Considero aliás que de nada adianta pensar as reformas administrativas sob este prisma redutor. Para isso já temos a comunicação social, que nos inunda permanentemente com esse tipo de abordagens e “cenários”, numa perspectiva quase sempre superficial e “clubística”…
A mim interessam-me unicamente as questões técnicas e funcionais, que são as que no fundo dizem directamente respeito aos anseios dos Cidadãos contribuintes (e que são, paradoxalmente ou talvez não, as de que menos se fala e ouve falar…)!
Voltando à matéria: Mafra, Azambuja, parte de Vila Franca de Xira, Moita, Montijo e Alcochete de fora da Grande Lisboa (e integrados na Região da Estremadura/Ribatejo), porquê?
Por diversas razões, que só estudos técnicos mais aprofundados permitirão explicitar, mas acima de tudo e desde já porque me parece vantajoso preservar estes Municípios (pelo menos durante mais algumas décadas…) da terrível pressão da “betonização”, salvaguardando o seu carácter natural e ecológico em detrimento do avanço, em mancha de óleo, do subúrbio igualizador e incaracterístico que engole furiosamente os arredores de Lisboa.
Há evidentes vantagens socio-económicas e ambientais, aliás para toda a Região, em impedir com firmeza o avanço da impermeabilização dos solos, da poluição atmosférica, da redução das áreas “verdes” e, até, da realização de deslocações casa-trabalho cada vez mais extensas e mais dependentes do automóvel próprio! Para além dos benefícios económicos decorrentes de se assegurar a sobrevivência da identidade própria e das actividades tradicionais, em especial as ligadas à paisagem, condição indispensável para a qualificação, por exemplo, da oferta turística da periferia de Lisboa (quantas pessoas visitam a Rebelva, Mira Sintra, ou Unhos? E quantas se deslocam ao Sobreiro, à Ericeira, ou à noite de touros da Azambuja, por exemplo?...).
E mais importante ainda: se não estancarmos urgentemente o crescimento urbano e populacional (tantas vezes caótico e não sustentável) das duas metrópoles portuguesas, como havemos de evitar a desertificação do interior? A relação de causa-efeito entre estes dois fenómenos parece-me insofismável...
Para além de que, no tecido urbano dito consolidado da A. M. L., sobra muito para intervir e recuperar no sentido de assegurar a produção de áreas de construção mais do que suficientes, em qualidade e quantidade, para responder a uma procura expectável e balizada por critérios de sustentabilidade (minimizando assim a especulação imobiliária!).
Quanto aos Municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela, a argumentação é obviamente muito semelhante, vendo eu estes Concelhos muito mais como uma “Sub-região da Arrábida”, ou da Estremadura-Sul, pelas suas características tanto geográfico-naturais como de ocupação humana, do que como um prolongamento de Lisboa até ao Estuário do Sado. Até porque me parece inglório sacrificar uma certa identidade sadina a uma ideia artificial, tecnocrática e quanto a mim desmesurada do que deve ser a metrópole lisboeta nas próximas décadas.
Ainda que esta “sub-região” pudesse ter de ficar fisicamente separada do restante território da sua Região da Estremadura/Ribatejo (o que, como se sabe, é algo que acontece em muitos Concelhos portugueses, como por exemplo o do Montijo…), a sua problemática parece-me mais identificada com a desta Região Administrativa do que propriamente com a de Lisboa, pelo que teria toda a vantagem em realçar este seu carácter regional e identidade própria, preferindo assim contribuir para as opções estruturantes do território e populações do Vale do Tejo e Oeste.
Finalmente, quanto ao “desmembramento” de alguns Concelhos, como Almada, Cascais, Loures, Oeiras, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira, parece-me francamente vantajoso que, uma vez extintas as Freguesias da A. M. L. e transferidas as suas competências para os novos Municípios Metropolitanos, estes vissem as suas áreas e populações francamente reduzidas, para compensar a consequente diminuição do factor “proximidade” dos autarcas relativamente às realidades e respectivas populações.
Até porque os novos Concelhos Metropolitanos também veriam algumas das suas competências, sobretudo as de "ordem superior", transferidas para a Administração Regional, a par obviamente das que seriam oriundas da Administração Central.
Tudo isto possui, evidentemente, uma lógica global e não deverá ser entendido como um conjunto de propostas avulsas e desarticuladas, válidas de per si.
Para além do mais, o recente crescimento “tumoral” de alguns dos Municípios da A. M. L. só por si conduzirá, a mais ou menos breve prazo, à sub-divisão de alguns deles, a começar obviamente pelo de Sintra (e à semelhança do que já sucedeu com Oeiras e a Amadora, ou mais recentemente com Loures e Odivelas), dada a heterogeneidade de características, a todos os níveis, que os notabilizam e que está a atingir níveis insustentáveis.
Mas admito que tudo isto mereça o devido aprofundamento e a indispensável sustentação em análises técnicas, económicas e sociológicas.
Que não sejam, contudo, meramente “politico-eleitorais”…
Ant.º das Neves Castanho, Lisboa Oriental…
Comentários
SERA QUE ACHAM QUE SE CONTINUAREM A TENTAR ELES EVENTUALEMTNE VAO DIZER QUE SIM?;
A QUEM INETRESSA TANTO A REGIONALIZACAO? E PORQUE?
MAIS BEM PAGOS TACHOS PUBLICOS PARA UMAS CENTENAS , E ISSO?
PELSO VISTOS TEMOS AQUI A DOUTRINA DE "GOEBBELS" APLICADA AO "JOGO" DA REGIONALIZACAO?
RENATO NUNES
CAROLINA DO SUL, E.U.A.
Diversifique a argumentação, para enriquecê-la e permitir instruirmo-nos a nós próprios também.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
PS - Essa da "doutrina do Goebbles" é de mau gosto.
So refiro a doutrina de H.G. porque me quer parecer que ha quem acredite que se continuarmos a repetir referendos sobre o mesmo assunto vamos um dia ocnseguir alterar a opiniao publica.
Depois de muito insistirmos no assunto os votantes irao acabar por 'comprar" a ideia.
So isso. Nao e de mau gosto !
Renato Nunes
Assim é na publicidade, de tanto se insistir que uma mentira passa a ser verdade.
Na política já não é bem assim.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)