REGIONALIZAÇÃO
No alto da Serra,
cajado na mão,
vi um pastor chorando,
p´ra cá do Marão...
E vi uns Mercedes dos mais requintados
vindos de Lisboa com engravatados,
que junto a uma fonte estacionados,
sorviam aquela água, que é tão boa!
- Porque choras, pastor?- eles perguntaram.
- Choro, porque isto é triste, muito triste,
há frio, há fome, há desilusão,
a chuva molha mesmo,
a neve é feia e preta,
de Verão isto é a panela,
dentro da qual eu sou torresmo!
Choro com dor e desespero,
porque tinha esperança e agora não
de acabar com esta escravidão!...
- Mas... tu, pastor...(tornaram-lhe eles)
tu não deves chorar,
deves-te até orgulhar,
pois desse esforço e desespero teu,
desse teu trabalho verdadeiro,
se orgulha de ti Portugal inteiro.
Repara, pastor
os outros fazem greve, tu não;
na cidade há fumo e poluição,
e tu, tens aqui este ar puro desta linda serra,
que torna tão fortes os da tua terra!...
Não, não chores pastor
não tens sindicato, mas isso que importa?!
férias para ti, é palavra morta,
mas tens os passarinhos
tens toda a natureza, os teus cordeirinhos...
e lá por trabalhares todo o ano,
lá por um dia ao outro ser sempre a ele igual,
deves orgulhar-te, meu sincero HEROI,
meu TRANSMONTANO!...
És tu o exemplo que o Governo aponta
és todo o orgulho de toda a nação,
és tua a Glória do nosso PORTUGAL!
Então o pastor, lança o cajado ao chão...
olhou-os de frente...e sorriu:
- Ide p´rá puta que vos pariu!!!
DUREDÃO SELVA (anagrama de Eduardo Alves)
NORDESTE CULTURAL - 1982
No alto da Serra,
cajado na mão,
vi um pastor chorando,
p´ra cá do Marão...
E vi uns Mercedes dos mais requintados
vindos de Lisboa com engravatados,
que junto a uma fonte estacionados,
sorviam aquela água, que é tão boa!
- Porque choras, pastor?- eles perguntaram.
- Choro, porque isto é triste, muito triste,
há frio, há fome, há desilusão,
a chuva molha mesmo,
a neve é feia e preta,
de Verão isto é a panela,
dentro da qual eu sou torresmo!
Choro com dor e desespero,
porque tinha esperança e agora não
de acabar com esta escravidão!...
- Mas... tu, pastor...(tornaram-lhe eles)
tu não deves chorar,
deves-te até orgulhar,
pois desse esforço e desespero teu,
desse teu trabalho verdadeiro,
se orgulha de ti Portugal inteiro.
Repara, pastor
os outros fazem greve, tu não;
na cidade há fumo e poluição,
e tu, tens aqui este ar puro desta linda serra,
que torna tão fortes os da tua terra!...
Não, não chores pastor
não tens sindicato, mas isso que importa?!
férias para ti, é palavra morta,
mas tens os passarinhos
tens toda a natureza, os teus cordeirinhos...
e lá por trabalhares todo o ano,
lá por um dia ao outro ser sempre a ele igual,
deves orgulhar-te, meu sincero HEROI,
meu TRANSMONTANO!...
És tu o exemplo que o Governo aponta
és todo o orgulho de toda a nação,
és tua a Glória do nosso PORTUGAL!
Então o pastor, lança o cajado ao chão...
olhou-os de frente...e sorriu:
- Ide p´rá puta que vos pariu!!!
DUREDÃO SELVA (anagrama de Eduardo Alves)
NORDESTE CULTURAL - 1982
Comentários
Mais uma prova de que Trás-os-Montes não é "norte". É, tão só e simplesmente, Trás-os-Montes!
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Este poema representa também o papel bacoco, ignorante e arrogante dos muitos ocupantes de mercedes, bmw e audi's, provenientes da cidade-capital (mas naturais e traidores das futuras regiões autónomas do interior), incapazes de suspender a ofensa de considerarem menores de pensamento e de ctitério muitos dos seus conterrâneos só porque ocupam temporariamente nesse posto (depois há quem lhe garanta outro "ad aeternum".
Logo, é justíssimo que sejam olhados bem de frente e directamente mandados, com letra grande e aos berros, àquela parte mais conhecida dos nobres pastores e de outras profissões que financiam a incompetência desses inúteis.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)