Sócrates e a Regionalização


Na entrevista ao Diário de Notícias e à TSF:

A regionalização fará parte do programa eleitoral do PS para 2009?

A nossa intenção é, quando tivermos suficientemente sólido aquilo que é a desconcentração administrativa no País, avançarmos, então, para propor aos portugueses uma fórmula de maior autonomia política. Essa é a nossa vontade. Mas não me estou a comprometer.

E prevê que isso venha a acontecer na próxima legislatura?

Essa sempre foi a minha intenção. Veremos se estamos num nível de maturidade indispensável a que um projecto desse tipo possa avançar. Veremos, não me estou a comprometer. O que quero dizer é que neste mandato o que nós fizemos foi desconcentrar os serviços da administração pública numa lógica das cinco regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. E acho que são essas as cinco regiões de planeamento que devem servir de base também para as futuras regiões políticas e administrativas.

Mas com outro mapa, não aquele que foi [considerado no passado]?

Não, outro mapa. Hoje olho para trás e reconheço que foi um erro essa divisão regional. E foi uma das razões, aliás, por que o referendo teve os resultados que teve.
(...)

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

O texto desta entrevista do Senhor Primeiro Ministro, mesmo por curto que seja na sua transcrição, incorre em dois erros políticos básicos:
(1) Erro de diagnóstico ("olhando para trás foi um erro essa divisão regional"),
(2) Erro na solução ("e acho que são essas as cinco regiões de planeamento que devem servir de base também para as futuras regiões políticas e administrativas"),
como manifestação de vontade mas sem comprometimento.
O primeiro erro corresponde a ignorar a diferenciação regional em toda a sua dimensão, mesmo ao nível económico ( faz tábua rasa dos recursos económicos de cada Região), sendo especialmente grave nos aspectos antropológicos, históricos e geográficos essenciais para uma diferenciação necessária ao potenciamento da competitividade futura e permanente e para o desenvolvimento.
Relativamente ao segundo erro, não se pode dizer que é consequência do primeiro, mas da experiência histórica política recente do nosso País, onde a designação das Regiões com base nas actuais regiões-plano constitui a mais cómoda e ineficaz solução para aquartelar administrativa, burocrática e limitadamente os interesses políticos centralizados e centralizadores actuais (própria de políticos-de-turno, sem visão estratégica), contrária a uma solução que sirva a implementação de uma autêntica política de base autonómica e de desenvolvimento regionais (própria de políticos-estadista, com visão estratégica para solucionar os problemas nacionais).
A continuidade de uma política com estas características, sem conteúdo estratégico, regional e desenvolvimentista, só vai contribuir para agravar os problemas ancestrais de desenvolvimento da sociedade em que vivemos e que a crise internacional actual, mais que financeira e a roçar a actividade criminosa, se encarregou de lhe dar uma dimensão inusitada e com prazo de solução indefinido.
E não se pense que o problema do défice orçamental está para sempre resolvido e que o nível da dívida externa é um problema menor.
Tudo, longe disso.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)