Interioridade: um mito errado na sociedade portuguesa

Interioridade em todos os sectores

É normal vermos o futebol como um desporto em constante desenvolvimento, com os seus milhões de adeptos. Afinal de contas é o «desporto rei». Mas a modalidade sofre como os restantes sectores, das maleitas da região geográfica onde pertence. Depois de ouvirmos sindicatos, trabalhadores, empresários e autarquias a queixarem-se do mal interioridade eis que surge também o Sporting Clube da Covilhã a fazê-lo.

Os 'leões da Serra', estão de mãos e pés atados para resolver o problema da interioridade. E isto porque não depende só do clube. Depende sobretudo da mentalidade de pessoas/jogadores, que na sua maioria não estão dispostos a abdicar de supostas regalias que a região supostamente não oferece.

Razão têm os dirigentes em se queixar. A ideia de que o Interior do País é o fundo do poço não passa de um mito, apesar de este estar tremendamente entranhado nas mentalidades portuguesas. Um mito que deve ser expurgado a começar logo pelos nossos representantes do poder central, que em vez de se focarem sobretudo Litoral deveriam apostar equitativamente em todas as regiões do País.

por Liliana Machadinha, in Diário XXI

Uma reflexão:

Este artigo, embora pequeno diz muita coisa. Três parágrafos que falam do modo como temos sido tratados ao longo de décadas pelo poder central, e pelas forças vivas deste país, que incitam os portugueses a ver os cidadãos do Interior como "coitadinhos", como se vivêssemos excomungados para lá das montanhas. Já foi tempo disso. Hoje o Interior tem tanta ou mais qualidade de vida que o Litoral, com as auto-estradas e a evolução dos comboios estamos perto do Litoral, e temos potencialidades enormes a explorar, em todos os sectores económicos. Porém, apesar de o Interior procurar desenvolver-se, encontra sempre como maior obstáculo, não a tão falada interioridade (hoje minimizada), mas a mentalidade ultrapassada com que o nosso país olha para a Interioridade. O Interior propõe projectos, e não é ouvido. Portanto, o Interior adoptou uma estratégia de só recorrer a Lisboa quando é estritamente necessário.

E, por conseguinte, todo o desenvolvimento do Interior nas últimas décadas tem sido fomentado pelas autarquias, através de duas maneiras fundamentais: a cooperação intermunicipal (que, na Beira Interior, tem prosperado a olhos vistos, e deve ser encarada como uma percursora da constituição de uma Região) e a cooperação entre as autarquias e as empresas. Assim é, e assim continuará a ser, se continuarmos dependentes do Litoral, que, incompreensivelmente, nos trata como portugueses de segunda.


Afonso Miguel

Comentários

Paulo Rocha disse…
Caro Afonso,

Este artigo entronca numa nossa "discussão" anterior

Cps.