A Regionalização teve o dom de unir nações que estavam em perigo de se extinguirem e mergulharem em guerras civis quase separatistas:
Espanha, Suíça, Itália, e tantas outras nações, hoje já não existiriam, tal como as conhecemos, se não fossem regionalizadas.
Mesmo a Madeira e os Açores, se não fossem autónomos, já tinham certamente declarado independência há décadas.
Se acha mesmo que em Portugal Continental a regionalização iria "desmantelar o país", pense bem: seríamos caso único no Mundo, provavelmente, ao dizer que a Regionalização põe em perigo a unidade nacional.
Será que alguém está à espera que o Algarve ou Trás-os-Montes a declarem independência? Isso é um receio completamente infundado.
Assim como não é verdade que Portugal seja um país anti-regional. Se dermos uma vista de olhos pelos livros dos geógrafos portugueses, é fácil ver o que eles acham sobre o assunto. Aconselho especialmente Amorim Girão, e a sua obra "Geografia de Portugal".
Essa posição de "orgulhosamente sós" que os que dizem que Portugal é o único país anti-regional da Europa apregoam, já nós assumimos há muitas décadas. E não tem dado bom resultado...
Portugal tem um problema crónico de subdesenvolvimento que é mais regional que nacional. Hoje, o retrato das regiões de Portugal parece o retrato da sociedade do Antigo Egipto: uma pirâmide com as classes de tal maneira vincada, onde se distinguem claramente os beneficiados e os desfavorecidos, em termos regionais, com o facto de Portugal estar "orgulhosamente só" na defesa do centralismo. A tal pirâmide, metáfora da distribuição do investimento e da riqueza nacional, tem contornos óbvios:
Tal como na sociedade egípcia, no actual estado de centralismo a progressão entre classes é muito difícil: as regiões do Interior não conseguem atingir os níveis de desenvolvimento do Litoral, este não consegue atingir os níveis de desenvolvimento das áreas metropolitanas, o Porto está estagnado, e Lisboa cada vez mais se afirma no topo da pirâmide, claramente beneficiada com a situação em questão, e com ajudas europeias que, embora sejam destinadas aos países da "base da pirâmide" (que necessitam deles para melhorar linhas ferroviárias e estradas, construir hospitais e universidades, promover o turismo, a indústria e a agricultura), são na realidade entregues ao seu topo (quer através de mega-investimentos como a 3ª travessia do Tejo, o aeroporto de Alcochete ou a 3ª auto-estrada Lisboa-Porto, quer através de investimentos localizados como a Frente Ribeirinha de Lisboa, a expansão do metro de Lisboa, ou as sucessivas candidaturas da capital a tudo o que é evento internacional).
É esta a situação que temos em Portugal. É com ela que queremos continuar, no futuro?
É que, se a resposta for afirmativa, estou muito preocupado com o futuro da minha, da nossa pátria. Portugal tem de se desencravar deste subdesenvolvimento para ter credibilidade e atractividade perante a Europa e o Mundo. E só o conseguirá se resolver os seus problemas estruturais. E o maior problema estrutural de Portugal é, sem dúvida, a existência de enormes assimetrias regionais, da tal "pirâmide", porque a existência destes problemas é a causa para a maioria dos outros.
Se estes problemas se prolongarem por muito tempo, aí sim, temos a nossa unidade nacional em perigo, pois cada vez mais portugueses defenderão a anexação por Espanha, e cada vez mais pessoas, particularmente das regiões do norte do país, defenderão o rompimento das relações com Lisboa para se ligarem a uma Galiza bem mais desenvolvida que a maioria das regiões de Portugal. Porque podemos dar como certo que as pessoas, por muito que sejam patriotas, e tenho a certeza que o são, preferem ver o desenvolvimento chegar e ter os seus impostos aplicados em seu proveito, do que continuar passivamente a ver o trabalho que têm, o dinheiro que entregam ao Estado, ser utilizado em proveito de outros.
De uma coisa estou certo: não é isto que quero para a minha pátria, Portugal. Por isso defendo a Regionalização como contributo para atenuar e, se possível, eliminar as assimetrias regionais.
Afonso Miguel
Espanha, Suíça, Itália, e tantas outras nações, hoje já não existiriam, tal como as conhecemos, se não fossem regionalizadas.
Mesmo a Madeira e os Açores, se não fossem autónomos, já tinham certamente declarado independência há décadas.
Se acha mesmo que em Portugal Continental a regionalização iria "desmantelar o país", pense bem: seríamos caso único no Mundo, provavelmente, ao dizer que a Regionalização põe em perigo a unidade nacional.
Será que alguém está à espera que o Algarve ou Trás-os-Montes a declarem independência? Isso é um receio completamente infundado.
Assim como não é verdade que Portugal seja um país anti-regional. Se dermos uma vista de olhos pelos livros dos geógrafos portugueses, é fácil ver o que eles acham sobre o assunto. Aconselho especialmente Amorim Girão, e a sua obra "Geografia de Portugal".
Essa posição de "orgulhosamente sós" que os que dizem que Portugal é o único país anti-regional da Europa apregoam, já nós assumimos há muitas décadas. E não tem dado bom resultado...
Portugal tem um problema crónico de subdesenvolvimento que é mais regional que nacional. Hoje, o retrato das regiões de Portugal parece o retrato da sociedade do Antigo Egipto: uma pirâmide com as classes de tal maneira vincada, onde se distinguem claramente os beneficiados e os desfavorecidos, em termos regionais, com o facto de Portugal estar "orgulhosamente só" na defesa do centralismo. A tal pirâmide, metáfora da distribuição do investimento e da riqueza nacional, tem contornos óbvios:
Lisboa
P o r t o
Restante Litoral
R e g i õ e s do I n t e r i o r
P o r t o
Restante Litoral
R e g i õ e s do I n t e r i o r
Tal como na sociedade egípcia, no actual estado de centralismo a progressão entre classes é muito difícil: as regiões do Interior não conseguem atingir os níveis de desenvolvimento do Litoral, este não consegue atingir os níveis de desenvolvimento das áreas metropolitanas, o Porto está estagnado, e Lisboa cada vez mais se afirma no topo da pirâmide, claramente beneficiada com a situação em questão, e com ajudas europeias que, embora sejam destinadas aos países da "base da pirâmide" (que necessitam deles para melhorar linhas ferroviárias e estradas, construir hospitais e universidades, promover o turismo, a indústria e a agricultura), são na realidade entregues ao seu topo (quer através de mega-investimentos como a 3ª travessia do Tejo, o aeroporto de Alcochete ou a 3ª auto-estrada Lisboa-Porto, quer através de investimentos localizados como a Frente Ribeirinha de Lisboa, a expansão do metro de Lisboa, ou as sucessivas candidaturas da capital a tudo o que é evento internacional).
É esta a situação que temos em Portugal. É com ela que queremos continuar, no futuro?
É que, se a resposta for afirmativa, estou muito preocupado com o futuro da minha, da nossa pátria. Portugal tem de se desencravar deste subdesenvolvimento para ter credibilidade e atractividade perante a Europa e o Mundo. E só o conseguirá se resolver os seus problemas estruturais. E o maior problema estrutural de Portugal é, sem dúvida, a existência de enormes assimetrias regionais, da tal "pirâmide", porque a existência destes problemas é a causa para a maioria dos outros.
Se estes problemas se prolongarem por muito tempo, aí sim, temos a nossa unidade nacional em perigo, pois cada vez mais portugueses defenderão a anexação por Espanha, e cada vez mais pessoas, particularmente das regiões do norte do país, defenderão o rompimento das relações com Lisboa para se ligarem a uma Galiza bem mais desenvolvida que a maioria das regiões de Portugal. Porque podemos dar como certo que as pessoas, por muito que sejam patriotas, e tenho a certeza que o são, preferem ver o desenvolvimento chegar e ter os seus impostos aplicados em seu proveito, do que continuar passivamente a ver o trabalho que têm, o dinheiro que entregam ao Estado, ser utilizado em proveito de outros.
De uma coisa estou certo: não é isto que quero para a minha pátria, Portugal. Por isso defendo a Regionalização como contributo para atenuar e, se possível, eliminar as assimetrias regionais.
Afonso Miguel
Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Em termos políticos, não haverá outra saída para a resolução dos problemas graves que enfrentamos não só hoje mas há décadas.
Para tal, é necessário aumentar a produção de riqueza nacional e felicito que teve a ousadia de mandar para a Terra Nova os c´bacalhoeiros portugueses para iniciar uma faina esquecida e desprezada durante muitos anos recentes, de forma a dinamizar uma actividade económica que tem sido marginalizada na sua função de factor d eprodução e de contributo importante para o crescimento econõmico; a mesma estratégia terá de ser seguida relativamente a outros sectores de actividade marginalizados em benefício do patético "dinamismo de auto-estrada", entre os quais: a agricultura, a construção e reparação naval, o transporte marítimo de mercadorias e passageiros (turismo) e a revitalização (recapitalização da indústria, também extensiva a muitas outras actividades, entre as quais a financeira ou bancária).
Também sem isto, nada feito.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)