Regionalização no Algarve

Eu sou um regionalista convicto e entendo que a existência de um poder de proximidade regional, será o motor de uma visão mais justa e dimensionada para as especificidades de cada região.

A batalha da regionalização até hoje não foi ganha, muito por culpa da forma como os deputados eleitos pelos Distritos para além de Lisboa, claudicaram nos seus votos pela defesa dos interesses de quem os elegeu. Trocaram o conforto e as mordomias do lugar, pelo abandono do afrontamento dos seus chefes, ainda que esssa atitude representasse décadas de atraso para as regiões que juraram defender.

Os dirigentes dos Partidos de matriz nacional, que sempre resistiram e matreiramente condicionam a abordagem da regionalização, aos próximos resultados eleitorais, têm noção da perda da sua influência. Sabem que vão ter que refundar muitas das suas estratégias e políticas, adaptando-as à existência de novos e variados interesses e objectivos, emanados das forças regionais.

Tal como o Norte, aproveitando os efeitos da crise que atravessamos, voltou a despertar e entende que é possível implantar uma nova ordem, também o Algarve, deve levantar a sua voz e exigir que os candidatos às próximas legislativas se comprometam com o eleitorado, que não vão aceitar o adiamento da implementação da regionalização.

O Algarve, no actual contexto de crise e dada a sua super dependência do produto Turismo, poderá ser a Região que mais problemas enfrentará, ficando muito mais empobrecida e com dificuldades de vários níveis que se poderão arrastar por vários anos.

A perda da capacidade financeira do tecido económico, que trava a renovação e modernização, deixa-nos na dependência dos investimentos centrais, ficamos enfraquecidos negocialmente e à mercê de quaisquer pressões centralizadoras e de adiamento.È nesta perspectiva, que temos de estar atentos e aumentar as exigências sobre os interessados aos lugares de eleição para deputados.

E acresce que, os projectos de investimento centrais previstos para o Algarve, o Hospital Central, a requalificação da EN 125 e a barragem de Odelouca, que vêm atrasados, ficam aquém das nossas necessidades e neste momento exigiam-se respostas prontas, através de um Plano Específico de Emergência, de aumento da divulgação do destino turístico, de modo a evitar falências, despedimentos e situações sociais explosivas.

Nos últimos dias assistimos a gritos de alerta, com acções reivindicativas sectoriais, esquecendo outros sectores, que revelam a gravidade da situação e o temor pelo futuro mas que não servem os objectivos globais.A situação pede reacções e respostas globais e nenhuma entidade aparece no horizonte a defender esta posição estratégica.

O Algarve sempre foi olhado de lado, nunca recebeu as contrapartidas do seu esforço e contributo para a economia nacional e pelos horizontes curtos do actual presidente da CCDRA e dos seus antecessores, a quem problemas como a sazonalidade, a recuperação e conservação dos centros históricos e a coordenação de projectos intermunicipais não lhes diz nada, vivemos dias conturbados e não saímos do discurso de que para a próxima legislatura é que é.

Luís Alexandre
 "
Defesa de Faro"

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Com maior ou menor intensidade, a tipologia dos problemas enunciados por esta ou aquela Região é essencialmente a mesma, apenas divergente nas assimetrias de desenvolvimento, afectando mais umas que outras. E disto já toda a gente tem conhecimento.
Tem conhecimento e consciência que tais assimetrias terão de ser banidas do território nacional, o mais depressa possível, porquanto a persistência de bolsas de subdesenvolvimento num determinado País, seja ele qual for, constitui o factor essencial para a existência de graves factores de instabilidade política, económica e social, não só no tempo presente como a prazo.
Por isso, a consciência da necessidade de implementação orientada para o desenvolvimento tem de ser alicerçada em soluções estáveis de médio e longo prazo que contrariem as de curto prazo e, mais importante ainda, que impeçam a continuidade de políticas (se é que o têm sido) de continuidade de um sistema de governação centralizado e centralizador como o actual.
É decepcionante verificar o entusiasmo carreirista, quase automático e ligeiramete fundamentado de muitos no aplauso à solução de uma "política de regionalização" (ou pelo menos classificada como proposta de candidatura a moção de estratégia partidária e, posteriormente, como propostas eleitoral e de governo) assente no administrativismo actual sob a capa da legitimidade eleitoral com a fórmula para as 5 Regiões Administrativas, mais em obediência cega a critérios de ordem estatística (as NUT III, já aqui apelidadas de artificiais) do que a exigências reais e avançadas de desenvolvimento de base histórica, antropológica, geográfica e cultural associadas às populações de cada uma das Regiões que só poderão ser Autónomas (a partir das 11 Províncias, Regiões Históricas ou Naturais), a saber, mais uma vez:
* Região Autónoma de Entre Douro e Minho:
- Província do Minho
- Província do Douro Litoral
* Região Autónoma de Trás-os-Montes e Alto Douro:
- Província de Trás-os-Montes e Alto Douro
* Região Autónoma da Beira Litoral:
- Província da Beira Litoral
* Região Autónoma da Beira Interior:
- Provínvia da Beira Alta
- Província da Beira Baixa
* Região Autónoma da Estremadura e Ribatejo:
- Província da Estremadura
- Província do Ribatejo
* Região Autónoma do Alentejo:
- Província do Alto Alentejo
- Província do Baixo Alentejo
* Região Autónoma do Algarve:
- Província do Algarve

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Sempre se afirmou que o processo político da regionalização é genuinamente de longo prazo e que em nada impresionam eventuais "vitórias" efémeras logo à partida do processo. Como se costuma dizer, a procissão ainda não saiu da igreja, está em formação e, quando sentirem a necessidade de "ir mais longe" fazem-se votos que o não façam à pressa para não continuarem a cometer mais erros políticos grosseiros e passarem a exercer política estadista em ves de política-de-turno.
hfrsantos disse…
O Algarve é muito dependente do Turismo, porque os outros setores de atividade (agricultura, ciencia, serviços) estao desestruturados, desorganizados, deixados ao abandono.
Se houvesse um Governo Regional do Algarve os algarvios nao teriam que emigrar para Lisboa, Porto ou estrangeiro para aprenderem uma profissao.
Um Governo Regional poderia vigiar a organizaçao da agricultura algarvia, onde os pequenos agricultores subsistem na pobreza.
Governo Regional Algarvio poderia apoiar a ciencia, a investigaçao e a industria algarvia.

é preciso dir que se o Algarve é dependente do turismo é porque os dirigentes lisboetas so pensam no Algarve nos meses de Julho e Agosto para ferias, mas os algarvios que residem todo o ano teem que emigrar para estudar, trabalhar e para cuidados de saude em Lisboa pelo abandono completo dos restantes setores de atividade.
Anónimo disse…
É assim mesmo. Os algarvios, a meia dúzia de algarvios com condições para governar o Algarve Regionalizado, não querem saber disso. Lisboa é que é bom. Sempre foi assim e sempre assim será...
É confrangedor ver a classe dirigente do Algarve. Rapazes bem comportados, bem intencionados, sim. Mas e a competência, Senhor?
Dos autarcas algarvios, quase todos bons autarcas no seu município, aproveita-se, quem?
Macário Correia? Talvez!...
Cadê os outros? É muito pouco...