Direcção do PSD não quer a Regionalização

Regionalização não é prioritária diz Ferreira Leite

PSD "é a favor do reforço do municipalismo", um dos meios para combater as desigualdades existentes em Portugal.

A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, defendeu que a discussão sobre a regionalização não é, de momento, prioritária, ainda que seja um assunto que "está sempre na agenda política".

Manuela Ferreira Leite participou, na quinta-feira à noite, em Viseu, no Fórum Portugal de Verdade sobre "Desigualdades no país", dominado pelo tema da regionalização.

No final, a líder social-democrata disse aos jornalistas que, atendendo ao "momento que o país atravessa, de crise, de grandes problemas estruturais", não é oportuno neste momento avançar para essa discussão.

"Quando se discutem problemas de diferenças no desenvolvimento do país, regiões periféricas e regiões interiores, a regionalização vem sempre como elemento estruturante para muitos daqueles que consideram que essa é uma solução para o país", afirmou.

Na sua opinião, este é "um ponto que não pode deixar de ser ponderado em qualquer programa de Governo", mas não neste momento, "até porque, de acordo com a Constituição, ter-se-ia sempre que proceder a um referendo" e "não é num ano de três eleições que ainda se poderia fazer mais um referendo".

Manuela Ferreira Leite lembrou que o PSD "é a favor do reforço do municipalismo" e defendeu este é um dos meios para combater as desigualdades existentes em Portugal.

"Tem havido uma falha grande por parte das orientações políticas no facto de o verdadeiro municipalismo que o PSD sempre defendeu e que está na origem da sua constituição, não ter tido o desenvolvimento adequado àquilo que o país precisa. E isso, efectivamente, tem dado um desequilíbrio no desenvolvimento harmonioso do país", sublinhou.

Também Couto dos Santos, gestor e antigo ministro do PSD, defendeu que este não é o momento oportuno para discutir a regionalização.

"Em momento de crise, quando não há dinheiro, a gente deve procurar arrumar a casa e depois dela arrumada então trata das coisas", afirmou, considerando que agora é tempo "de mudar de política e de Governo".

O ex-ministro lembrou que fez campanha contra a regionalização mas que, nos últimos quatro anos, passou "a ser regionalista e a não gostar das maiorias absolutas".

"Hoje sou defensor de uma regionalização sem custos, que é possível, porque o que se tira de Lisboa dá para as regiões: menos deputados, menos administração, menos ministros e secretários de Estado", defendeu.

Couto dos Santos lamentou que "cada vez mais" todos os assuntos passem por Lisboa, o que "para a actividade económica é desastroso", e aludiu mesmo à existência de uma côrte na capital.

"A côrte por onde têm que passar todos aqueles que querem ter oportunidades, projectos de investimento. Custa-me, por vezes, assistir a alguma subserviência de quem já tem tanto dinheiro", acrescentou.

Já o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, apontou medidas para acabar com as "grandes desigualdades" do país, como "atribuir às NUT III de fronteira e NUT adjacentes, em que os índices de convergência sejam inferiores a 90 por cento da média nacional, o estatuto jurídico de interioridade, tal como às regiões autónomas dos Açores e Madeira foi garantido o estatuto de insularidade".

"Nove das dez NUT III de fronteira (retirada a NUT Algarve) com PIB per capita inferior a 90 por cento da média nacional, representam 50 por cento do território, mas só 10,74 por cento do PIB nacional", explicou.

|JN|

Comentários

Rui Farinas disse…
Para os centralistas,está por descobrir qual "o momento oportuno" para se implementar a regionalização. Há uma dezena de anos que alinham as mais variadas razões para explicar que "agora não". Um destes dias,à falta de melhor,ainda vão justificar mais um adiamento com o argumento de que o buraco no ozono está a aumentar!