Regionalização em Trás-os-Montes

A defesa da região administrativa de Trás-os-Montes e Alto Douro perdeu adeptos entre os promotores do movimento que no referendo de 1998 reuniu gente de vários quadrantes políticos agora disposta a aceitar a grande região Norte


«O que importa é que se faça a regionalização», é a opinião mesmo daqueles que discordam do modelo das cinco regiões administrativas apontado pelo secretário-geral do PS, José Sócrates na moção em que promete relançar o assunto na próxima legislatura.

«Prefiro que haja regionalização do que não haja região nenhuma», disse à Lusa o presidente da Câmara de Mirandela, o social democrata José Silvano promotor e fundador do movimento pela criação da região de Trá-os- Montes e Alto Douro no referendo de 1998.

Silvano lutou contra a posição do próprio partido, o PSD, mas passados dez anos garante que não avançará com uma iniciativa idêntica.

Embora continue a defender a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, o social democrata diz que votará 'sim' num novo referendo sobre a regionalização, mesmo que a proposta seja a criação de cinco regiões.

O autarca continua a acreditar que Trás-os-Montes e Alto Douro «perderá» dentro da grande região Norte, mas aceitará esta solução se não surgirem outras propostas para além da de José Sócrates.

Na moção que vai apresentar ao congresso do PS, Sócrates afirma que «o compromisso político do PS é avançar mais na descentralização de competências para as autarquias locais. E é procurar o apoio político e social necessário para colocar com êxito, no quadro da próxima legislatura, e nos termos definidos pela Constituição, a questão da regionalização administrativa, no modelo das cinco regiões».

O modelo apontado corresponde às actuais cinco regiões plano geridas pelas comissões de coordenação e desenvolvimento regional do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

Esta é a solução apoiada por Mota Andrade, deputado na Assembleia da República por Bragança e presidente da federação distrital do Partido Socialista.

Em declarações à Lusa, Mota Andrade disse já não ser defensor da região de Trás-os-Montes e Alto Douro e que já o tinha dito no congresso do PS, há quatro anos.

«Há 10 anos nenhum de nós tinha bem a noção das consequências da globalização», disse, considerando que «só com mais escala e dimensão é que pode haver competitividade, nomeadamente com as regiões vizinhas espanholas da Galiza e de Castela e Leão».

«Regiões de fraquíssima densidade demográfica não têm condições de competitividade, daí achar que a região Norte servirá melhor os interesses de Bragança», afirmou.

Mota Andrade foi, há dez anos, um dos quatro fundadores do movimento pela criação da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, junto com os sociais democratas José Silvano e Jorge Nunes, presidente da Câmara de Bragança, a quem não foi possível ouvir por se encontrar de férias.

O quarto fundador é o socialista Jorge Gomes que há dez anos era presidente da associação empresarial do Distrito de Bragança (Nerba), e actualmente é o governador civil do Distrito.

Contactado pela Lusa disse que não comenta este assunto.

Lusa/SOL

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

O autarca é partidário dos serviços mínimos, em relação à regionalização, mas não é certamente o único, porquanto terá muitos partidários deste ponto de vista por este nosso País além.
O que pretende é que a regionalização avance porque é preferível ter alguma regionalziação, mesmo que seja mal concebida e pior implementada, do que não ter regionalização nenhuma.
Este senhor autarca já devia ter tido alguém que o aconselhasse a considerar que a pressa é mal conselheira, deixa o trabalho por completar e nem sequer se preocupa saber em que condições orgânicas, materiais e de cooperação deverá a regionalização ser implementada.
E, provavelmente, muito menos se preocupa em saber se o Estado deve ser reestruturado em função da regionalização (O senhor Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira até já fala em "Refundação do Estado); como vêm, existem posições para todos os gostos e controvérsias que é o que está a dar à perna dos lucros dos órgãos de comunicação social e é tão fácil partir do 8 para o 80 (e vice-versa, quando convém), nestas circunstâncias, para cada um acabar por dizer o que quer e o que lhe apetece, sem objectivos nacionais ou regionais e sem racionalidade e respeito pelas populações que acabam por financiar tudo isso e muito mais.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)