Academia galega vai promover língua portuguesa
O movimento da Galiza que há anos defende que o galego deriva do português e não do castelhano deu, no início desta semana, um passo importante: inaugurou o organismo que irá liderar a defesa do reconhecimento do galego como parte do universo dos países que falam português, a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP).
O acto decorreu em Santiago de Compostela e contou com o apoio de académicos portugueses e brasileiros. O Governo da Galiza também se fez representar e mostrou abertura e interesse em apoiar a causa.
O galego não deriva do castelhano. Foi “castelhanizado”. O galego deriva do português como a língua que se fala no Brasil ou na Angola. É o português da Galiza.
O movimento da Galiza que há anos defende que o galego deriva do português e não do castelhano deu, no início desta semana, um passo importante: inaugurou o organismo que irá liderar a defesa do reconhecimento do galego como parte do universo dos países que falam português, a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP).
O acto decorreu em Santiago de Compostela e contou com o apoio de académicos portugueses e brasileiros. O Governo da Galiza também se fez representar e mostrou abertura e interesse em apoiar a causa.
O galego não deriva do castelhano. Foi “castelhanizado”. O galego deriva do português como a língua que se fala no Brasil ou na Angola. É o português da Galiza.
Há anos que na Galiza um grupo de académicos, e não só, defende que o galego deve sofrer um processo de naturalização e regressar à matriz original: o português. “Queremos devolver ao galego o lugar que lhe corresponde, que é o de uma forma do português e não de um dialecto do castelhano”, explica Ângelo Cristóvão, presidente da Associação que está por trás da Academia Galega da Língua Portuguesa.
O organismo foi inaugurado na passada segunda-feira, em Santiago de Compostela, e terá pela frente a missão de conseguir o reconhecimento académico e político dessa realidade, incluindo, assim, o galego no universo de lusofalantes. “Participar da lusofonia não põe em causa a soberania. Há que distinguir a política da língua e da cultura”, defende Ângelo Cristóvão, que utiliza a norma portuguesa na forma como escreve o seu nome (na versão castelhanizada seria Anxelo Cristovan).
A presença e discurso do representante do Governo Autónomo da Galiza na apresentação pública da Academia parece ser um bom presságio para o apoio político da causa. “Este Governo não pode dar-se ao luxo de deixar de comunicar com 223 milhões de pessoas [de lusofalantes]. Era ser cego para não ver esta riqueza”, disse, na inauguração, o secretário geral de relações internacionais da Junta da Galiza, Pérez Lema. Foi aplaudido de pé.
A posição seria impensável “há poucos anos”, tendo havido, inclusivamente, lugar a perseguições aos que teimavam em ensinar “o galego de Portugal” e não a versão “castelhanizada”.
Do lado português, o Instituto Camões (IC) fez-se representar pela delegação de Vigo, mas, para já, ainda não está definido qualquer apoio. “A nossa prioridade são as instituições públicas”, disse, o representante do IC, Samuel Rego. Não é o caso. A AGLP é um associação privada e nascida na sociedade civil, onde estão em maioria linguístas e filólogos, como o presidente Montero Santalha. Mas, se em termos políticos ainda há indefinição, do meio académico luso surge apoio. “Há muitos anos que defendo a reintegração do galego na língua portuguesa”, afirmou Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa, acrescentando que “há vantagens para todos”.
“O galego integra-se na terceira língua europeia mais falada no mundo e Portugal ganha mais três milhões de falantes”, frisou. Por sua vez, Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, defendeu que não se deve falar em reintegração “porque em termos linguísticos, o galego nunca se separou do português”. O presidente da AGLP defendeu mesmo que, para sobreviver e se expandir, o galego precisa da “seiva vital do tronco comum [o português]”.
Simbolicamente, na cerimónia foi interpretada uma mistura dos hinos galego e português, uma composição inédita da autoria de Rudesindo Soutelo.
O acto, que contou também com a presença do escritor moçambicano João Craveirinha, foi também aproveitado para homenagear aqueles que iniciaram a defesa desta causa e lançar o primeiro número do boletim da AGLP.
Margarida Luzio, Semanário Transmontano
A presença e discurso do representante do Governo Autónomo da Galiza na apresentação pública da Academia parece ser um bom presságio para o apoio político da causa. “Este Governo não pode dar-se ao luxo de deixar de comunicar com 223 milhões de pessoas [de lusofalantes]. Era ser cego para não ver esta riqueza”, disse, na inauguração, o secretário geral de relações internacionais da Junta da Galiza, Pérez Lema. Foi aplaudido de pé.
A posição seria impensável “há poucos anos”, tendo havido, inclusivamente, lugar a perseguições aos que teimavam em ensinar “o galego de Portugal” e não a versão “castelhanizada”.
Do lado português, o Instituto Camões (IC) fez-se representar pela delegação de Vigo, mas, para já, ainda não está definido qualquer apoio. “A nossa prioridade são as instituições públicas”, disse, o representante do IC, Samuel Rego. Não é o caso. A AGLP é um associação privada e nascida na sociedade civil, onde estão em maioria linguístas e filólogos, como o presidente Montero Santalha. Mas, se em termos políticos ainda há indefinição, do meio académico luso surge apoio. “Há muitos anos que defendo a reintegração do galego na língua portuguesa”, afirmou Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa, acrescentando que “há vantagens para todos”.
“O galego integra-se na terceira língua europeia mais falada no mundo e Portugal ganha mais três milhões de falantes”, frisou. Por sua vez, Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, defendeu que não se deve falar em reintegração “porque em termos linguísticos, o galego nunca se separou do português”. O presidente da AGLP defendeu mesmo que, para sobreviver e se expandir, o galego precisa da “seiva vital do tronco comum [o português]”.
Simbolicamente, na cerimónia foi interpretada uma mistura dos hinos galego e português, uma composição inédita da autoria de Rudesindo Soutelo.
O acto, que contou também com a presença do escritor moçambicano João Craveirinha, foi também aproveitado para homenagear aqueles que iniciaram a defesa desta causa e lançar o primeiro número do boletim da AGLP.
Margarida Luzio, Semanário Transmontano
Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Em nenhum outro perímetro fronteiriço existe uma tão grande familiariedade linguística como a verificada entre a Região Autónoma da Galiza e as futuras Regiões Autónomas de Entre Douro e Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro (neste caso, parte).
No perímetro fronteiriço restante, a familiaridade também existe mas está ligeiramente mais "afastada", sem impedir que o castelhano e o português tenham um "parentesco de primeira geração", tão próximo quanto o exige a cooperação política entre os dois países.
A iniciativa relatada neste "post" só poderá dar os resultados que a sua importância linguística e política exigem se as Regiões envolvidas estiverem em plano de igualdade política e autonómica, a fim de potenciar a cooperação política em todos os domínios, nomeadamente naquele que é muito caro aos defensores puristas do crescimento económico: a dimensão ou massa crítica.
Como se sabe, ao contrário do que muitos estão habituados a pensar, o crescimento económico é apenas uma parte de uma política de desenvolvimento que tarda em ser implementada e onde a afinidade linguística tem condições para aprofundar e mobilizar todas as restantes e mais importantes determinantes do desenvolvimento (sociais, educacionais,culturais, tecnológicas, tradicionais e produtivas).
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
PS - Apresso-me a alertar que, em nenhum momento do texto anterior, se faz qualquer referência a integração, mas tão sómente a COOPERAÇÃO entre regiões.
Com pontos nos is.
Minhoto
Mostre-se...isso sim seria interessante.
Admito que fosse interessante.
No entanto, muito mais interessante do que tratar-se das próprias pessoas são as ideias que expôem ou divulgam, concorde-se ou não com elas.
Gosto de me confrontar com as ideias, por exemplo, do Senhor Templário e com os temas aqui colocados através dos diferentes "posts", independentemente do respectivo autor.
Mas cada coisa a seu tempo, apesar de já ter colocado aqui pistas para a minha identificação noutro blogue existente na rede, associativo e de intervenção nacional.
Ainda é relativamente cedo, dado que nem sempre aqui se discute a regionalização ou, se se o faz, nem sempre se resiste ao enviesamento das ideias ou dos argumentos e, às vezes, ao insulto (desde o ano passado, várias admoestações do coordenador deste blogue tiveram lugar quando a alguns intervenientes faltaram os argumentos).
Os meus respeitosos cumprimentos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Creio que o contrário será mais correcto: o português é o galego (com créditos firmados na poesia do sec.XII-XIII)que evoluiu naturalmente até aos dias de hoje em contraste com o galego que foi abafado culturalmente e, recentemente, "castelhanizado" por imposição política.
Tem toda a razão.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)