Discriminação

(artigo de 1998)

Não tenhamos dúvidas. Se quisermos o desenvolvimento da Guarda e da região a que chamamos de Beira Interior, temos de unir esforços e sermos nós próprios os agentes do progresso. Têm faltado iniciativas, e das que vão surgindo muitas ficam pelo caminho por falta de grupos de pressão junto dos poderes centrais.

O interior do país não beneficiou dos apoios comunitários a que tinha direito.

Muitos programas e medidas de desenvolvimento, passaram-nos totalmente ao lado, uma vez que nem sequer eram divulgados e muito menos estimulados. Muitas candidaturas nem sequer passaram de Coimbra.

Os centros de decisão continuam muito longe e até agora pouco empenhados no desenvolvimento harmonioso do país.

É por estas e por outras que defendo a Regionalização, desde que bem feita e eficaz.

Tenho pena que muitas pessoas empenhadas no desenvolvimento destas terras da Beira estejam contra a Regionalização mais por razões de ordem político-partidária do que por falta de interesse pela sua terra.

As razões apresentadas por pessoas empenhadas no desenvolvimento, como Álvaro Amaro, Soares Gomes e tantos outros, refundo a minha leitura, são mais de forma do que de fundo.

São as delimitações, a distribuição dos órgãos regionais, são as despesas, são as assimetrias culturais e económicas que dividem os beirões?

Penso, todavia, que os interesses que nos devem unir, designadamente o desenvolvimento do interior do país, se devem sobrepor às razões menores que nos dividem.

Quando pegarmos no rol das discriminações a que o interior tem estado sujeito encontraremos outras tantas razões para defendermos a Regionalização.

(...)

Virgílio Mendes Ardérius

Editorial

Terras da Beira (Guarda, Beira Interior), 01/10/1998

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalsitas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Se alguém tomar a iniciativa de consultar os autarcas dos municípios para além do meridiano central, de certeza que verificará que nenhum dirá que não sente discriminação política em relação aos situados aquém do mesmo meridiano e em relação aos da região de Lisboa e mesmo do Porto.
Assim sendo, não se pode compreender como é que muitos ainda colocam reservas a uma descentralização política baseada na regionalização, mesmo de natureza administrativa. Outros porém, colocam-se a favor, mas ainda revelam alguma desconfiança em relação ao projecto político descentralizador, propondo certas condições que não são favoráveis à criação de um movimento das populações consciente e mobilizador, factores essenciais para a sua implementação rápida e eficaz, no sentido do desenvolvimento.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Este post merece-me um desabafo...

Estas declarações são uma lástima.

Parecem as daqueles três da vida airada do Plano Inclinado do Crespo na SIC N - só falta declarar a data do funeral da pátria. O moderador só atiça e eles vão logo a correr... de dentes afiados.

Lisboa, Lisboa, poder central, poder de Lisboa... Nós é que resolvemos tudo e bem. Nós é que somos capazes!...

Quando todos sabemos que a nível local e distrital anda tudo à tareia por tachos, por honras, por notoriedade balofa, a empurrarem-se uns aos outros, a acusarem-se mutuamente das piores coisas, ambiente atomizado, "tiros" para aqui e para ali, todos de costas viradas uns para os outros, imprensa local ao serviço deste ou daquele grupo, à tareia dentro dos partidos, todos a porem-se nos bicos dos pés, acusam-se das piores coisas, detestam-se e

pior ainda, não sabem, ma maior parte dos casos fazer coisa nenhuma, falam dos poleiros facultados pelos partidos e amigos relacionados.

Quando lhes perguntam: o quê? Para quê? Como? Quanto custa? Como se paga? Como se rentabiliza? Como se mantém?

Pois é, não sabem - aos que sabem armaram-lhes há muito emboscadas..


a nível local endividaram as câmaras com obras, a maior parte das quais não têm rentabilidade para as despesas de sua manutenção, outras só fachada para ganhar votos.

É sobre o estado actual dos partidos que devemos abrir fogo, meus senhores, para que os grupos terroristas contra a democracia sejam denunciados, desmascarados e sejam corridos, nem que seja a pontapé.

Torná-los espaços agradáveis para estar, onde se discuta política, se promova a cultura, debates, mov. associativo bom e muitas manifestações de arte, para que estes choramingas possam conversar uns com os outros em espaços públicos e estabelecerem solidariedades onde seja possível.

A regionalização é a reivindicação deste tipo de gente, salvaguardando os que a defendem sem interesses que não seja o do país, que também os há.

São bandos épicos, vários em cada cidade e distrito, que perderam de vista a dimensão nacional da política, do seu papel como cidadão, como aquele colaborador de uma empresa, bem remunerado, que diz que trabalha para o patrão, em vez de trabalhar para a empresa, dando à sua actividade uma dimensão social.

Choramingas, só sabem dizer mal, denegrir o país e o povo que os alimenta, estão-se nas tintas para o bem colectivo. O que os mobiliza é o poder, a grande empresa chamada Estado, é esse esbulho que os faz correr,

Porque a coisa está muito feia, muito feia, mas...

(não conheço o autor do artigo e este comentário não o visa pessoalmente)

sabem muito bem que elegeram hipócritas para os cargos, continuarão a elegê-los, a fazer bando com eles às vezes por um prato de lentilhas, porque este mal é transversal na sociedade, não está circunscrito a uma classe.

E assassinam carreiras de cidadãos de valor, correm com eles, dizem que eles são oportunistas, carreiristas, ou que não prestam, porque não são do seu grupo que o pode levar a uma bela cadeira, a um emprego para o filho, para a filha, para a esposa.

Etc., etc., coisas da vida real local por este país fora, onde diariamente violam a Constituição, entram em caldinhos, em grupinhos, são estes comportamentos miseráveis...
Anónimo disse…
Caro Templário,

Deu um retrato perfeito do que se passa e continuará a passar, infelizmente, ao nível do poder central, situado na área geográfica precisa onde reside.
Bons proveitos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (smpre com ponto final)