A regionalização interessa aos empresários?

Vitor Neto
Presidente do NERA -Associação Empresarial do Algarve e vice-presidente AIP



Volta a falar-se de regionalização. Todos sabemos como, com o referendo de 1998, essa questão dividiu os portugueses e mesmo os algarvios. Nessa altura não se discutiu «o que era e para que servia» efectivamente a regionalização, tendo-se tudo transformado numa «guerra» política e partidária, que acabou como acabou.

Entretanto surgem agora movimentos a defender a realização de novo referendo que, com se sabe, é obrigatório. E o próprio governo anuncia que tenciona fazê-lo na próxima legislatura. Não vai ser possível fugir à questão.

São conhecidos os «argumentos» dos adversários da regionalização: somos um país pequeno e sem recursos e ainda o queremos retalhar..., vai-se criar mais «tachos» para os políticos, etc., etc..

Que devem fazer os empresários?

O que se passa perante os nossos olhos todos os dias? Não há nenhuma decisão importante sobre a região que seja tomada aqui no Algarve, ou seja tida em conta a nossa opinião.

Todos os grandes investimentos públicos ou privados, mesmo a realização de «eventos» são decididos em Lisboa. Os organismos desconcentrados do Estado no Algarve – comissões e direcções regionais - limitam-se a cumprir.

Ninguém responde politicamente perante a região, que muitas vezes sabe das decisões...pelos jornais! As pequenas e médias empresas são completamente ignoradas.

É evidente que os que estão perto do poder em Lisboa, habituados a influenciar e a beneficiar das suas decisões, não querem nenhuma regionalização! Interessa-lhes o centralismo lisboeta. Percebe-se.

Compete aos empresários decidir se querem que as decisões estratégicas sobre a região continuem a ser feitas nas suas costas, ou se querem ter oportunidade de dar a sua opinião e participar na decisão.

Em minha opinião a institucionalização da Região Administrativa interessa aos empresários do Algarve e ao Algarve.

Mas para isso é preciso vencer um novo referendo em todo o país, como impõe a Constituição, e não apenas no Algarve, o que exige muito trabalho e esforço de esclarecimento e um grande espírito de unidade entre todos os que defendem a regionalização, sem divisões políticas e partidárias. Caso contrário, perdemos essa batalha.

Todos sabemos que os adversários da regionalização estão em todos os partidos. Alguns percebemos porquê. Mas há muita gente com dúvidas sérias, que é possível e necessário esclarecer.

É esse o trabalho que os empresários que acreditam nos benefícios da Regionalização têm de fazer.
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