Concelhos da região Norte enchem fundo da tabela

Região de Lisboa tem poder aquisitivo 36,9% superior à média nacional e Norte 13,8% abaixo

Os 16 concelhos com menor poder de compra per capita em Portugal estavam, em 2007, situados na região Norte. No topo, Lisboa mantém o primeiro lugar e 235,7 pontos, isto é, 135,7% acima da média nacional.

Se em 2005 era possível isolar apenas sete concelhos nortenhos nas sete últimas posições consecutivas do Indicador per Capita (IpC) do poder de compra, em 2007 o fundo da tabela preenche-se hegemonicamente com 16 concelhos do Norte.

Vinhais (45,88), Ribeira de Pena (46,34) e Sernancelhe (46,95) encabeçam um conjunto de 21 municípios com um IpC que não chega a metade (50) da média nacional (100). Conforme o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) salienta, destes 21, há 15 que se situam no interior Norte, embora não surjam de forma consecutiva no fundo da lista.

Se o concelho de Lisboa está 135% acima da média nacional, o Porto tem um avanço de apenas 70,5%. O curioso é que Lisboa acentuou a sua diferença, uma vez que em 2005 a distância era 116% superior ao país, o mesmo se passando, embora em muito menor grau, com o Porto (64,25% acima da média, há quatro anos). A região da capital está 36,85% acima da média nacional, enquanto que a Grande Lisboa se distancia, positivamente, 47,87% (147,87%). O Norte está 13,7% abaixo da média (em 2005, a diferença negativa era de 14,55%) e o Grande Porto obtém um "score" de 113,59 pontos.

A hegemonia do Sul é ainda verificável pelas pontuações dos municípios da área metropolitana de Lisboa: Oeiras (173,0), Cascais (155,7), Alcochete (144,8), Montijo (137,6) e Almada (121,4). No território metropolitano de Porto as diferenças face à média nacional são menos acentuadas. Neste caso, destacam-se os municípios do Porto (170,5), de São João da Madeira (131,7) e de Matosinhos (127,9).

A Percentagem de Poder de Compra (PPC), indicador derivado do IpC, mostra uma grande concentração de riqueza nas regiões de Lisboa (36,1%) e Norte (30,4%). Para este resultado, contribuíam de forma mais decisiva as subregiões da Grande Lisboa (28%) e do Grande Porto (14%) e ainda a Península de Setúbal (8%). No conjunto, estas três subregiões representavam cerca de metade do poder de compra manifestado no território nacional.

Ao nível municipal, a importância de Lisboa destacava-se de forma clara no contexto nacional ao representar 11% do poder de compra total, enquanto que o Porto se ficava pelos 3,5%, isto é, uma distância de 7,5 pontos percentuais.

Outro indicador trazido com o Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio diz respeito ao Factor Dinamismo Relativo (FDR). Trata-se, no fundo, de verificar quais são as regiões mais sensíveis aos fluxos turísticos sazonais, factor que pode influenciar o poder de compra.

Assim sendo, não é de espantar que o Algarve surja com os mais altos índices de FDR. A título de exemplo, Albufeira tem um FDR de 10,70, o mais alto de todos. Albufeira surge, no indicador de IpC com um "score" de 118 pontos, isto é, 18% acima da média, aparentemente muito devido ao fluxo turístico. Os grandes centros urbanos como Porto ou Lisboa apresentam baixos índices de FDR devido ao elevado poder de compra regular que esbate o impacto dos respectivos fluxos turísticos.

|JN|

Comentários

A isto se chama ludibriar os dados. Mais uma vez, quer-se passar a ideia, ao dizer no título que os concelhos do "Norte" são os com pior índice de IPPC, que a região onde se insere o Porto é muito "pobrezinha".
Mentira: prova-se que não é o "Norte" que é pobre, mas sim Trás-os-Montes e a Beira Interior.

Mas essa realidade pouco lhes interessa revelar, já que todos os indicadores que dão o "Norte" no fundo devem servir, segundo alguns, para dar a impressão que todo o "Norte" é pobre, incluindo o Porto ou Braga. Repare-se que o Grande Porto está acima da média nacional!

O maior problema do nosso país não é a diferença entre Porto e Lisboa, mas sim a diferença entre Lisboa e todo o resto do país (a Grande Lisboa tem valores de quase 150% da média nacional!), e principalmente entre o Litoral e o Interior.

Enquanto não se perceber isto, e se tentar esconder a realidade, Portugal vai continuar a ser um país atrasado, pobre e desequilibrado.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Enquanto a regionalização não for entendida como um programa político de legislatura(s), nunca teremos um Governo compatível com as exigências de desenvolvimento nem uma oposição corresponsável (mesmo hoje não a temos, com comportamentos configurantes com uma certa vingança política de primária oportunidade) com as exigências de Governação.
O que nos espera num futuro muito próximo nãi vai ser nada agradável e será incompatível com a necessidade de se "PARAR" para se pensar e meditar a regionalização como programa político diferente e exigente para atingirmos a convergência real e o desenvolvimento equilibrado e sustentado da sociedade portuguesa, essencial para as regiões, os concelhos, as freguesias e aldeias, como também para a cidade-capital.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Porto de asas cortadas

Publicado por PauloMorais em 26 Novembro, 2009

“É urgente transferir para a esfera regional a propriedade e a gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Só independente, o Aeroporto do Porto sobreviverá. Integrado na rede nacional da ANA, será apenas uma filial do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa, um apeadeiro periférico de Alcochete.”
Ontem, no JN.
Anónimo disse…
sexta-feira, 27 de Novembro de 2009

red bull air race centralizada

A notícia da transferência da relização da prova da Red Bull Air Race do Porto para Lisboa nos próximos três anos é vista por Rui Moreira como “uma decisão de um Governo colonial”.


O presidente da Associação Comercial do Porto sustenta que o Executivo centraliza o investimento em Lisboa.

“Porto não perdeu, o Porto foi roubado, como de costume. Como já se sabia, porque já no Verão isso foi falado, o Governo resolve subsidiar o Red Bull Air Race desde que seja realizado em Lisboa, no Tejo”, disse à Renascença.

“O governo de hoje em dia é um governo perfeitamente colonial, que vive concentrado em Lisboa, que concentra todo o investimento em Lisboa e acha que nós somos seus colonos e seus súbditos e portanto não está interessado em investir aqui, principalmente no turismo. Tem-se visto o comportamento do governo relativamente ao fomento do turismo nesta região”, acrescenta.
zangado disse…
Afonso Migel tem razão, mas não toda. A área metropolitana do Porto, naturalmente que terá de estar melhor que o interior, mas muitos "transmontanos" e beirões ao chegarem à Assembleia da República que têm feito pelos seus concelhos e região, no sentido amplo. O problema é que os políticos e governos, do PS, PSD e CDS só querem saber de Lisboa e arredores, roubando todo o resto do país em seu benefício. Exemplos claros são o projecto do TGV e seu traçado claramente sulista e lisboeta, a imposição da barragem no Tua que prejudica as suas populações e as outras que passariam por lá e o caso da corrida Red Bull de aviões que querem levar, também, para Lisboa.
Mas afinal sempre vivemos no mesmo país? Os centralistas, colonialistas e imperialistas da zona de Lisboa e os "provincianos" a eles vendidos dizem que sim, mas só esses e os ignorantes podem acreditar nessa mentira.
Estas atitudes têm de acabar, mesmo que, para isso, Portugal tenha de deixar de contar com Lisboa como sua parte integrante. Depois venham falar-nos de patriotismo! A nós? E eles, esses vampiros que nos roubam tudo?
Se se tornar necessário teremos de passar a ser um país livre e independente, dessa mafia de sanguessugas.
Basta de roubos!
Caro Zangado:

Tem razão. Mas "vendidos" há em todo o lado, seja na Beira Interior, em Trás-os-Montes, nas Ilhas, até no Porto. Infelizmente, são esses (os verdadeiros "provincianos"), que vingam. Veja-se o exemplo da maioria dos nossos governantes, que nem sequer são de Lisboa, mas adoptaram o centralismo (que, mais do que de Lisboa, é dos interesses que giram à sua volta) como seus defensores assérrimos. Aliás, veja-se que os maiores esforços feitos nas últimas décadas em termos de descentralização foram nos governos de Santana Lopes, e, principalmente, António Guterres, por sinal ambos lisboetas.

Mas, como digo, são, na sua maioria, defensores do centralismo que nos representam nas instituições do Estado. Veja-se o caso da Guarda, em que temos um Francisco Assis aqui caído de pára-quedas (que, depois de vir de Bruxelas, se apressou a desistir do Porto e a mudar-se para Lisboa em busca de um cargo) como deputado, e um Álvaro Amaro, que foi um dos maiores responsáveis pela vitória do Não no referendo de 1998, e representa uma colagem enorme às ideologias de centralismo de Coimbra, a liderar a distrital do PSD.

Infelizmente, é o que temos. Esperemos pela mudança, que virá, tenho a certeza.
"e um Álvaro Amaro, que foi um dos maiores responsáveis pela vitória do Não no referendo de 1998".

Obviamente, falava da vitória do Não no contexto regional da Beira Interior; não a nível nacional.

As minhas desculpas.