Norte denuncia estar a ser prejudicado nos fundos
Comissão de Coordenação queixou-se ao gestor do programa e diz que discriminação é "preocupante"
O Norte recebe menos fundos comunitários do que o esperado face ao seu peso no país, garante Carlos Lage, que aguarda uma resposta do gestor do programa Compete para a "preocupante" diferença face às outras regiões.
Até 15 de Outubro, diz o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), esta zona do país recebeu 35% do dinheiro atribuído a projectos de investimento realizados pelas empresas, no âmbito do Programa Operacional Factores de Competitividade.
Isto quando é responsável por 52% do Valor Acrescentado Bruto criado no conjunto das três regiões mais pobres (VAB é o valor que as empresas acrescentam quando compram matérias-primas e produzem artigos acabados). Em comparação, o Centro teve 41% (mas só cria 35% do VAB) e o Alentejo 24% (contra 13% do VAB).
Os números são expressos numa carta escrita ao gestor do programa, Nelson de Souza. O presidente da Comissão Directiva do Compete disse, ao JN, ainda não ter respondido ao ofício que recebeu na passada quarta-feira, escusando-se a comentar o seu teor.
Dos três grandes eixos de investimentos previstos no Compete, apenas um será "responsável" pelo desequilíbrio de verbas, disse Carlos Lage ao JN. "Na Investigação e Desenvolvimento, há uma maior absorção de verbas na região Norte, perto de metade; na internacionalização também há uma boa participação. Onde não está brilhante é na inovação", afirmou.
Por isso, subscreve a "preocupação" manifestada pelos responsáveis do Programa Operacional da Região Norte, a fatia dos fundos comunitários gerida pela CCDR-N, na carta escrita a Nelson de Souza. Aí, é referido que os números confirmam "a acentuação de uma tendência, já anteriormente detectada, que revela um baixo acesso (...) por parte dos promotores" da região Norte aos apoios a empresas.
Lage concede que o programa é aberto a todos, desde que pertençam às três regiões, e que as escolhas são feitas mediante o valor das candidaturas e não no local de origem. Reconhece, até, que "a região Centro tem projectos de elevada dimensão, que podem absorver grandes fatias de fundos".
Por isso, garante que a CCDR tem "fomentado o aparecimento de candidaturas" por empresas do Norte, que ajudem a equilibrar os números. Ainda assim, nota que o gestor do programa "tem que ser equitativo na distribuição de verbas".
Nos restantes dois grandes programas geridos a partir de Lisboa (apesar de pagos com verbas destinadas às regiões mais pobres) - o destinado à formação profissional e o que pagará infraestruturas no território -, Carlos Lage diz não ter reclamações relativas à fatia alocada ao Norte.
"O mecanismo é indesejável": é assim que Lage qualifica, entretanto, o princípio que permite aplicar em Lisboa parte do dinheiro dado por Bruxelas às regiões mais pobres. Na base do mecanismo - o "spill over effect" ou efeito difusor - está o raciocínio de que os investimentos contribuem para o desenvolvimento do resto do país. Esta lógica, como o JN já noticiou, está a ser disputada nos tribunais nacionais e europeu pela Junta Metropolitana do Porto.
Para Carlos Lage, este "é um mecanismo controverso" que "corre o risco de ser uma falácia". "E por que não o efeito difusor da região Norte para a capital ?", questiona.
Enquanto isso, pede aos novos governantes com responsabilidade na matéria - o ministro Vieira da Silva e o secretário de Estado Fernando Medina - que verifiquem "com rigor" se as regras escritas pelo Governo anterior e os objectivos de Bruxelas na atribuição dos fundos estão de acordo. "Não tenho a certeza que estejam, mas também não posso garantir que não estejam", disse.
|JN|
Comissão de Coordenação queixou-se ao gestor do programa e diz que discriminação é "preocupante"
O Norte recebe menos fundos comunitários do que o esperado face ao seu peso no país, garante Carlos Lage, que aguarda uma resposta do gestor do programa Compete para a "preocupante" diferença face às outras regiões.
Até 15 de Outubro, diz o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), esta zona do país recebeu 35% do dinheiro atribuído a projectos de investimento realizados pelas empresas, no âmbito do Programa Operacional Factores de Competitividade.
Isto quando é responsável por 52% do Valor Acrescentado Bruto criado no conjunto das três regiões mais pobres (VAB é o valor que as empresas acrescentam quando compram matérias-primas e produzem artigos acabados). Em comparação, o Centro teve 41% (mas só cria 35% do VAB) e o Alentejo 24% (contra 13% do VAB).
Os números são expressos numa carta escrita ao gestor do programa, Nelson de Souza. O presidente da Comissão Directiva do Compete disse, ao JN, ainda não ter respondido ao ofício que recebeu na passada quarta-feira, escusando-se a comentar o seu teor.
Dos três grandes eixos de investimentos previstos no Compete, apenas um será "responsável" pelo desequilíbrio de verbas, disse Carlos Lage ao JN. "Na Investigação e Desenvolvimento, há uma maior absorção de verbas na região Norte, perto de metade; na internacionalização também há uma boa participação. Onde não está brilhante é na inovação", afirmou.
Por isso, subscreve a "preocupação" manifestada pelos responsáveis do Programa Operacional da Região Norte, a fatia dos fundos comunitários gerida pela CCDR-N, na carta escrita a Nelson de Souza. Aí, é referido que os números confirmam "a acentuação de uma tendência, já anteriormente detectada, que revela um baixo acesso (...) por parte dos promotores" da região Norte aos apoios a empresas.
Lage concede que o programa é aberto a todos, desde que pertençam às três regiões, e que as escolhas são feitas mediante o valor das candidaturas e não no local de origem. Reconhece, até, que "a região Centro tem projectos de elevada dimensão, que podem absorver grandes fatias de fundos".
Por isso, garante que a CCDR tem "fomentado o aparecimento de candidaturas" por empresas do Norte, que ajudem a equilibrar os números. Ainda assim, nota que o gestor do programa "tem que ser equitativo na distribuição de verbas".
Nos restantes dois grandes programas geridos a partir de Lisboa (apesar de pagos com verbas destinadas às regiões mais pobres) - o destinado à formação profissional e o que pagará infraestruturas no território -, Carlos Lage diz não ter reclamações relativas à fatia alocada ao Norte.
"O mecanismo é indesejável": é assim que Lage qualifica, entretanto, o princípio que permite aplicar em Lisboa parte do dinheiro dado por Bruxelas às regiões mais pobres. Na base do mecanismo - o "spill over effect" ou efeito difusor - está o raciocínio de que os investimentos contribuem para o desenvolvimento do resto do país. Esta lógica, como o JN já noticiou, está a ser disputada nos tribunais nacionais e europeu pela Junta Metropolitana do Porto.
Para Carlos Lage, este "é um mecanismo controverso" que "corre o risco de ser uma falácia". "E por que não o efeito difusor da região Norte para a capital ?", questiona.
Enquanto isso, pede aos novos governantes com responsabilidade na matéria - o ministro Vieira da Silva e o secretário de Estado Fernando Medina - que verifiquem "com rigor" se as regras escritas pelo Governo anterior e os objectivos de Bruxelas na atribuição dos fundos estão de acordo. "Não tenho a certeza que estejam, mas também não posso garantir que não estejam", disse.
|JN|
Comentários
Por outro lado,por espantoso que pareça,o responsável da Comissão de Coordenação não tem possibilidade de controlar o cumprimento das regras de distribuição dos dinheiros. É o "come e cala-te". Se isto não é colonização a partir de Lisboa,então é o quê? Democracia?
Ora, assim sendo, percebe-se que a sua autonomia política e administrativa é, pouco mais que, nula.
Permita-me que o corrija; Com efeito, as CCDR's são instituições da chamada administração central concentrada, precisamente pelas condições tutelares das suas funções literalmente administrativas, mas nunca políticas. Estou em crer que, uma vez extintas pelo novo Ministro tutelar, a sociedade portuguesa não dava pela sua inexistência.
É ou não o nosso País um País muito rico? Claro que é.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)