Crise: Empresários da Beira Interior alertam Presidente da República e Governo para "miséria nunca vista"

Oliveira do Hospital, 26 Jan (Lusa) -
Uma associação de empresários da Beira Interior alertou hoje, numa carta enviada ao Presidente da República, primeiro-ministro e governador civil de Coimbra, para "situações de desemprego e miséria nunca vistas" e apresentou propostas para atenuar a crise.

Na missiva, o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial do Interior e Beiras (NDEIB) elenca uma série de medidas urgentes para atenuar a crise que se vive nas empresas do interior.

O documento, a que a Lusa teve acesso, surge, segundo afirmou o presidente do NDEIB, Fernando Tavares Pereira, na sequência de uma série de reuniões em que foram auscultados empresários da região.

Na missiva, os empresários alertam para "situações de desemprego e miséria nunca vistas", que vêm dos mais diversos sectores, alertando para "perdas de postos de trabalho de forma irrecuperável".

Esta associação propõe a criação de um Gabinete de Crise em cada Concelho, "pois parece que ao Governo não chega a informação nua e crua sobre a situação real", pode ler-se na carta.

O NDEIB propõe ainda um período de carência por cinco anos para as operações bancárias contratadas pelas empresas, famílias e autarquias, e também um apoio "através do Orçamento do Estado", de 300 milhões de euros "para a banca poder renegociar os pagamentos aos seus fornecedores de capital", justificando que este apoio seria "claramente compensado" com as receitas fiscais das empresas e dos trabalhadores, que assim não perderiam o seu emprego.

Na referida carta, é ainda proposto que se reduza em 2 a 5 por cento as taxas de IRS e que as taxas do IRC no interior do país sejam estendidas a todas as empresas de mão de obra intensiva com mais de 250 trabalhadores.

A carta termina recomendando "o bom senso dos homens, pois os políticos e outros altos dirigentes, de há muito anos a esta parte, não se têm preocupado com as empresas do interior".

Lusa

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,,

Há anos atrás, pertenci à Comissão Directiva do 1º. Congresso do Conselho Empresarial do Centro (CEC).
Nessa época, foi algo difícil congregar posições diferenciadas para se obter uma proposta unânime sobre os temas a incluir na agenda dessa importante reunião de empresários da região centro (Beira Interior e Beira Litoral), mas conseguiu-se depois de muitas reuniões nas diferentes associações industriais, comerciais e/ou de empresários, desde Aveiro a Leiria e desde Coimbra a Castelo Branco, passando por Coimbra.
Era ainda uma época de algum crescimento (não desenvolvimento porque nunca foi muito do interesse da nossa sociedade ou de quem decide politicamente, pelo menos), pontuado por uma ou outra crise sem as dimensões dantescas da actual.
Nesse tempo, ainda, nem sequer se falava da necessidade da regionalização, embora nos situássemos já em pleno funcionamento do regime democrático e do tema estar já incluido no texto constitucional.
O conhecimento que se acaba por ter da triste realidade actual, no quadro do exposto neste "post", não é surpreendente porque ninguém antes teve preocupações de enquadrar a evolução da sociedade portuguesa numa perspectiva de desenvolvimento, isto é, numa perspectiva de médio e longo prazo que a crise actual só veio antecipar e, pior que tudo, agravar dramaticamente.
O que se passa actualmente só justifica que nos debatamos sem tréguas a favor da regionalização numa perspectiva de desenvolvimento equilibrado e autosustentado, após ter-se reunido um consenso indispensável em redor da regionalização autonómica e do que é essencial como intrumento político por excelência para tentar minorar os efeitos das crises futuras, a partir da utilização plena dos recursos endógenos ou próprios de cada região em produções diferenciadas e de qualidade, de objectivos de convergência real e de prossecução de altos desígnios nacionais, tudo acompanhado de uma reestruturação integral e integrada do Estado na sua forma orgânica actual.

Sem mais nem menos.

Anónimo +ró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Agora uma análise mais "comezinha" relacionada com a situação económica e financeira das empresas, não só da Beira Interior mas de uma maneira geral.
As propostas aqui enunciadas poderão aliviar um pouco o estrangulamento financeiro das empresas, mas sê-lo-à apenas conjunturalmente se não tiver sido feito antes uma reestruturação estratégica da empresa para ter a certeza que está a operar os mercados indicados e a fabricar os produtos (bens ou serviços) em condições de serem absorvidos pelos mercados.
Para isto, são exigidos meios financeiros que poderão ou não ser apoiados pelo Estado na configuração de um programa de inovação e reformulação de produtos e processos produtivos, de procura de "melhores" mercados, etc.
Contudo, todas estas acções poderão ficar postas em causa se a empresa tiver uma insuficiência crónica de capitais próprios (na maioria dos casos, é insuficiente ter lucros ou bons lucros; veja-se o caso da banca: os lucros de 2007 não foram bons? Se foram, e parece que ainda continuam mas com muito menor intensidade - por exemplo, o BPI) e novos empréstimos bancários ou mesmo do Estado (isto é, devolúveis com cupão zero, sem juros) serão sempre capitais alheios a devolver, mais cedo ou mais tarde, dando um contributo decisivo para a falência a prazo. É exemplar identificar as situações dramáticas que se têm detectado em várias regiões do País, diagnosticá-las e aplicar-lhes soluções adaptadas às suas causas que muitas vezes são internas e crónicas insuficiências de capitalização e de ausência de estratégia de desenvolvimento, sabendo que o Estado não tem poder nem capacidade para tudo resolver da forma mais adequada.
As medidas aqui propostas não influenciam decisivamente as condições internas de oferta de produtos (bens e serviços) na melhoria da sua qualidade, apenas podem adiar o problema para mais tarde, agravando a situação nuns casos, desagravando pontualmente a situação noutros, mas não evitando o desfecho indesejado em tempo posterior mais que certo.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Anote-se ao ponto a que se chegou: o NDEIB a propor um apoio "através do Orçamento do Estado, de 300 milhões de euros para a banca poder renegociar os pagamentos aos seus fornecedores de capital", justificando que este apoio seria "claramente compensado" com as receitas fiscais das empresas e dos trabalhadores, que assim não perderiam o seu emprego""; aqui pode colocar-se a seguinte questão: o aval do Estado para os emprestimos renegociados/contraidos pelos bancos, para que serviu?
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Depois dos 2 comentários anteriores, apresenta-se agora uma proposta directamente aos sectores de actividade económica de cara Região: criação de uma "Central de Financiamento", à semelhança da criação, nas empresas ou grupos de empresas, das "Centrais de Compras" para se operarem economias de custos de compra pelo critério de dimensão ou de escala; também à semelhança das "Centrais de Vendas" formadas informalmente pelas Associações Empresariais através dos complexos associados às exposições e feiras sectoriais, regionais e de outra natureza.
Se assim tem sido feito porque razão não poderão as empresas, através das suas associações sectoriais, constituir ou criar uma CENTRAL DE FINANCIAMENTO?
Central de Financiamento apta a receber os excedentes de umas empresas para os aplicar noutras com necessidades de financiamento, por justificado desequilíbrio financeiro ou esforço de investimento (para distribuir dividendos é que não), cobrando uma renumeração determinada a contratar entre elas, mediante a intermediação da referida Central de Financiamento.
Isto é que gostaria de ver na gestão estratégica das empresas e das entidades sectoriais que as representam, exigindo sempre o contributo de quem tem a obrigação material e moral de o fazer, sem andar a pedir permanentemente ao Estado seja o que for, inclusivamente só dinheiro. Ao Estado também tem que se exigir competência técnica e política.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS- Esta proposta da Central Financeira por sector de actividade é tão fácil de implementar. O mais difícil é quererem.
Caro Anónimo pró-7RA.

Interessantes, sem dúvida, estas suas propostas.
Anónimo disse…
Caro António Felizes,

Reitero a minha profunda convicção na grande utilidade destas propostas ao nível do financiamneto intra e inter-empresarial, de forma a enquadrar o sector financeiro nos limites da parca utilidade que tem para o sistema económico, enquanto sistema (único) de criação de valor.
A idiossincrasia dos empresários portugueses é o seu pior inimigo., tolerada pelas associações, industriais, comerciais e de empresários de toda a moda e feito, lamentavelmente. Nem sequer sabem defender-se dos perigos imediatos e mais importantes, para se preocuparem, lá sabem porquê, apenas com os "peanuts".
Esta proposta da "central Financeira Sectorial" já tem sido formulada noutros fóruns, mas a "distracção habitual" tem contribuido para ser totalmente ignorada (sabe-se lá porque razões). Por isso, criticar sim, mas completar as críticas com propostas exequíveis e verdadeiras alternativas.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Daqui por algum tempo, deixam "esquecer a coisa" e surge um peregrino desencantado não sei donde para se apresentar como seu "dono irreverssível".
"A tomada de território alheio sempre esteve no nosso sangue", infelizmente.