Ai destino, ai destino…






Eu sei que estamos em Agosto, o mês de todas as padroeiras, e de todos os padroeiros, e também sei que dar festa aos santos faz-nos sentir os frescores da felicidade, seja a morder a perna de um cabrito ou leitão em família, a entornar copos de vinho ou cerveja com os amigos, a suar as estopinhas pelas ruas da aldeia no rabo da procissão, a empernar no bailarico ou, já bêbados de festa, a pasmar com a foguetada, mas, que me perdoem as santas e os santos, o distrito de Bragança terá na próxima legislatura menos um deputado na Assembleia da República e isso é um sinal claríssimo, entre outros, de que a central do poder, concentrada em Lisboa, não serve, nem nunca serviu, o Nordeste Transmontano.

Não sou lá muito uma alma dada a afiar as ideias na língua do destino mas lá que o Nordeste Transmontano tem tido mau fado, isso tem. E porque é tempo de romarias, vem-me à orelha a canção de Tony Carreira:

“Ai destino, ai destino. / Ai destino que é o meu. / Ai destino, ai destino. / Destino que Deus me deu.
Destruiu a minha vida / e a vontade de viver. / Levou-me o que eu mais queria, / meus filhos desde esse dia nunca mais voltei a ver. / Fiquei eu e a solidão, e o desgosto mais chorado. / Mas nada posso fazer, / não tenho culpa de ter o destino mal traçado.
Ai destino, ai destino. / Ai destino que é o meu. / Ai destino, ai destino. / Destino que Deus me deu.”

Eu sei que estamos em Agosto, o mês em que as senhoras (as que podem) se dão à canseira de tostar a margarina acumulada, tosta de um lado e tosta do outro, no areal do oceano atlântico enquanto eles, os senhores das ditas senhoras, simulando que encandeiam os olhos no jornal lambem, à sorrelfa, as sereias em vias de extinção que de quando em vez dão à costa, mas, o PSD do distrito de Bragança e o PSD do distrito de Vila Real não conseguiram fazer vingar as respectivas posições quanto à escolha daquelas, ou daqueles, que irão encabeçar as listas de deputados à Assembleia da República – o caso da exclusão do Dr. Pedro Passos Coelho da lista de candidatos a deputados pelo círculo de Vila Real é uma das maiores afrontas que já vivi ao “Para cá do Marão mandam os que cá estão” – e isso é um sinal claríssimo, entre outros, de que a central do poder, concentrada em Lisboa, não serve, nem nunca serviu, Trás-os-Montes e Alto Douro.

Como já vos confessei, não sou lá muito uma alma dada a afiar as ideias na língua do destino mas lá que os distritos de Bragança e Vila Real têm tido mau fado, isso têm. E porque é tempo de foguetada, não me sai da orelha a canção de Tony Carreira:

(...)

Lá pela central do poder, concentrada em Lisboa, é provável que pensem que estas questões são apenas um pormenor de somenos importância. Discordo. A esses recordo que o cravo que segura a ferradura de um cavalo é um pormenor no contexto da batalha. Todavia, por um cravo se perde uma ferradura; por uma ferradura, um cavalo; por um cavalo um cavaleiro; por um cavaleiro um exército inteiro.

|Diário de Trás-os-Montes|

Comentários

zangado disse…
Parabens!
Um transmontano que pensa pela sua cabeça e que chegou a uma conclusão que, infelizmente, corresponde à realidade. Só faltou dizer o resto desta verdade: é que se a realidade é esta e é, para isso contribuíram e em muito os deputados eleitos por esses distritos e que não defenderam nem lutaram pelas suas terras, trocando-as por benesses e cargos políticos e em empresas. Quantos indivíduos transmontanos vivem ou viveram em Lisboa e arredores e que têm feito eles pela vossa terra? Não faltam nomes desde Armando Vara ao Isaltino de Oeiras. Porque é que aceitam a nomeação de políticos que não são daí para vos representar, como Montalvão Machado? Acham que gente de fora defende melhor os vossos interesses que os que aí vivem e sentem os problemas na sua vida quotidiana. A maioria dos transmontanos foi na conversa dos políticos centralistas contra a regionalização, por isso estão a colher os resultados dessa atitude.
Sócrates já sabemos como é e Manuela Ferreira Leite é uma centralista empedernida de que nada vão receber. Ou se juntam aos que defendem o Norte contra o centralismo de alguns lisboetas e de políticos que os apoiam ou cada vez será pior.
Muitos transmontanos têm culpas na realidade actual. Abram os olhos e lutem pela vossa terra e pelo Norte de Portugal.
Cumprimentos
Paulo Rocha disse…
Apoio, integralmente, a posição do amigo Zangado.