Uma nova Região para um novo País

Nunca se assistiu a uma tão profunda centralização de decisões, competências e investimentos em Lisboa


Nunca como agora se assistiu a uma tão profunda centralização de decisões, competências e investimentos em Lisboa. Existe um consenso generalizado relativamente ao elevado nível de retrocesso por que o resto do país tem passado nos últimos anos. Na Europa das Cidades e das Regiões, em que 2009 é o ano da aposta na Inovação e na Criatividade, Portugal tem que seguir um caminho diferente – dar Novos Investimentos, Novos Talentos, uma Nova Ambição às suas Regiões.

O desenho de um Novo País com Novas Regiões não se faz por mero decreto, impõe-se através de uma “parceria alargada” que torne aliciantes as Competências Estratégicas espalhadas ao longo do território.

Também aqui o Norte tem que dar o exemplo e mais do que nunca tem que afirmar o seu caminho centrado em novas variáveis de mudança.

1 – Região Empreendedora

– Continua a não haver uma cultura empreendedora na Região Norte. A matriz comportamental da “população socialmente activa” da Região é avessa ao risco, à aposta na inovação e à partilha de uma cultura de dinâmica positiva. Ou seja. Dificilmente se conseguirá impor por decreto uma”revolução empreendedora” e mesmo o aumento do desemprego, por força da desindustrialização e emagrecimento dos Serviços Públicos/Privados poderá não ser suficiente para suscitar uma “autoreacção” das pessoas.

Importa por isso mobilizar as Capacidades Positivas de Criação de Riqueza. Fazer do Empreendedorismo a bandeira duma nova capacidade de afirmação da Região é o caminho que se impõe.

2 – Região Cooperante

– A ausência da prática de uma “cultura de cooperação” tem-se revelado mortífera para a procura de novas soluções na Região Norte. Na Sociedade do Conhecimento sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes Redes de Decisão.

Num país pequeno, as Empresas, as Universidades, os Centros de Competência Políticos têm que protagonizar uma lógica de “cooperação positiva em competição” para evitar o desaparecimento.

A Região Norte tem que ser protagonista duma nova “agenda de cooperação” capaz de induzir dinâmicas de modernidade operativa.

3 – Região Criativa

- No Ano Europeu da Inovação e Criatividade, cabe às Regiões dar o sinal de aposta naqueles que são claramente os factores indutores de mudança para o futuro. A possibilidade dos talentos espalhados um pouco pelo território de protagonizarem projectos diferenciadores deve constituir a base de actuação para todos os decisores num ano em que se pretende consolidar uma nova imagem de modernidade do país no quadro dum mundo global cada vez mais complexo. Também
aqui o Norte tem que mostrar o caminho.

Esperemos que os exemplos Porto e Guimarães consigam ter sucesso e deixar marcas para o futuro.

4– Região Central

- A crescente (e excessiva) metropolização do país em torno da Grande Lisboa faz aumentar as responsabilidades das Regiões de assumirem o contraponto da diferença. As Regiões têm que se assumir como “operadores activos” de uma nova centralidade estratégica baseada em compromissos de mudança.

As Regiões têm que conseguir assumir um papel natural de aposta em novos desafios competitivos que agarrem o entusiasmo colaborativo duma nova geração de protagonistas do valor e da riqueza.

O Norte tem neste contexto uma responsabilidade que não pode ser esquecida.

O futuro da Região Norte tem que se começar a discutir já. Não se pode tolerar que aquela que durante séculos foi a referência duma atitude de conquista da mudança e de batalha pela modernidade se deixe morrer à incapacidade institucional de se ajustar às dinâmicas dos tempos. A Região Norte tem que se reinventar.

Precisamos, nunca antes como agora, de uma Nova Região que nos conduza a um verdadeiro Novo País.

FRANCISCO JAIME QUESADO
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Grande Porto|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Das 4 características por Região, apontadas pelo Mestre Jaime Quesado, todas se identificam com o conceito de Região Autónoma. Mas, mesmo todas?
Como escreveria o autor das aventuras do Asterix e do Obelix: "Todas não; há uma caracteristica que ...". Com efeito, em termos de desenvolvimento associado à Regionalização que só poderá ser autonómica, não é necessária nenhuma Região Central como característica, mas Região Integrada paritariamente no conjunto de todas as regiões autónomas, de acordo com o princípio da subsidiariedade.
Aparecem neste texto-proposta resquícios de centralização pós-regional que é necessário denunciar com toda a veemência, para não sermos colhidos por surpresas politicamente desagradáveis.
Mas conhecendo a origem desta proposta-análise não é de surpreender, especialmente por apontar que "o Norte tem neste contexto uma responsabilidade que não pode ser esquecida". O mínimo que se pode exigir a cada uma e a todas as futuras Regiões Autónomas é que sejam empreendedoras, cooperantes, criativas, dispensando-se estatutos especiais associados a uma "região central", periferizando as restantes.
Enfim, ...!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Uma frase salta à vista:

"A Região Norte tem que se reinventar."

Tal não deve ser difícil, uma vez que a "região norte" é, ela própria, uma invenção...

Destaque para o bom-senso do Anonimo pro-7 RA, de cujo comentario destaco uma frase:
"Aparecem neste texto-proposta resquícios de centralização pós-regional que é necessário denunciar com toda a veemência, para não sermos colhidos por surpresas politicamente desagradáveis.".

Só não vê isto quem não quiser. Será que e com propostas destas, apenas centradas no seu umbigo que esta espécie de regionalistas quer despertar o pais para a Regionalização?

Saudações Regionalistas
Apenas um esclarecimento: Quando digo "propostas destas" refiro-me obviamente à proposta do post, e não ao comentário do anónimo pro-7RA, que acho bastante correcto.

Peço desculpa pela incorrecção.
António Alves disse…
sinceramente, tudo isto é conversa fiada. a questão é prioritariamente política. enquanto não houver LIBERTAÇÃO política tudo é inúil. este tipo de textos muito cheios de clichés "desenvolmentistas" já me enjoam.
Rui Farinas disse…
"Continua a não haver uma cultura empreendedora na Região Norte."

Não sei. Acho que os nortenhos têm enorme grau de empreendedorismo. O problema é a dimensão do empreendimento, a auto-limitação dos objectivos e a falta de bagagem técnica e cultural dos agentes, frequentemente gente modesta. Se der para ele e a família viverem confortavelmente, não estão muito interessados em crescer, na medida em que alegam que as "chatices" também crescerão. Sendo assim, penso que a questão está mais na qualidade dos empreendedores do que na sua quantidade. Provavelmente pode mesmo considerar-se que há falta de cultura empreendedora.