Empresários querem infra-estruturas para a Raia

Com a Cimeira Ibérica à porta, empresários de Portugal e Espanha defendem que é crucial impulsionar as infra-estruturas na região transfronteiriça para atingir a sustentabilidade de zonas «esquecidas» e que vivem com um «profundo défice de desenvolvimento».

O apelo surge num documento preparado em encontros entre representantes de organizações empresariais de Portugal e Espanha que vai ser levado à cimeira luso-espanhola que decorre na quinta-feira, dia 22 de Janeiro, em Zamora (Espanha).

O texto foi subscrito por organizações empresariais de Zamora e Salamanca em Espanha e do Norte e Centro de Portugal (Bragança, Vila Real e Guarda).

A principal preocupação manifestada é com a chamadas «zonas social e economicamente deprimidas», que continuam a perder população. Trata-se sobretudo de zonas fronteiriças, onde é preciso aumentar as ligações ferroviárias e rodoviárias, garantir um bom e rápido acesso à Internet, às comunicações móveis ou mesmo à televisão por cabo.

A luta é por garantir nessas regiões condições propícias para que as populações também tenham acesso ao desenvolvimento, retirando-as do isolamento e do esquecimento em que se encontram.

«Somos os grandes esquecidos pelos governos. Somos poucos e em ambas as zonas os votos são relativamente poucos. Como o peixe está todo vendido, esquecem-se de nós», frisou Ángel Herrero Magarzo, presidente da Confederação de Organizações Zamoranas de Empresários em declarações à agência Lusa.

Dentre os projectos que o documento defende para as zonas raianas destacam-se a ampliação da auto-estrada A11 até à fronteira com Portugal, a criação de novos parques logísticos, a reabertura da linha ferroviária da Rota da Prata, uma ponte internacional sobre o Douro, a construção da auto-estrada entre Bragança e Puebla de Sanabria e a ligação ferroviária directa entre Madrid e o Porto - passando por Salamanca.

O texto insta ainda os dois governos a desenvolverem as telecomunicações e o acesso à banda larga nas zonas transfronteiriças, para reduzir o défice nesta matéria que sentem as populações dessas regiões.

Além das áreas logísticas já existentes, os empresários defendem ainda a criação de novas zonas, para garantir uma cobertura ao longo de toda a fronteira, citando com exemplos possíveis a Guarda e Salamanca. E querem um observatório que analise a evolução económica e social da zona da fronteira e o desenvolvimento de um parque tecnológico empresarial transfronteiriço na área de energias renováveis e ambientais.

Segundo o texto é ainda vantajoso apostar em estruturas de apoio que aumentem a competitividade das empresas do sector agro-industrial e o estabelecimento de uma rede de cooperação para promover a criação de consórcios de empresas da fronteira.


in Capeia Arraiana (Sabugal, Beira Interior)

Comentários

hfrsantos disse…
TGV Madrid Galiza passa a alguns km da fronteira com Bragança sem paragens nem ligaçao a linha convencional Porto-Bragança. Uma perda para a regiao de Tras os Montes.

Ainda nao ha ponte ferroviaria sobre o Guadiana para que o comboio vaia de Faro a Sevilha.

Linha entre Guarda e Salamanca existe mas nao é utilizada pelos comboios que chegam a Guarda, impedindo a ligaçao entre Beiras e Espanha por via ferroviaria.

ConeXao entre Portugal e Espanha por comboio esta abandonada.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Irá decorrer mais uma cimeira luso-espanhola cujos governos centrais assumirão o protagonismo necessário para a conclusão de acordos que completem a prossecução de objectivos políticos comuns aos dois países, sendo o governo espanhol acompanhado de dirigentes regionais autónomos legitimados pelo voto, enquanto o governo português será acompanhado por dirigentes das comissões de coordenação regional nomeados administrativamente.
Esta diferença não é simplesmente semântica e acaba por desequilibrar a balança da defesa dos interesses genuinamente regionais, alguns dos quais acabam por não ser defendidos nem optimizados e outros que ainda podem beneficiar do usufruto de infraestruturas de ligação entre os dois países, histórica e culturalmente importantes, para além de poderem beneficiar as populações das localidades onde se encontram instaladas.
Neste domínio, também se verificam as chamadas e tão na voga "imparidades políticas", responsáveis por descoordenação e atraso na prossecução de objectivos de desenvolvimento regional e de complementaridade das decisões que potenciem as actividades transfronteiriças, essenciais à execução de uma política de fixação das populações às suas terras de naturalidade, tanto do lado de cá como do lado de lá, sabendo-se antecipadamente que, do lado de lá, há anos que têm sido desenvolvidos projectos de dinamização da actividade económica fronteiriça com o apoio decisivo das universidades castelhanas situadas mais perto das fronteiras (Salamanca, por exemplo).
Por isso, neste domínio da forma, estilo e substância das habituais cimeiras luso-espanholas, a regionalização autonómica estabeleceria uma paridade em relação às regiões espanholas e ditaria uma maior atenção do nosso governo central aos problemas de natureza inteiramente regional, atenção essa que nenhuma região (as das 5 regiões plano ou administrativas, tuteladas pelas actuais CCDR's) do nosso País tem força política para reclamar, infelizmente.

Sem masi nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Caro Afonso Miguel,

No sentido de tornar a leitura mais fácil e mais fluída em monitor de computador, tomei a liberdade de espaçar alguns pontos.

Cumprimentos,