REGIONALIZAÇÃO - Começa a ser uma regra científica


Sempre que algum dirigente (político, empresarial ou outro) se deslocaliza de Lisboa para o Porto, mais cedo ou mais tarde torna-se num defensor da regionalização. Foi assim com Pires de Lima, actual CEO da Unicer que tem sede nos arredores do Porto, e é assim também com Rui Rio que votou contra a regionalização em 1998 mas que entretanto fez noticiar que alterou a sua posição.

O que leva Rui Rio a mudar de opinião -- como se pudesse isentar-se das suas responsabilidades ao ter agido contra a regionalização, como salienta aqui Elisa Ferreira -- é aquilo que os portuenses e os habitantes da região norte de uma forma geral sentem no seu dia-a-dia e já sentiam quando Rui Rio contestava a regionalização: o imenso bloqueio ao desenvolvimento provocado por um centralismo histórico que se constitui numa regionalização de facto favorável a uma só região, no caso Lisboa. É uma espécie de «regionalização natural», assente na absorção dos recursos do país em redor da alta burocracia do Estado no sentido que Weber lhe atribui.

Enquanto isso, no resto do país, é o que se conhece.

No caso do Porto e do norte, onde se situam as sedes das principais empresas portuguesas e a maior universidade do país, entre muitas outras valências, sente-se uma desaceleração artificial decorrente da ultra concentração do investimento público em Lisboa, o que acaba por ter efeitos na orientação do investimento privado.

O resto do país, e muito particularmente o Porto e norte, não querem nenhum dos privilégios que a capital obteve nas últimas décadas. Exige-se tão só a não limitação das possibilidades de desenvolvimento desta região e a capacidade de gerir os seus recursos sem a macrocefalia actual.

É isso que os cidadãos do Porto sentem, a par de muitos outros do resto do país, e que leva quase todos os que vivem na cidade ou que por qualquer motivo se deslocam aqui em trabalho a defenderem as potencialidades da regionalização.

Infelizmente, nem todos são presidentes de câmara ou de grandes empresas. Depois da demagogia de 1998, quando poderão todos votar em definitivo sobre esse tema? No fim da linha dos fundos europeus?

# por Tiago Barbosa Ribeiro
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A mudança de posições relativamente a assuntos de natureza política está mais relacionada com a defesa de interesses, particulares ou de grupo, do que com a sentida e interior mudança de opinião gerada por motivos objectivos, fundamentados e sentidos.
Este tipo de mudanças de opinião, sem deixar de fazer jus a uma afirmação proferida em tempos de que "só é burro quem não muda", é equivalente aos protagonistas do PREC de militantes ML que foram aparecer, mais tarde, nos partidos utilitários do poder e que, ainda hoje, por aí pululam como intervenientes activos nas esferas ideológicas da social-democracia ou do solcialismo democrático.
Relativamente a esta afirmação minha, não se precipitem a catalogar-me politicamente, mas não consigo entender-me com pessoas que mudam de opinião por dá cá aquela palha e em assuntos da maior importância política e social.
Tudo isto a propósito da mudança de opinião dos mais encarniçados opositores da regionalização que, com as suas posições de há 10 anos, só contribuiram para atrasar ainda mais o desenvolvimento do nosso País por mais de 20 ou 30 anos. Nesse tipo de protagonistas, por mais bem intencionadas que sejam hoje as suas posições políticas em favor da regionalização, não posso acreditar por não se revelarem pessoas de confiança política e o seu contributo nunca contribuiu para alterar qualitativamente a situação do nosso País, em todos os domínios.
São protagonistas políticos perfeitamente inócuos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)