D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, está muito preocupado com o Distrito
«O Prelado da Diocese da Guarda numa entrevista à Rádio Renascença manifestou a sua grande preocupação quanto ao desemprego e pobreza que avança na área da sua responsabilidade bem como o seu desencanto quanto aos políticos que nos governam sem estabelecerem verdadeiro diálogo com as populações.
Para o Bispo, no interior existe tudo o que é necessário para as populações viverem bem já que dispõe de boas estruturas, capacidade de produção e há meios humanos muito competentes, mas o Poder não atende a isto. Apesar de tudo isto as unidades económicas que deixam de existir não são substituídas porque não há verdadeiro interesse por parte de quem manda.
Considera o Prelado que na sua Diocese há a pobreza hereditária, que é próprio daquelas gerações que já se habituaram a viver com pouco e não aspiram a ter mais e a pobreza envergonhada resultante do desemprego que se avoluma e das dificuldades económicas. A Igreja tem estado no terreno muito preocupada com estas situações empenhando-se em prestar o auxílio que está ao seu alcance. A Diocese conhece as situações e tem como base de orientação alguns estudos feitos na UBI. Realçou a Caritas e outras organizações na assistência material às muitas famílias necessitadas.
O interior, disse ainda, desertifica-se porque os grandes investimentos são centralizados em dois pontos no território nacional, o que obriga as pessoas em busca de emprego a abandonarem as suas áreas de residência para outras que além de desconhecidas não lhe proporcionam as mesmas condições. Uma parte fica, mas acaba resignada e sem perspectivas de futuro melhor.
Os responsáveis políticos deviam incentivar o empreendedorismo e a criação de micro empresas que se dedicassem à produção, transformação e comercialização dos produtos artesanais de outra origem.
Mas não há a devida atenção para estas actividades.
O bolo da “riqueza” nacional não é distribuído com justiça, significando isto que não devem ser todos vistos por igual, mas atendidos melhor aqueles que pelas circunstâncias e situação o justifiquem. Entende o Bispo que a riqueza não tem sido distribuída de modo equitativo e de acordo com as necessidades reais.
O Bispo apelou sereno a outras actuações políticas e não escondeu a sua grande preocupação pelas gentes da Diocese da Guarda. Alertou ainda para as situações a que o Centro da decisão Política não dá a devida atenção.
A preocupação de D. Manuel, além de tremente, denota alguma angústia pela inexistência de medidas concretas de auxílio a um Distrito abandonado em constante desertificação e sem perspectivas de melhores dias.»
Porta da Estrela, 20/11/2009
Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Enquanto não se implementar um programa político só baseado na regionalização autonómica, nada feito.
Enquanto predominar uma espécie de "dinamismo de auto-estrada" no quadro dos investimentos públicos para gáudio de algumas empresas de obras públicas e construção, nada feito ainda.
Enquanto predominar a tal pobreza hireditária, muito bem caracterizada pelo senhor Bispo da Guarda, sómente o bom feito das populações resignadas do interior é que justifica esta espécie de paz revoltante.
Sem mais menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Bom seria que fosse ouvido para lá do espectro religioso, e estas palavras chegassem também aos responsáveis políticos e agentes económicos.