha-se aos que certos países africanos, há alguns anos atrás, relaizaram no domínio das telecomunicações, as telecomunicações móveis.
Mesmo sem esgotar a capacidade dos equipamentos tecnologicamente menos avançados, optaram por introduzir a mais avançada tecnologia, num ambiente de atraso de desenvolvimento notório e em quase todos os domínios.
No nosso caso, não temos ainda esgotada a capacidade das infraestruturas ferroviárias, tanto ao nível da principal linha férrea, a do Norte, como das suas adjacentes ou derivadas, para não referir as linhas históricas e turísticas que foram totalmente desactivadas (destruição de património nacional rico em diferentes vertentes) com prejuízo da sua utilização para outras finalidades geradoras de rentabilidade e utilidade social.
A realização do investimento suportado pelo TGV, mais ano menos ano, vai dar lugar à entrada das carpideiras políticas habituais no seu lamento mais profundo, mas nesse momento já nada haverá a fazer ou reparar.
Em termos de produtividade económica, continua a insistir-se no critério ultrapassado da sua externalidade, ataca-se pelo seu exterior com as infraestruturas rodo e ferroviárias, como se contribuisse para uma redução sensível de custos de transferência e um incremento notório da mobilidade de recursos (triste ilusão própria de "novos ricos"), em prejuízo das internalidades da produtividade dos recursos residentes em cada uma das Regiões Autónomas em quese vai regionalziar o nosso País, de todas as mais qualitativas e mais apelativas à fixação das populações.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)