Num modelo democrático, tomando em conta o sentido básico de participação (auto-apresentação) e de representação (tornar presente algo que está ausente), torna-se evidente o quanto é importante e vital para os pequenos distritos, como o é a Guarda, que os seus representantes no órgão de poder central – o parlamento, sejam verdadeiras vozes locais, que não só conheçam a realidade do nosso distrito, como também verdadeiramente o sintam e o vivenciem, para assim melhor poderem representar os interesses das suas populações.
Como portugueses residentes no Distrito da Guarda que somos, não podemos continuar a permitir que, no modelo representativo, a participação se restrinja apenas ao momento da escolha dos seus representantes na ocasião do processo eleitoral. Que acontecerá se, quando exercermos o nosso dever e direito de voto, o fizermos em nome de um partido que apresente como candidatos a deputados alguém da esfera partidária nacional e que nada tem a ver com o nosso distrito, não sendo assim “um dos nossos”. Pois, ao contribuirmos com o nosso voto para a eleição de alguém que nada tem a ver com o nosso distrito estaremos a dar-lhe a legitimidade necessária para nos representar durante a próxima legislatura, sabendo de antemão que dele pouco poderemos esperar no que respeita às múltiplas soluções para os também múltiplos problemas de que o nosso distrito padece.
Perante a proximidade do processo eleitoral é hora dos partidos não só apresentarem o seu programa e projecto para o país, bem como escolherem os candidatos a deputados nos vários ciclos distritais. Tornando-se assim necessário exigirmos que aqueles que na próxima legislatura nos representarem sejam cidadãos residentes no distrito, pois só assim fortaleceremos a nossa cidadania e a Guarda poderá acreditar que os seus problemas serão assunto em Lisboa e as suas ambições se puderam tornar uma realidade.
Não podemos deixar para outros as tarefas que a nós cabe executar e é tempo dos partidos, através das suas estruturas federativas distritais, escolherem e afirmarem os melhores, entre aqueles que no dia-a-dia vivem, sentem e sofrem os verdadeiros problemas do distrito e das suas gentes, pois só estes reuniram as melhores condições de se baterem com determinação, vontade e persistência pela sua resolução.
Cabe assim aos partidos afirmar o distrito impondo como seus representantes gente da Guarda, que sente na pele a desertificação, o desinvestimento, o desemprego e muitos outros males que a assimetria com o litoral e com os grandes centros nos trás. Cabendo-lhe também assim, impor como candidatos a deputados, gente da Guarda com valor e com poder reivindicativo que acredite que o distrito da Guarda, assim como a sua capital é Forte e tem potencial de crescimento capaz de melhorar as condições de vida dos seus habitantes e contribuir para o desenvolvimento do país.
«Da Guarda pela Guarda», crónica de Joaquim Nércio
Jornal O Interior, 16/07/2009
Nota: Este artigo foi publicado antes da aprovação das listas de candidatos a deputados dos partidos.
Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Infelizmente, o paraquedismo estravasa as esferas civil e militar, para se instalar com todos os meios ao seu alcance no plano político.
Com esta arrancada para o exercício do poder, fica descredibilizada não são as formações partidárias como os protagonistas políticos que aceitam ser representantes por círculos que desconhecem na íntegra.
O abranhismo avança com toda a força e toma assento neste país que mais parece, já não digo um monumental BPN, como o afirmou esta semana o senhor Doutro Medina Carreira, mas uma "caixa de 20 amigos".
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)