Regionalização, duas faces ou dois perigos?

O Sr. Eng. Sócrates está fortemente empenhado na regionalização do nosso país, com exclusão (suponho) dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores.  Ou talvez não.

O modelo a discutir e a propor pelo PS poderá inclui-los ou não. Se incluídos, podemos admitir 2 cenários:

- Incluídos, para beneficiarem de uma legislação que reforce as competências e responsabilidades das novas Regiões, todas iguais, com um nível superior de autonomia.

- Ou incluídos, mas obrigados a aceitar a nova legislação, mesmo mais restrita em termos de autonomia, para que todas as Regiões tenham o mesmo estatuto.

Se as 2 Regiões existentes não forem incluídas isso só poderá significar que o plano de regionalização do nosso território continental não será suficientemente ambicioso.
O que dará, rapidamente, origem a uma luta declarada por cada Região para conquista de mais autonomia.

Ou, talvez não. E isso (só) pode suceder se a regionalização não for mais do que uma maquinação política, com objectivos partidários. Conquistar mais “espaço” para alimentar a clientela ávida de mais benesses.

O rei conquista território que depois distribui pelos seus seguidores.

Mas este cenário pessimista poderá ser exagero, deformação da minha mente. E digo-o com a convicção de quem acredita nas vantagens da regionalização democrática, em que o poder do Estado Central não se prolongue, não subsista, de forma mais ou menos subtil, e o eventual futuro poder regional pouco ou nada tenha de verdadeiro poder.

É por causa desta dúvidas, destas e doutras alternativas que eu sou a favor e contra a regionalização.

Sou a favor da “boa” regionalização (que realmente transfere o maior número de competências possível para o poder regional) e sou contra a “má” regionalização (em que o poder central continua de forma habilidosa a manter todo o seu poder).

"alcaçovas"

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Regionalização Autonómica. uma só face e múltiplos benefícios sociais, nunca particulares.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Mas as regiões autónomas não têm o mesmo estatuto. A Madeira tem uma regionalização e os Açores têm outra. Cada 100 euros que os açorianos gastam, 25 são enviados de Lisboa, portanto dos impostos dos continentais. No futuro será assim, para mais regiões... Lisboa, Madeira e o Algarve, já estão a pagar...
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Sempre se pagou; há cerca de 30 anos, a instalação de um posto telefónico numa aldeia recôndita da Região Autónoma de Trás-os-Montes, da Região Autónoma do Alentejo ou de qualuqer outra correspondia a um investimento médio de cerca de 1.000€; o tráfego gerado por esta instalação só ao fim de alguns decénios é que gerava receita suficiente para pagar o investimento; logo, foram as zonas territoriais mais densas do ponto de vista telefónico, as mais lucrativas, a pagar o "défice" daquele investimento (e esta situação verifica-se nas restantes actividades prestadoras de serviços às populações, o que leva inevitavelmente à retracção dos investimentos quando as empresas são privadas).
Sempre foi assim e assim continuará, pretendendo-se com a regionalziação a minimização daqueles défices, através do incremento da produção própria com empresas próprias (regionais), da valorização de todos os seus recursos e tudo em conjunto contribuir para reduzir os défices externos de diferente origem e o nível elevado de endividamento externo, em que ambos são gerados, numa elevada percentagem, pelas populações que habitam as regiões situadas no litoral (neste caso, as populações do interior e de norte a sul estão a pagar ao exterior, sem terem beneficiado de um consumo de bens correspondente, uma boa parte do excesso de consumo de bens das gentes do litoral que vai muito para além da produção obtida com recursos nacionais).
Agora apetece perguntar: - Quem paga o quê e de quem?

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Ninguém se convença que as medidas anunciadas e tomadas para combater a crise a vão debelar (ênfase parcial e demasiado financeira); provavelmente até poderá gerar efeitos contrários; o "turn around" das organizações e dos sistemas (sejam de que natureza forem) é impossível realizar-se com os mesmos protagonistas, independentemente do seu lugar e natureza (vejam, nos EUA, por coincidência ou não, até mudaram e muito), por um lado; como também tal não será possível "safar" seja o que for, se não atingir o cerne da produção como criação de valor, aumentando-a, melhorando-a, diversificando-a, valorizando os recursos internos, complementando-a com a cooperação e, "last, but not the least", se não tiver condições de repartição da riqueza produzida diferentes da que tem vindo a aplicar-se no nosso sistema económico: em tom popular, "1 para ti, 10 para mim" (se esta regra não mudar, depois não se queixem que o "pessoal" só se esforça para trabalhar na base dos "serviços mínimos" que, como sabem, é uma espécie de "greve vingativa"; já um "guru" americano teve a oportunidade de colocar o dedo nesta ferida que só provoca dor por ser VERGONHOSA e que, a prazo, colocará em causa a nossa independência como país soberano e sera gerador de forte instabilidade social). Está-se a exagerar? É bem possível, mas também não. Deixe-se o tempo passar.