CP encerra "temporariamente" as linhas do Corgo e do Tâmega

A identificação de problemas de segurança é o argumento apresentado por CP e REFER para justificar o encerramento temporário, a partir desta quarta-feira, das linhas ferroviárias do Torgo e Tâmega. As empresas prometem assegurar transportes rodoviários alternativos, mas a população mostra-se descontente e já levou os protestos à estação de Carrazedo.

"Não acreditamos nos políticos de Lisboa", afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Ermida durante uma acção de protesto. Imagem: RTP

Um comunicado conjunto rubricado pelas empresas CP e REFER confirma o encerramento temporário das linhas do Corgo, entre Peso da Régua e Vila Real, e do Tâmega. Ao mesmo tempo, condiciona a reabertura da Linha do Tua, que "se encontra em boas condições técnicas e de segurança", "à decisão que vier a ser tomada relativamente à construção da barragem da Foz do Tua". Até lá, permanece interrompida a circulação no troço entre o Cachão e a Foz do Tua.

A decisão foi tomada depois de terem sido "identificados factos negativos relacionados com a condição técnica das linhas de bitola métrica do Tâmega, Corgo e Tua". Os problemas de segurança foram detectados na sequência do inquérito ordenado pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações após os acidentes na Linha do Tua.

As obras de reparação das linhas ferroviárias do Corgo e Tâmega deverão arrancar dentro de quatro meses.

"A REFER e a CP concluíram pela necessidade de suspender a operação do serviço ferroviário nas linhas do Tâmega e do Corgo e manter a suspensão do serviço na Linha do Tua entre o Cachão e a Foz do Tua, até se executarem

as intervenções necessárias ao cumprimento do normativo técnico estabelecido".

Encerramento do Corgo motiva protestos

Na terça-feira, o governador civil de Vila Real explicava que a decisão de vedar os 26 quilómetros da Linha do Corgo "resultou de uma inspecção de qualidade que detectou que o percurso não estava nas melhores condições de segurança". Embora tenha garantido que a interrupção será temporária, Alexandre Chaves escusou-se a adiantar quaisquer prazos para o termo das obras.

O comboio é o único transporte público à disposição das populações servidas por uma linha que atravessa várias localidades, entre as quais Alvações do Corgo, Santa Marta de Penaguião e Ermida. Apesar de a CP assegurar as ligações com transp

ortes rodoviários alternativos, que terão o mesmo horário das composições ferroviárias, o encerramento da infra-estrutura deu lugar a protestos por parte dos utentes.

Perto de meia centena de pessoas ocuparam esta noite a Linha do Corgo na estação de Carrazedo, impedindo a passagem de uma automotora. O presidente da Junta de Freguesia da Ermida foi o porta-voz da indignação. José Borges denuncia a falta de respeito da Administração Central.

"É um protesto de repúdio pelos políticos deste país, que não têm respeito pelos cidadãos", afirmou o autarca à RTP.

"De um momento para o outro, fechou-se uma linha sem avisar os cidadãos que teriam de se deslocar amanhã para Vila Real e para a Régua. Há alunos que vão para as escolas, há pessoas que vão trabalhar", salientou o presidente da Junta de Freguesia, acusando CP, REFER e Governo de "não terem informado atempadamente as populações sobre os transportes alternativos".

José Borges mostrou-se também céptico quanto à qualidade dos transportes alternativos: "As estradas são péssimas, estreitas e quase semi-rurais".

O primeiro autocarro partiu esta manhã, cerca das 7h00, da estação do Peso da Régua para Vila Real.

RTP

Autarca de Ermida responsabiliza CP por atrasos dos alunos

O presidente da Junta de Freguesia da Ermida (Vila Real) responsabilizou hoje a CP, que suspendeu a circulação na Linha do Corgo, pelos atrasos dos alunos das escolas do concelho e apontou a «completa desorganização nos transportes alternativos».

«A CP não deu nenhuma informação a ninguém sobre os transportes alternativos. Não têm respeito nem pela junta nem pela população», disse José Borges à agência Lusa, sublinhando que a situação na freguesia é de «caos completo».

A circulação ferroviária nas linhas do Corgo e Tâmega foi hoje encerrada provisoriamente devido a problemas técnicos.

De acordo com o autarca da freguesia de Ermida, como as ruas são estreitas e as curvas apertadas, os autocarros que estão a funcionar como transporte alternativo não conseguem passar e, logo, ficam impedidos de recolher os passageiros nas estações e apeadeiros.

«As pessoas não sabem onde têm autocarros e vão-se juntando em grupos«, exemplificou, lembrando que muitos alunos tiveram de ir a pé para as escolas.

Questionado a frequência dos transportes alternativos, o autarca disse não saber, alegando que o serviço »está a ser feito de forma muito desorganizada porque nada foi planeado«.

Diário Digital

Autarca de Amarante «apanhado de surpresa»

O presidente da Câmara Municipal de Amarante, Armindo Abreu, disse que foi «apanhado de surpresa com o encerramento da linha do Tâmega», troço ferroviário de 13 quilómetros entre Livração e a cidade.

O autarca disse que a Secretaria de Estado dos Transportes tentou contactá-lo sem sucesso, mas só esta quarta-feira é que vai tentar saber junto da tutela «o que está na base da decisão do encerramento da linha férrea».

O presidente da Câmara reafirmou a sua promessa de «aceitar a exploração» comercial da linha-férrea, desde que a manutenção seja executada pela Refer.

O «caos completo»

«A CP não deu nenhuma informação a ninguém sobre os transportes alternativos. Não têm respeito nem pela junta nem pela população», disse o presidente da Junta de Ermida, José Borges, sublinhando que a situação na freguesia é de «caos completo».

De acordo com o autarca, como as ruas são estreitas e as curvas apertadas, os autocarros que estão a funcionar como transporte alternativo não conseguem passar e, logo, ficam impedidos de recolher os passageiros nas estações e apeadeiros.

«As pessoas não sabem onde têm autocarros e vão-se juntando em grupos», exemplificou, lembrando que muitos alunos tiveram de ir a pé para as escolas.

Confrontada com estas críticas, fonte da CP admite a «surpresa» dos utilizadores , mas recusou o cenário de «desorganização» no local.

TVI 24

Comentários

Anónimo disse…
Mais uma vez os portugueses do Norte e os turistas que nos visitam sofrem com medidas centralistas de fecho de linhas, agora travestidas em fechos por razões de segurança. Estas três linhas fazem muita falta às populações locais, para irem para a escola, para o trabalho, ao médico e por aí adiante.
Não esqueçamos que a linha do Douro devia, já há muito tempo, ter sido retomada até Barca de Alva, aproximando Portugal e a res regiões de Castela, podendo escoar ou abastecer os habitantes de Salamanca e outras cidades dessa zona. Um aspecto final: com as linhas fechadas para onde irão os turistas ingleses e não só que se deslocam a Portugal, expressamente, para viajarem nestas linhas? São turistas e divisas que não vão entrar, prejudicando, como de costume, sempre o Norte, principalmente as populações do interior.
Anónimo disse…
com estas e com outras lá se vão aumentando as soluções politicas para a futura barragem no tua...