Regionalização e os Partidos (parte V): PPM- Partido Popular Monárquico

Lógica da Organização Espacial

A pretensão de combinar uma multitude de interesses e dimensões- política, cultural, económica e social- aprisiona a própria concepção espacial do poder, em virtude do próprio espaço deixar de ser um critério fundamental de avaliação.

A lógica de solidariedade tem de se basear numa lógica geográfica: a junta de freguesia pertence ao município; o município pertence à região; a região pertence ao Estado; o Estado representa a Nação.

É esta pirâmide geográfica que permite organizar, a diferentes níveis, a vida política: os espaços de solidariedade autárquicos de nível local, regional, nacional, fixando os cidadãos em cada um dos diversos níveis as suas prioridades, os seus anseios, em suma a vontade comum que consubstancia a definição de política em si mesma.

Tem faltado perspicuidade à governação para perceber as necessidades das populações. Estas não passam pela divisão do espaço político/geográfico; passam pela sua unicidade, acima de tudo, em Portugal, cujas fronteiras políticas se confundem com as geográficas há quase 800 anos.

(pp. 56 e 57)

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Aqui está o cerne de todo o movimento político associado à regionalização que só pode desembocar na regionalização autonómica.
Mas também de ser o ponto de partida para a conversão dos sufrágios eleitorais de 3 em 1, como já aqui escrevi.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
"...cujas fronteiras políticas se confundem com as geográficas há quase 800 anos".

Fronteiras políticas e geográficas que foram conquistadas e definidas contra os grandes senhores regionalistas do séc. XIV, na Revolução 1383/1385, na base do municipalismo, das organizações populares do povo que largaram as suas terras e lutaram contra os traidores e vendidos.

Este país é do povo e se não está desenvolvido como podia estar foi porque esta casta de senhores preguiçosos, estúpidos, piolhosos e pulguentos, carunhosos e cheios de reumático físico e intelectual se ergueram sempre como barreira ao nosso desenvolvimento.

Hoje também esse caruncho e reumático de Abril de 75 procura dar mais uma bocada no poder para nos manter pobres e atrasados.

É por isso que defendem a regionalização, que no país se criem "vedações", no interior das quais explorem e oprimam os portugueses, onde possam perpetuar as suas caganças e as suas incapacidades seja para o que for.

Regionalização nunca! Descentralização sim. E é por isso que os partidos, nestas eleições não abrem a boca sobre a regionalização.

Mas essa é outra batalha. E os portugueses, donos da Pátria, vão dar a devida resposta como parece que vão dar agora ao caruncho do passado e ao reumático do pós 25 de Abril.
O PPM é mais um dos partidos que defende a regionalização, sabe o que quer, mas espera para ver qual o melhor modelo, numa discussão que se pretende clarificadora. Na minha opinião, uma posição sensata: a Regionalização tem de reflectir as efectivas necessidades das pessoas e dos agentes económicos, para ser eficaz e bem implementada: assim, facilmente se tornará ainda mais consensual entre os portugueses.

Por outro lado, a conversa do templario é que continua a cheirar a mofo. Como a mofo cheiram as casas das pessoas quando regressam de férias às suas terras natais, de onde tiveram de sair, para dentro e fora do país, por causa deste centralismo completamente ostracizante em que Portugal vive, que impede que um engenheiro, um polícia, um professor ou uma trabalhador comum de exercer a sua profissão na sua terra.
Carunchosa está a conversa de 1383/85 (época onde, volto a lembrar, havia mais descentralização do que agora) e de outras "façanhas" que tais do centralismo: se Portugal é hoje um país independente não é graças aos conformistas do poder instalado em Lisboa (que muitas vezes se venderam a Castela, a Espanha e a França); é sim graças aos bravos que resistiram às invasões castelhanas, às invasões francesas, combateram no cerco de Almeida e na Batalha de Aljubarrota, participaram nas revoluções liberais e no desembarque do Mindelo, sacrificaram a sua vida na 1ª Guerra Mundial, e em outras lutas muitas vezes comandadas por gente confortavelmente instalada no cadeirão do poder da capital do império.
Este país é do povo: e foi o povo que, a 25 de Abril de 1974, pôs fim, sem gota de sangue derramado, a essa conversa carunchosa, salazarenta e bafienta que o senhor está para aqui a ditar.

Nem sequer comento a quantidade de insultos completamente despropositados e desesperados que aqui lançou, não vale a pena, acho que nem merecem resposta.

E se Portugal não está desenvolvido é por causa de um decrépito centralismo, único na Europa: a bafienta conversa do "orgulhosamente sós" fica tão mal aos anti-regionalistas!

Só lhe deixo um dado: será que o que actua como "barreira ao nosso desenvolvimento" é o regionalismo? Então porque será que, em Portugal, olhando para as estatísticas, apenas a região da Estremadura e Ribatejo (onde, por coincidência, se situa o governo central e centralizador) está ao nível (ou melhor, acima!) da média europeia em termos de desenvolvimento, sendo que, fora dessa região, apenas nos arquipélagos dos Açores e da Madeira (por coincidência, Regiões Autónomas!) se consegue vislumbrar algum desenvolvimento...
A resposta é uma: atingimos um nível de desigualdade social sem paralelo na União Europeia, único no mundo desenvolvido: temos regiões em desertificação que fazem fronteira com regiões com poder de compra e PIB per capita semelhante aos da maiores metrópoles da Europa; temos migrações internas (nomeadamente Interior-Litoral) como não há em mais nenhum país desenvolvido; temos culturas a desaparecer (as tradições rurais, dialectos e línguas tradicionais, músicas e artesanato), completamente abafadas por aquilo que os nossos políticos se concentram em propagandear aos sete ventos como "símbolos de Portugal" (como é possível o mais belo fado do país, o de Coimbra, viver à sombra do de Lisboa?), um fenómeno digno de um completo falhanço em política regional, ao longo de séculos!

Quem ama Portugal não pode ficar indiferente a isto, não pode ver um país a ficar sem identidade, a desaparecer aos poucos. Que futuro terá um país onde as tradições estão a desaparecer, onde a identidade se está a esfumar a cada dia que passa, e onde o centralismo cada vez mais contribui para isso?

Caro templario, só uma sugestão: venha viver para a Beira Interior durante uns anos, e depois veja se não é verdade aquilo que digo. Tenho a certeza que, ao fim de uns meses, iria ter vergonha daquilo que está agora a dizer.