Frase da Semana

"A Madeira entende que não tem a autonomia que devia ter", disse Alberto João Jardim, referindo que "o Estado português é imensamente centralista" e "nem sequer conseguiu, ao fim de trinta e tal anos, cumprir a Constituição e fazer a regionalização administrativa no continente".
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Se a objectividade desta síntese de opiniões fosse o denominador comum do discurso do "regionalista-mor" madeirense, a causa da regionalização continental teria hoje outra credibilidade e aceitação junto das populações.
Por outro lado, os políticos-de-turno que nos têm saído em sorte (pelos vistos, vão continuar depois das eleições legislativas, com uma política de verdade que prevejo nos vai sair ainda mais cara) acabariam ter ter mais respeito pelas populações e, ainda, por um instrumento de desenvolvimento com consequências sistémicas e autosustentadas

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Caro António Felizes e pro-7RA,

Conhecem, seguramente, o capítulo do fabuloso livro de Voltaire, "Cândide", que descreve as desventuras do Dr. Pangloss e de "Candide" na Tempestade a que se seguiu o Terramoto de Lisboa de 1755? Uma coisa horrível onde morreu o anabatista e que tem ainda uma personagem muito carismática, muito actual, embora travestido, na nossa sociedade de hoje: o "familiar" da Inquisição.

Porque vejo neste capítulo muita relação com a luta pela regionalização em Portugal e com alguns dos seus principais personagens (AJJardim, Filipe Meneses, Santana Lopes, Elisa Ferreira e o seu mestre Pinto da Costa, e também Macário Correia e o inimitável Bota), e, sem ofensa de nenhuma espécie, o caro António Felizes, especialmente depois de três dos últimos posts neste blogue ( "Frase da Semana", "Qual a melhor escala de decisão" e "Associação Social Liberal - Regionalização"), aconselho-os, bem como a quem visita o seu excelente blogue, a ler ou reler esse capítulo, coisa de três páginas e piques.

Julgo, porém, poder não ter sentido esta minha recomendação, pois que, decerteza , já o leram e releram vezes sem conta; ou então, no reencontro de Cândido e Cunegundes em plenas ruínas de Lisboa, terão acabado por dormir juntos nalgum reduzido espaço triângular, óptimo refúgio, formado pela queda de uma pedra sobre outra, de que resultou um descendente que originou uma geração especial de portugueses, da qual os acima citados e quejandos são sobreviventes - todos eles defensores da regionalização para Portugal. E porquê? Ora... porque são todos discípulos do Dr. Pangloss!
Quem não leu a obra prima citada, e caso seja regionalista, não precisa lê-la toda, tendo em conta a sua enorme capacidade de tomar a parte pelo todo. Mas sempre será melhor lê-la de fio a pavio.
Anónimo disse…
Caro Templário,

Peço-lhe o favor de ler o meu comentário ao "post": Qual é a melhor escala de decisão?, para verificar que é descabido associar-me aos protagonistas indicados no seu comentário e muito menos ao do regionalista-mor da Região Autónoma da Madeira, e que nada têm feito para prestigiar a política e os projectos de desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Mais uma vez, para tentar justificar os seus desígnios anti-regionalização, utiliza argumentos descabidos e desintegrados das principais linhas de defesa que, pela minha parte, aqui têm sido expostos a favor de um projecto político de desenvolvimento regional, macional, autosustentado e equilibrado.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Caro pró-7RA,

Reconheço ter sido despropositado tê-lo incluído entre aqueles discípulos do doutor zarolho Pangloss. Peço desculpa.

Já ao Caro António felizes, foi mera brincadeira. Embora mantenha que ele defende a regionalização como o melhor dos mundos para os portugueses.
Anónimo disse…
Caro Templário,

Mesmo os defensores da regionalização como modelo político do regime democrático, como eu próprio, o António Felizes, o Afonso Miguel, o Zangado e outros intervenientes neste blogue, não desconhecem as dificuldades na sua implementação.
Tais dificuldades são aumentadas pela discordância não fundamentada dos seus muitos opositores, incluindo nestes o ilustre Templário, a qual se suporta em argumentos ainda muito sensíveis para a sociedade portuguesa mas não menos falaciosos e deturpadores.
Alguns desses opositores são (seriam) os que tinham a maior obrigação de defender a regionalização autonómica, tanto pela sua preparação cultural e/ou técnica, mas que só pelo interesse mesquinho de perderem alguns cobres por causa da "desagregação" do nosso País se encarniçam com unhas e dentes contra tal proposta, comportamento negativo que ainda vai contribuir para atrasar mais o desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Tudo isto me faz lembrar um episódio passado na I República, com o preenchimento de uma cátedra na Universidade de Lisboa. A esse lugar concorreram um advogado, antepassado de um dos mais prestigiados banqueiros do nosso País, e um prestigiado político de então, professor noutra Universidade do País. O exercício dessa cátedra versava temas de natureza económica, tendo ambos os candidatos de apresentar um trabalho sobre um dos temas objecto de docência.
Depois de prestadas as provas e conhecida a decisão do júri, verificou-se que o escolhido foi o político em causa, em detrimento do outro candidadto que tinha apresentado um trabalho integralmente inovador para o ensino da economia a época, fundamentado nas teorias de Pareto.
Um dos nossos catedráticos actuais de economia, jubilado mas muito prestigiado, comentou numa introdução ao livro comemorativo desse trabalho que, com tal escolha, se atrasou o ensino da economia em 40 anos.
O candidato-advogado à cátedra, com um profundo desgosto por ter sido derrotado e humilhado, nunca mais completou a continuidade da obra de economia matemática que iniciara antes e fundamentou a sua candidatura. Retirou-se da vida activa para sempre com um desgosto do tamanho da incompetência do outro candidato para o exercício da docência universitária de temas inovadores no domínio da economia com suporte matemático.
No nosso País, é muito difícil consegir-se seja o que for com o nosso trabalho, por mais competente e inovador que se apresente, para ser muito mais fácil arranjar as coisas, seja de que maneira for.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Caro pró-7RA.,

"Tais dificuldades são aumentadas pela discordância não fundamentada dos seus muitos opositores, incluindo nestes o ilustre Templário, a qual se suporta em argumentos ainda muito sensíveis para a sociedade portuguesa mas não menos falaciosos e deturpadores".

Sinceramente, muito sinceramente, não fico satisfeito quando diz que me fundamento em argumentos falaciosos e deturpadores. Respeito a sua opinião, mas não é verdade o que escreve acerca dos meus argumentos.

É injusto da sua parte.

Sou contra a regionalização porque tenho a certeza, não só pela percepção das coisas, mas pelo conhecimento que julgo ter da sociedade e história portuguesas, que ela poria em sérios riscos a unidade e independência do país; não porque se gaste mais ou menos dinheiro; não apenas pela mera criação de novas dimensões de poder; não porque negue que a regionalização até podesse melhorar alguns aspectos da governação; não porque... etc..

Sou contra porque Portugal é a-regional,
Precisamos de encontrar formas corretas e eficientes de descentralização em coordenação com o poder central e assente no melhor que temos: o municipalismo, o poder local.
Anónimo disse…
Caro Templário,

O primeiro argumento que expõe: "... ela poria em sérios riscos a unidade e a independência do país ...", confirma o que escrevi na minha intervenção anterior, tratando-se tal argumento ainda um "papão" para a sociedade portuguesa.
A independência de um País está mais posta em causa pela falência contínua (escandalosa) das condições e realidades de desenvolvimento (bem-estar, equilíbrio social,cultura, língua e tradições), do que pelas potencialidades de divisão territorial servente de um projecto político de desenvolvimento equilibrado, autosustentado, regional e nacional, implementada por novos protagonistas políticos.
Por outro lado, somente com a regionalização autonómica, as futuras regiões autónomas portuguesas estarão em pé de igualdade política e negocial para se entender com quem se deve entender politicamente: as restantes regiões europeias, num quadro mais vasto da União Europeia e de defesa integral da nossa independência e unidade.
Muito mais grave para a independência nacional é esta frustação histórica de permanecermos sempre na cauda da Europa, em muitos domínios da política praticada, com protagonistas políticos-de-turno mais fascinados pelo exercício do poder (basta consultar os órgãos de comunicação social) do que em satisfazer altos desígnios nacionais que nunca foram explicitados. Negativo para a independência nacional é a confirmação de um amorfismo crónico da população face aos fenómenos e exigências políticas e que em conjunto com o primeiro factor podem constituir o ponto de partida para um "takeover" político desagregador da unidade nacional.
Tudo o resto é secundário e dispensável.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
zangado disse…
O que põe em causa a unidade e a independência nacional é, em primeiro lugar, o centralismo político, administrativo, económico, cultural e de mentalidades. Os portugueses do resto do país ou se resignam a esta situação que os prejudica e discrimina ou procuram acabar com esse centralismo nefasto.
Não havendo igualdade, dentro do que nos dizem ser o mesmo país, é natural que haja portugueses que comecem a pensar se, livres desse centralismo, não viveriam melhor. Se surgem algumas ideias independentistas, de quem é a culpa? Dos que oprimem e tratam com sobranceria os outros portugueses ou dos que já não estão dispostos a aceitar continuar a ser tratados, em tudo, como meros servos de uma cidade e região?
Cumprimentos
Anónimo disse…
Caro templario
O senhor e' um homem de sorte e, digo porque'.
Ainda nao foi insultado como outros o foram neste blog por defenderem exactamente o que o senhor defende.
Estamos consigo...
Quebrei a palavra ,havia jurado a mim mesmo nao dizer mais nada....mas foi mais forte do que eu.
Cumprimentos.
Anónimo disse…
JA HA ESTADO A MAIS EM PORTUGAL.
PARA QUE MAIS 5 MINI-ESTADOS
QUE NAO PASSARAO DE DUPLICACOES DO ESTADO "DEUS" CENTRAL?

No meu ponto de vista o perigo que a regionalizacao apresenta e o da duplicaco desnecessaria de tarefas e orcamentos.
Num pais que por natureza adora tudo o que e Funcionalismo Publico imaginem o delirio que seria poder criar mais 5 centros de poder, alem de Lisbao que decerto nunca abdicaria daquilo que ja tem.

Seriam mais cinco orcamentos para suportar Presidentes Regionais, Assembleias Regionais, Secretarios Regionais, despesas de representacao regioanis, e claro, VIAGENS ao estrangeiro dos burocratas Regionais...(so para visitar a imigracao...e fazer umas comprinhas !) . Eu ja sei como funciona pois vejo-os aqui na Diaspora com frequencia.

O que Portugal precisa e MENOS GOVERNO e muito mais resposabilizacao dos cidadaos. Isso sim que talvez resolva alguns dos problemas criados pelo estar a espera da chucha que e intervencao do Estado em tudo o que respeita a vida em sociedade.

Habituem-se a menos Estado e verao que nao precisarao de Regionalizacoes para nada.
portugal e um pais pequeno e continuo. Excepcao feita ds Ilhas que essas, obviamente, justifacam a Regionalizacao que tem.

Renato Nunes
Carolina do Sul, EUA
Anónimo disse…
Caro Renato Nunes,

Examine bem as consequências das políticas neoliberais de sabor pósmodernista para poder decidir a seu favor com tanto entusiasmo com o receituário "menos Estado, melhor Estado".
Convenço-me que não será tão engénuo na defesa de uma política para o nosso País, nas condições que propala e muito provavelmente também dispensaria qualquer esforço de regulação e controlo de todos os sectores privatizados, para o mercado poder funcionar livre, legítima e eficazmente. Lembre-se que temos cá protagonistas políticos especialistas melhor preparados que o senhor e com provas dadas de liberalização, com os excelentes resultados à vista de todos, sem ter necessidade de invocar a crise financeira internacional actual que, como sabe, teve na sua origem mais uma vigarice que uma crise propriamente dita.
Para o nosso País, faz falta uma nova forma de fazer política e a regionalização autonómica para isso servirá com a participação de novos protagonistas políticos. Para os objectivos de desenvolvimento, sem necessidade de termos mais Estado, seria útil um regime de concorrência efectiva entre sector público e sector privado, em sectores considerados estratégicos nacionais e/ou de risco supranormal, só porque tudo o que é privado é bom e nem tudo o que é público é mau.
Por último, caso esteja na fase de elaboração de tese de doutoramento, não é certamente uma organização privada que lhe está a pagar todos os cursos desse curso de pósgraduação, mas uma qualquer organização do Estado português. E para casos como o seu, se o for, fazia todos os doutorandos assinar um contrato de regime de exclusividade por um bom número de anos, para o Estado poder ser retornado do investimento incorrido, como o faria qualquer organização privada que se preze em relação aos investimentos que decide realizar.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caro Renato Nunes. Espero que sejas o Renato Nunes que eu conheci nos anos 80. É isso mesmo. Tens toda a razão. Estar fora dá-te, dá-nos, a todos, uma visão diferente...