Alentejo

Jovens Alentejanos, que futuro?...

É com a maior das tristezas e das mágoas que assisto a um cada vez maior e preocupante despovoamento jovem do Alentejo... Factores como falta de trabalho, falta de serviços médicos básicos, falta de locais de diversão para jovens e não falo de bares e discotecas, mas sim de centros culturais e teatros dinâmicos e activos e de porque não, salas de cinema (veja-se o caso bicudo de Évora ou o paupérrimo caso de Vila Viçosa), falta de dinamismo do comércio local, o menor número de instituições escolares e pré-escolares, vencimentos asfixiantes e humilhantes levam a que os jovens alentejanos abandonem em debandada o Alentejo.

Da minha geração, os que sairam de Vila Viçosa, Borba, Alandroal, Estremoz ou Redondo para estudar noutras cidades do país são muito poucos os que voltaram, sobrando-me os dedos da mão para contar os que como eu, voltaram para sobreviver numa região isolada, asfixiada, envelhecida e cada vez mais condenada à desertificação. E muito menos são os que voltam com as namoradas, companheiras ou esposas de outras zonas do país.

É preocupante a falta de jovens no Alentejo, deparamo-nos cada vez mais com um fosso abismal entre gerações. Actualmente há os idosos, os de meia-idade e depois os adolescentes ou crianças que ainda não ganharam idade para ter asas e, literalmente voar daqui para fora.

Interessa saber quais os culpados de tal situação? Interessa! Mas seria preferível concentrarmos as nossas energias e arranjarmos soluções para fixar no Alentejo os nossos jovens. A criação de incentivos fiscais, mas de facto incentivos merecedores deste nome, às empresas alentejanas e aos jovens alentejanos até aos 35 anos deveria ser uma das medidas implementadas. A criação de vencimentos, digamos, "especiais" para os jovens alentejanos, com o ordenado mínimo a rondar os 650€. Incentivos para o aumento da natalidade e não me parece que os 50€ ou os 100€ ou mesmo 1000€ com que alguns municipios alentejanos brindam os seus jovens me pareça suficiente...

A criação de uma rede pré-escolar e escolar que se adeque aos horários e exigências profissionais dos jovens pais alentejanos seria algo que não se deveria descurar. Implementação de uma rede cultural digna desse nome e de preferência descentralizada, de modo a que a cultura não se centre em Évora, Beja, Portalegre ou Elvas por exemplo, pois é urgente voltar a fazer com que os jovens alentejanos se identifiquem com a sua cultura.

Temos que fazer com que o Alentejo deixe de ser uma região simpática com uma cultura e tradições engraçadas e curiosas, e uma região de passagem obrigatória para o Algarve.

Há que voltar a apostar na agricultura e com acordos pré-estabelecidos com empresas nacionais para o escoamento das nossas produções, há que apostar ainda mais no turismo, há que manter os turistas no alentejo mais que uma ou duas noites no máximo como acontece actualmente, há que atrair o investimento industrial e tecnológico, seja ele nacional ou estrangeiro para o Alentejo e há que conseguir a Regionalização de modo a que sejam os Alentejanos a resolver os seus próprios problemas, pois se estivermos à espera de Lisboa, o resultado é mais do mesmo, o PIDDAC deste ano para o distrito de Évora corresponde a 1,66% do total nacional e houve 5 municipios do distrito de Évora que não foram contemplados com um mísero euro...

Há que lutar para mudar o Alentejo, ou os poucos que como eu voltaram, serão forçados a partir...

Comentários

Anónimo disse…
Alentejanos, amigos. Vou dar uma dica. Querem desenvolver o Alentejo? Sim! Pois, então convidem os Israelitas, desalojados da faixa de Gaza e da Cisjordãnia, para virem para o Alentejo. Em dois/três anos o Alentejo será diferente. Têm dúvidas? Perguntem aos angolanos... Tenho dito...
Anónimo disse…
Caros Regionalsitas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Não será necessário chegar a tanto;ó importante é delinear um programa político de regionalização consistente e orientado para o desenvolvimento e nunca para prolongar no tempo formas diferentes de continuar a dar balões de oxigénio político a um sistema de governação centralizada e centralizadora.
Esse programa ou instrumento político e estratégico de desenvolvimento só poderá ter como suporte a regionalização autonómica: 7 Regiões Autónomas.
Tudo o resto é conversa fiada ou confiada.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)